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Há reclusos a usar telemóveis e redes sociais nas prisões

Só em 2013 foram apreendidos 1.222 telemóveis na posse de reclusos portugueses

As tecnologias  continuam a alterar o mundo como o conhecemos. A comunicação tornou-se facilitada e, com as redes sociais, praticamente sabemos tudo sobre várias pessoas.

No entanto… estes pequenos prazeres deveriam estar limitados ou mesmo proibidos a quem comete algum crime e vê a sua liberdade condicionada. Mas tudo indica que há dezenas de reclusos a usar telemoveis e publicar nas suas redes sociais.

Segundo o Diário de Notícias, dezenas de reclusos portugueses utilizam telemóveis, dentro das prisões, para manter contacto com os outros e publicam mesmo fotografias no Facebook.

Esta situação acontece devido à falta de elementos fiscalizadores que possam condicionar esta utilização e, desta forma, os presos aproveitam para usar, de forma mais desafogada, os seus dispositivos móveis e partilham conteúdos nas redes sociais.

Este é um comportamento proibido nas cadeias, no entanto, existem diversas páginas no Facebook de reclusos portugueses que são constantemente actualizadas com publicações dos mesmos… a partir das suas celas! Muitos desses reclusos estão a cumprir penas de longa duração devido a crimes considerados graves.

Muitas das fotografias partilhadas demonstram os reclusos em momentos de lazer, a fumar drogas leves ou a mostrarem os seus dotes físicos. Para além de serem partilhadas, as publicações são ainda comentadas pelos amigos/familiares dos presos no Facebook.

Um desses casos é o de um homicida condenado a 17 anos de prisão por um crime cometido aos 18 anos. O preso terá escrito no seu Facebook: “aconteça o que acontecer eu estou aqui firme”, respondendo a um amigo. As fotografias, tiradas a partir da cadeia de Custóias no Porto, estão publicadas e podem ser vistas por qualquer pessoa.

Exemplo de presos a publicarem no seu Facebook no Brasil

Outro caso é um recluso, condenado a 21 anos de prisão no âmbito do processo Noite Branca, e que actualiza recorrentemente a sua página do Facebook com fotos na prisão.

Sindicato da Guarda Prisional pede novas regras para proibição de telemóveis nas cadeias

O Sindicato Nacional do Corpo da Guarda Prisional (SNCGP) diz estar atento a estas situações mas reconhece que são difícis de combater devido à falta de efectivos que fiscalizem a utilização destes equipamentos.

Numa situação, o guardas conseguiram detectar um dos presos e, após revistarem a sua cela revelam que “além do smartphone, até um hotspot tinha”, indica Jorge  Alves, presidente do SNCGP.

Desta forma, o Sindicato voltou hoje a reivindicar a urgência de novas regras para reforçar o controlo das visitas nos estabelecimentos prisionais e impedir, assim, que os reclusos tenham acesso a telemóveis.

À agência lusa, Jorge Alves afirma ser  lamentável” que reclusos tenham telemóveis nas cadeias e salientou a insistência junto da Direção-Geral de Reinserção e Serviços Prisionais e do Ministério da Justiça, para “uma nova regulamentação”.

O presidente do Sindicato refere que o problema está no controlo das visitas uma vez que têm sido detetados telemóveis “nas sapatilhas, nos tacões de botas de senhora e até dentro de televisões plasmas e consolas de videojogos destinados a reclusos”.

Salienta a falta de controlo na detecção e ainda uma necessidade de formação dos guardas prisionais, para a fiscalização e inspeção, afirmando que há “muita gente a entrar nas cadeias, como técnicos de saúde e funcionários da cozinha”.

Jorge Alves reconhece ainda que a introdução do sistema de cabina, que permite 5 minutos diários aos reclusos, pode ter sido outro faclitador para a existência de telemóveis nas prisões.

Adianta também que, em 2009, foi apresentada proposta à então Direção-Geral dos Serviços Prisionais de um sistema de uma empresa brasileira, que consistia em cortar todos os sinais de telemóvel dentro de um estabelecimento prisional, criando a exceção dos aparelhos do director da prisão e do chefe do corpo de guardas. Esse sistema não foi, no entanto, implementado.

Segundo o Relatório Anual de Segurança Interna (RASI), em 2013 foram apreendidos 1.222 telemóveis na posse de reclusos, mais 11 do que no ano anterior.

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