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Gestores tendem a acreditar que funcionários são máquinas de produtividade no escritório

Falamos, mais uma vez, de teletrabalho e das duas faces da moeda: a dos funcionários e a dos empresários. De acordo com este psicólogo, os gestores tendem a achar que a presença no escritório funciona como elixir da produtividade.


Se durante a pandemia o teletrabalho era uma necessidade, agora, é visto como uma vantagem a favor das empresas que o adotam. Já conferimos, várias vezes, que há funcionários que não querem voltar ao escritório, procurando desempenhar as suas funções a partir de casa, assim como há empresários que exigem o regresso.

O desfasamento de perceções entre gestores e funcionários é claro, tornando-se esta uma questão altamente subjetiva. Se por um lado os trabalhadores admitem sentir-se muito mais produtivos quando não perdem tempo nas deslocações para o trabalho ou quando não estão rodeados pelo ruído de um escritório, por outro, os chefes acreditam que, em casa, a produtividade se perde.

 

O “teatro da produtividade” que a obrigação de ir ao escritório encena para os gestores

A desconexão entre as duas partes motivou Tomas Chamorro-Premuzic a analisar exaustivamente o tema. Este psicólogo é conhecido como terapeuta organizacional, trabalhando principalmente nas áreas do perfil de personalidade, análise de pessoas, identificação de talentos, interface entre inteligência humana e artificial, e desenvolvimento de liderança.

Ponderando os aspetos negativos e positivos do teletrabalho para a relação entre um funcionário e o seu patrão, o especialista chegou a algumas conclusões:

De facto, os estudos indicam que a confiança é geralmente mais difícil de obter quando se trabalha a partir de casa, até porque os gestores, tal como os humanos em geral, têm uma tendência pouco saudável para acreditar ou confiar mais no que veem, mesmo quando as aparências podem ser enganadoras. “Se não estou a ver, não acredito.”

Explicou, acrescentando que “o facto de o trabalho à distância poder torná-lo mais produtivo não significa automaticamente que o seu chefe confia em si”.

Tomas Chamorro-Premuzic, psicólogo conhecido pelo trabalho na terapia organizacional

Além disso, partilhou que “mesmo antes da pandemia, os gestores tinham uma tendência conhecida para desconfiar dos empregados que trabalhavam a partir de casa”.

Há um paradoxo óbvio subjacente à crença (partilhada por muitos gestores) de que os mesmos funcionários que estão, supostamente, demasiado desmotivados ou desligados para serem produtivos quando trabalham em casa se tornarão, de alguma forma, máquinas de produtividade super entusiasmadas porque são obrigados a ir para o escritório.

O psicólogo Tomas Chamorro-Premuzic explicou que os gestores sentem a ilusão de que a sua presença pode ter um efeito magicamente motivador nas suas equipas. Paralelamente, os trabalhadores que não têm uma carga horária de 8 horas e objetivos bem definidos podem sentir que, sem o escritório, é mais difícil fingir que trabalham.

Aliás, as idas ao escritório resultam naquilo a que Chamorro-Premuzic chamou de “teatro da produtividade”. Este pressupõe que o funcionário se força a parecer ocupado, quando não há uma carga de trabalho significativa.

 

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