A notícia não é única e são às centenas as grandes marcas pelo mundo que têm as suas fábricas de produção sediadas na China devido ao baixo custo de mão-de-obra, quase sempre associado a condições desumanas.
Agora a acusação recai sobre a Apple por parte da China Labor Watch que divulgou um relatório onde revela em que condições são produzidos os “iGadgets”, vendidos a preço de ouro no mercado.
A China Labor Watch é uma ONG que luta pelos direitos humanos dos trabalhadores chineses e que tem vindo a desenvolver um trabalho essencial no que toca à denuncia da condições que muitas fábricas do país, a grande maioria, sujeitam os seus trabalhadores.
Um do mais recentes relatos de péssimas condições de trabalho coloca a Apple como uma das grandes empresas que continua a financiar este tipo de exploração, de quase escravidão. O caso vem da Pegatron, uma das suas fornecedoras.
Esta empresa foi uma das que produziu o novo iPhone 6s e os milhares de smartphones chegaram ao mercado por um preço a rondar os 700 euros a unidade graças a trabalho ilegal.
Os trabalhadores desta empresa, muitos deles menores, foram obrigados a trabalhar 6 dias por semana em turnos de 12 horas, muitas vezes sem direito a descanso ou pausas para refeições. Para este trabalho é dada uma remuneração monetária de cerca de 318 dólares por mês (equivalente a 10,5 horas de trabalho por dia) e a maioria das horas-extra fica por pagar.
Associado a este trabalho miserável, estão as condições de alojamento dos trabalhadores, igualmente miseráveis. Estas pessoas são albergadas em dormitórios onde têm que caber cerca de 16 pessoas, onde a humidade e o bolor são a decoração das paredes que se alastra a cada dia. Os insectos são outro dos problemas, estão instalados nos dormitórios e deixam os trabalhadores cheios de picadas.
Em Setembro de 2014, Tim Cook revelou numa entrevista que um dos valores mais importantes para a Apple era “tratar as pessoas com dignidade […] já que todas merecem um nível básico de direitos humanos, independentemente da sua cor, religião, orientação sexual, ou independentemente do seu sexo. Todas as pessoas merecem respeito“.
Apesar destas bonitas palavras, a realidade encontra-se numa zona muito mais obscura daquilo que são os direitos humanos. No total, são 20 as violações dos direitos do trabalho éticos e legais: continuam a persistir os salários baixos, as longas horas seguidas de trabalho, o trabalho não remunerado, falta de medidas de segurança e condições de vida desprezíveis.
Apesar de tudo, a CLW reconhece que existem algumas (poucas) melhorias nos últimos anos relativamente às condições de trabalho no país, nomeadamente, a redução da média de horas de trabalho de 63 para 60 horas semanais.
Fonte: China Labor Watch