A Força Aérea dos EUA está a trabalhar num projecto para melhorar a comunicação de rádio em longas distâncias tendo em vista poder detonar bombas plasma na atmosfera superior recorrendo a uma frota de micro satélites e outra técnica que o vai deixar de boca aberta.
E se lhe disser que os Estados Unidos querem lançar grandes volumes de gás ionizado diretamente na ionosfera para fazer melhorar o sinal de rádio?
Mas para quê lançar um gás na ionosfera?
Desde os primeiros dias do rádio, sabemos que a recepção às vezes é melhor à noite. As estações de rádio que não podem ser captadas durante o dia, e que por vezes à noite conseguem-se captar e ouvir claramente, são transmissões de rádio que estão a ser emitidas a partir de centenas e centenas de quilómetros de distância.
Este valor deve-se às variações ocorridas na ionosfera, uma camada de partículas carregadas na atmosfera que começa por volta dos 60 km para cima. A curvatura da Terra anula a maioria dos sinais de rádio terrestres que viajam mais de 70 quilómetros sem um impulso.
Contudo, as ondas de rádio saltam entre o solo e a ionosfera conseguindo com este ziguezaguear atingir distâncias muito maiores. À noite, a densidade de partículas carregadas da ionosfera é mais elevada, tornando-se mais reflectora.
Mas poderá ser “reparada” a ionosfera?
A ideia está em conseguir melhorar as partículas da ionosfera para que esta mesmo durante o dia pudesse ter uma acção refletora mais eficiente.
Não é a primeira vez que se tentou “reparar a ionosfera” para tentar melhorar a comunicação de rádio e aumentar a gama de radar over-the-horizon. O projecto High Frequency Active Auroral Research Program (HAARP) (em português: Programa de Investigação de Aurora Activa de Alta Frequência) no Alasca, estimula a ionosfera com a radiação a partir de uma matriz de antenas terrestres para produzir plasma de reflexão de rádio.
Micro satélites CubeSats para transportar gás
Agora, a Força Aérea dos Estados Unidos quer melhorar ou reparar a ionosfera mas de forma eficiente. Estes estarão a projectar usar pequenas CubeSats, por exemplo, no transporte de grandes volumes de gás ionizado e depositado diretamente na ionosfera.
Além de aumentar a gama de sinais de rádio, a Força Aérea refere que quer suavizar os efeitos dos ventos solares, radiação que pode desligar todo o sistema GPS. Claro que está também incluída na investigação a possibilidade de bloquear a comunicação de satélites inimigos.
A parte técnica mais desafiadora passa por conseguir fabricar um gerador de plasma ionosférico tão pequeno que possa ser introduzido num CubeSat – que tem cerca de 10 centímetros cúbicos. Depois, há o problema de controlar exactamente como o plasma vai ser disperso após ter sido lançado na atmosfera.
Para este projecto a USAF concedeu já contratos a três equipas para esboçar formas de combater a abordagem. A melhor proposta será seleccionada para uma segunda fase em que os geradores de plasma serão testados em câmaras de vácuo e voos espaciais exploratórios.
Metal vaporizado
Um grupo de cientistas num laboratório de Souderton, Pensilvânia, está a trabalhar juntamente com investigadores da Universidade de Drexel, na Filadélfia, num método que envolve o uso de uma reação química para aquecer um pedaço de metal para lá do seu ponto de ebulição. O metal vaporizado irá reagir com o oxigénio atmosférico para produzir plasma.
Outra equipa, Enig Associates of Bethesda, no estado de Maryland, juntamente com investigadores da Universidade de Maryland, estão a trabalhar numa solução mais explosiva. A sua ideia é aquecer rapidamente um pedaço de metal ao fazer explodir uma pequena bomba e converter a energia da explosão em energia eléctrica.
Mas será que é ético e viável fazer estas acções?
Para já não é claro que todo este investimento caminhará para um solução de sucesso. Modificar a ionosfera ainda é uma universo de muitas questões por responder.
Estes são realmente os projectos em estágio inicial, que representam os limites da investigação do plasma para a alteração da ionosfera”
Referiu John Kline, que lidera o grupo de Engenharia de Plasma em Instrumentos de Apoio à Pesquisa em Hopewell, New Jersey.
Segundo o mesmo, gerar plasma em satélites tão pequenos poderá ser um desafio insuperável. Este sim será o maior dos maiores obstáculos.
E os ventos solares?
Neste projecto, pese o facto de haver uma “causa ambiental”, que é a neutralização dos ventos solares, há muitos especialistas que têm uma opinião muito céptica. É o caso de David Last, o ex-presidente da Royal Institute of Navigation do Reino Unido.
Ele refere que quando as tempestades solares perturbam os sinais de GPS, incidem sobretudo no lado da Terra que está virada para o Sol o que exigiria uma acção interventiva extremamente grande e rápida, parecendo-lhe à partida uma batalha perdida.
Parece, contudo, haver de facto uma acção mais militar que propriamente outra do foro “ambiental” ou de melhoramento das comunicações para fins civis.