O criador da plataforma Football Leaks, Rui Pinto, admitiu hoje que não voltaria a fazer aquilo que fez, face aos custos sofridos a nível pessoal com todo o processo, assumindo ter a vida “de pernas para o ar”.
Rui Pinto admitiu também ter dado informações à Ucrânia sobre a Rússia.
Rui Pinto: Temos entregado informação aos serviços de inteligência ucranianos
A prestar declarações ao coletivo de juízes pela primeira vez desde o arranque do julgamento, Rui Pinto reconheceu que “foram cometidos erros” no projeto Football Leaks, embora tenha enfatizado os “grandes benefícios” para a sociedade com a revelação de “informação que de outra maneira não teria sido conhecida”.
O criador da plataforma, que expôs muitos documentos ligados a clubes de futebol portugueses e internacionais, lembrou também a sua colaboração com as autoridades, nomeadamente as autoridades francesas, sem deixar de atirar críticas aos principais escritórios de advogados, que apelidou de “arquitetos dos maiores esquemas de branqueamento e fraude fiscal” e criticou o uso de sigilo entre cliente e advogado para proteção da prática de crimes, revela a Lusa.
Rui Pinto assumiu também a sua contribuição para o lado ucraniano na guerra com a Rússia numa vertente tecnológica.
Temos entregado informação aos serviços de inteligência ucranianos. Temos feito análise de imagens de vigilância em sítios estratégicos e também a interceção de comunicações rádio utilizadas pelo exército russo. Tudo isto é ‘open source intelligence’. Como disse um soldado ucraniano, ‘A nossa sorte é eles serem muito estúpidos’
O criador do Football Leaks encontra-se em liberdade desde 07 de agosto de 2020, “devido à sua colaboração” com a Polícia Judiciária (PJ) e ao seu “sentido crítico”, mas está, por questões de segurança, inserido no programa de proteção de testemunhas em local não revelado e sob proteção policial. O advogado de Rui Pinto revelou hoje que este foi constituído arguido noutro processo.