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EUA não conseguem abater o balão espião chinês porquê?

Por vezes, entre a alta tecnologia e as armas mais básicas, há uma zona de fragilidade que poderá estar a ser utilizada pelos chineses. Segundo parece, os americanos não conseguem abater este balão supostamente espião da China.


Ontem, um ‘balão espião’ chinês entrou no espaço aéreo dos Estados Unidos e deixou os americanos num estado de nervos. Isto porque… nada podem fazer para o derrubar!

Pois bem, é apenas um balão, mas a sua passagem pelo norte continental dos Estados Unidos está a causar uma grande preocupação entre políticos, militares e público em geral. Apesar de não ser a primeira vez que um caso como este ocorre, a verdade é que levantou agora novos alertas, até porque desta vez, o balão foi visto do solo em algumas cidades, como Billings, em Montana.

 

Balão da China será mesmo espião?

Apesar de ser uma espécie de balão meteorológico, as suas fragilidades tornam-se grandes potencialidades. O especialista e ex-aviador naval Brynn Tannehill explicou isso num tópico muito interessante no Twitter. Basicamente o problema não é a falta de disponibilidade de armas, que não faltam no arsenal americano, o problema são as capacidades dessas armas para abater algo que… desconhecem!!!

O especialista explicou que a primeira coisa a ter em conta é a altitude que pode atingir este tipo de balão, que é capaz de voar a mais de 27.000 metros de altitude. Hoje não há aeronaves capazes de alcançá-los. Sim, não vamos esquecer que o Lockheed U-2 (que não possui armas) tem um teto de serviço de pouco mais de 80.000 pés. Enquanto o mítico SR-71 Blackbird atingiu 26.000 metros. Portanto, nenhum destes consegue fazer seja o que for para abater o balão.

Outro dado curioso explicado pelo especialista é que nem mesmo um F-22 Raptor – que chega a 20 mil metros acima do nível do mar – seria capaz de intercetar o balão espião chinês. E mesmo que operasse na maior altitude possível, as suas armas não seriam capazes de alcançá-lo por causa da diferença de altura entre si. E também não seria possível lançar mísseis ar-ar como o AIM-9X Sidewinder ou o AIM-120 AMRAAM.

Lembre-se, estamos a falar num balão, não tem uma assinatura de calor! Ora como é explicado no tópico, os Sidewinders são mísseis de rastreio infravermelho, comummente conhecidos como “perseguidores de calor”; enquanto os AMRAAMs são guiados por radar.

Como o balão espião chinês não emite um sinal de calor e é praticamente impercetível nas nuvens e no vento, estas armas não podem “vê-lo” para fixar a mira e disparar sobre ele. Além disso, no caso específico do AIM-120, o ex-aviador refere que o míssil não está preparado para voar a uma altitude superior a 27.000 metros. Se tentasse lá chegar, as suas superfícies de controlo seriam danificadas.

 

E por que não tentar abatê-lo a partir do solo?

Também não é uma opção viável, de acordo com Tannehill. Nem mesmo recorrendo aos mísseis terra-ar de longo alcance como o MIM-104 Patriot.

[Os Patriots] podem derrubar coisas em grandes altitudes, mas, novamente, eles não foram feitos para atingir objetos que não tenham movimento em relação ao vento.

Explicou o ex-aviador naval Brynn Tannehill.

 

E não haverá nada que o possa destruir?

Bom, não se conhece tudo o que os EUA têm “em mãos”, mas mesmo que tivessem forma de atacar este balão, que está a passar por cima das cidades americanas, outros perigos eram levantados. Onde poderão cair os seus restos, caso tenham sucesso?

Conforme referido atrás, apesar de as condições atuais impossibilitarem o abate do equipamento que sobrevoa o norte dos Estados Unidos, não há como determinar para onde as suas peças se espalhariam caso a sua altura diminuísse e fosse possível atingi-lo. Isso representaria um sério risco, especialmente em áreas povoadas.

O balão quase não representa risco para as pessoas no solo. Projéteis de canhão de 20 mm e mísseis AIM-120 que erram (ou atravessam) o globo representam um risco não trivial para os civis no solo. Não há necessidade de tornar uma situação muito pior.

Disse Tannehill.

Por outro lado, o Pentágono garante que não é a primeira vez que balões deste tipo entram no espaço aéreo dos EUA. E não podemos esquecer que o uso de balões estratosféricos para missões de espionagem remonta, pelo menos, ao início da Guerra Fria, que até os próprios americanos os usaram para espionar a União Soviética.

Em resumo… há um balão que fez aumentar as tensões entre China e Estados Unidos. Contudo, a China desmente que seja um balão espião.

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