O FBI colocou o ónus da responsabilidade do deslindar do caso de terrorismo de San Bernardino na Apple, para esta permitir o acesso à informação do iPhone 5C do terrorista sírio Rizwan Farook. Mas os especialistas dizem que muito provavelmente o FBI tem como o fazer sozinho.
Porque não entrou já em acção a NSA? Há uma razão muito simples para isso!
Especialistas em segurança dizem que existem muitas formas do FBI ter acesso ao iPhone 5C, que está no centro da contenda entre a Apple e o governo dos Estados Unidos.
Os investigadores do FBI dizem que a Apple pode criar uma backdoor para desactivar os processos de segurança do iOS que lhes permita efectuar as devidas tentativas de acesso ao dispositivo.
Mas os especialistas em segurança dizem que há muito mais caminho a percorrer que esse método de “atacar” o sistema com um software que ainda nem existe (segundo a Apple). Esta teimosia do FBI dá ideia que há mais intenções por trás que propriamente esta acção legal que o mundo segue atentamente.
A Apple não quer abrir este precedente, pois pela porta por onde os agentes querem entrar, também poderão entrar hackers, colocando em causa todo um ecossistema da empresa de Cupertino.
Mas como pode o FBI ter acesso ao iPhone sem a Apple ajudar?
Alguns especialistas argumentam que o FBI deve solicitar ajuda à Agência de Segurança Nacional. Estes dizem que, sendo a NSA a agência de espionagem com mais recursos na Terra, a que emprega legiões de hackers e que quase decerto consegue invadir todo e qualquer sistema de computação por mais seguro que seja, deveria intervir.
Mas, num depoimento ao Congresso na terça-feira passada, uma especialista de ciber segurança do Worcester Polytechnic Institute, Susan Landau, disse que a NSA está relutante em ajudar o FBI, uma vez que as habilidades secretas de hacking da agência poderiam tornar-se públicas quando expostas a público em tribunal.
E o método chinês?
Jonathan Zdziarski, um investigador de ciber segurança, acha estranho o FBI não ter ainda usado um método tão simples.
Como já foi visto há uns meses, nas ruas das cidades chinesas, existe uma forma de aumentar, de modo não “oficial”, a memória dos iPhones. Um software copia todo o conteúdo de dados da memória do iPhone para um disco do computador, é substituída a memória de 16GB original do iPhone, coloca uma nova de 128GB e copiado de novo o conteúdo dos dados do disco do computador para o iPhone, ficando tudo a funcionar.
Se o FBI utilizasse este sistema, poderia criar várias cópias e testar muitas palavras passe até conseguir acertar. Dizem os entendidos que há umas 200 que são as mais simples que provavelmente poderiam limitar a combinação escolhida.
Depois, utilizando algumas das vulnerabilidades do iOS, que vão aparecendo constantemente, poderiam criar os tais buracos e testar em cada uma destas cópias. A Apple disponibiliza publicamente essas vulnerabilidades, após investigação e correcção das mesmas, para que as pessoas percebam que há um trabalho constante, mas que há igualmente falhas que vão aparecendo.
Mas então o que está aqui em causa?
Jay Edelson, advogado especialista em processos ligados a empresas de tecnologia (como a Apple ou a Google) refere que o FBI escolheu este caso para marcar pontos políticos e não para “hackear iPhones”, até porque isso não é muito difícil.