Muitas imagens que conhecemos dos planetas e das estrelas por vezes são representações gráficas baseadas nos dados recolhidos… mas sem certezas. Com o passar dos anos, e depois das missões espaciais passarem “perto” dos corpos celestes, as imagens que nos foram mostradas podem de facto nada ter a ver com a realidade.
A sonda Juno, desde que começou a orbitar o gigante gasoso, em julho de 2016, deu a conhecer observações iniciais de Júpiter “de tirar o fôlego”, como anunciaram os cientistas da NASA no primeiro comunicado sobre os resultados iniciais da missão.
São imagens novas, reveladoras de uma ignorância que se desconhecia sobre este planeta. Estas imagens dão conta de algumas verdades surpreendentes deste gigante gasoso. Uma das primeiras descobertas surgiu das imagens ovais que apareciam na superfície do planeta. Os investigadores descobriram que se tratavam de ciclones de 1400 km de extensão e alguns com cerca de 100 km de altura.
Estamos a ver que várias das nossas ideias estão incorretas e são até mesmo ingénuas.
Palavras de Scott J. Bolton, investigador responsável pela Missão Juno numa conferência da NASA.
Os cientistas afirmaram também que o que mais os deixou perplexos até agora foram as gigantescas “tempestades” registadas nos polos do planeta.
Pense em muitos furacões, cada um do tamanho da Terra, todos tão espremidos uns contra os outros que chegam a tocar-se.
A sonda Juno chegou a Júpiter em 4 de julho do ano passado. Desde então, Juno tem-se aproximado do planeta gasoso a cada 53 dias. Segundo a equipa da NASA, a sonda está a mostrar um “Júpiter totalmente novo”, muito diferente da forma como os cientistas descreviam o planeta até agora.
As outras sondas que visitaram Júpiter fizeram observações muito distantes a fim de evitar a intensa radiação das partículas do Sol que ficam presas no campo magnético de Júpiter.
Esta realidade, que foi transmitida por John Leif Jørgensen, da Universidade Técnica da Dinamarca, revela que os dados mostrados no passado careciam de muito mais investigação. A equipa da NASA diz que o que se sabia previamente sobre Júpiter está agora a ser revisto com base nas novas descobertas.
Os grandes ciclones que cobrem as altas latitudes do planeta só agora estão a ser vistos em detalhe, porque as missões anteriores nunca conseguiram realmente olhar o planeta por cima e por baixo, como Juno tem conseguido – e, certamente, nenhuma teve resolução tão elevada. Por esse facto, é possível discernir características com dimensão de 50 km.
Tudo isto é possível porque a Juno, que foi concebida para fugir destas radiações voando abaixo dos principais cinturões de radiação, consegue chegar muito mais perto e entregar um mapa bastante detalhado do campo magnético.
Há agora novas imagens que revelam que as estruturas são muito diferentes daquelas encontradas nos polos de Saturno, por exemplo, e as razões desse padrão ainda não são compreendidas.
Além das imagens que descobriram uma atividade desconhecida em Jupiter, foi também revelada outra surpresa que vem do Radiómetro de Micro-ondas (MWR na sigla em inglês) da Juno. Este aparelho, que detecta o comportamento abaixo da superfície de nuvens, indica que há presença de uma ampla faixa de amoníaco que vai do topo da atmosfera até à maior profundeza que se pode detetar – pelo menos 350 km para baixo. Esta faixa de amoníaco poderá fazer parte de um grande sistema de circulação.
Há, contudo, informações detetadas pelo MWR que dão conta que o amoníaco em latitudes maiores pode ser muito mais variável.
O que isso nos está a dizer é que Júpiter não está muito definido por dentro. Está completamente errada a ideia de que, uma vez que consigamos ir além da luz solar, tudo será uniforme e tedioso. A realidade pode ser muito diferente dependendo de onde olhamos.
Referiu Bolton.
Espera-se que Juno continue a sua missão científica primária em torno de Júpiter até julho de 2018, durante a qual completará 12 voos em torno do planeta. Uma falha com uma das suas válvulas originou a impossibilidade de entrar numa órbita menor em torno de Júpiter, o que teria aumentado o número de voos para 37 num tempo mais curto, até fevereiro de 2018.
Via iflscience
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