Desde cedo que o governo dos Estados Unidos tem levantado algumas questões de segurança contra a empresa chinesa de drones DJI.
Num memorando emitido pela ICE, surgem agora acusações sobre as intenções da marca chinesa para os dados que recolhe. Estará a DJI a espiar para o governo chinês?
A DJI é hoje uma das principais fabricantes de drones, tendo no seu portefólio diversos tipos de drones utilizados em várias áreas. Desde as aeronaves mais comerciais às profissionais, a marca chinesa domina uma grande fatia do mercado.
Sendo esta empresa chinesa, há algum tempo que o governo dos Estados Unidos tem levantado algumas questões acerca destes drones. Depois de descobertas algumas vulnerabilidades que permitiam a terceiros aceder a alguns dados de voo, o governo americano proibiu o uso destes drones para fins militares. Como precaução, a Austrália também decidiu suspender temporariamente a utilização destas aeronaves.
Pouco tempo depois, a DJI respondeu a estes problemas com um novo “local data mode”, que permite fazer voos offline sem partilha de dados com terceiros.
ICE acusa DJI de espiar para o governo chinês
Num memorando lançado em agosto, o gabinete para a segurança interna, imigração e alfândega (ICE) de Los Angeles levantou a hipótese de a marca de drones DJI estar a espiar para o governo chinês, baseando-se em informações de uma fonte inserida no mercado dos sistemas de voo autónomo, que o ICE referiu como segura.
Para isso, a marca chinesa estaria a recolher dados sensíveis nos seus drones comerciais para identificar forças policiais, forças militares e infraestruturas. Esses dados seriam depois dados à inteligência chinesa que poderia planear e lançar mais facilmente um ataque físico ou cibernético a pontos-chave ou, numa atitude mais grave, partilhar com organizações terroristas. Além disso, refere também que o governo chinês pode estar a utilizar estes dados para ter vantagem no mercado, visto que consegue obter dados sobre quintas, instalações logísticas e empresas de outras áreas chave.
A provar este último argumento, o ICE deu o exemplo de uma família que comprou um drone da DJI para gerir a sua produção vinícola e que, pouco tempo depois, empresas chinesas começaram a comprar terrenos na mesma zona. O governo aponta esta coincidência à utilização da informação do drone adquirido em proveito das empresas chinesas.
A DJI já respondeu a este memorando, refutando as afirmações e referindo que são baseadas em falsas acusações. Além disso pediu à ICE que considerasse retirar esta acusação ou que corrigisse as afirmações sem fundamento. A DJI voltou a frisar que, com o novo modo implementado, a partilha dos dados de voo com os seus servidores é opcional, estando a escolha do lado do cliente.
Embora seja possível que a DJI utilize os dados que recolhe para outros fins, estas acusações carecem de provas mais específicas, podendo se considerar mais uma teoria de conspiração. Até ao momento, que seja conhecido, nenhuma autoridade dos Estados Unidos levantou uma investigação formal. No entanto, certa é a desconfiança do governo para com estes drones.