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“Dragon drones”: a mais recente arma da Ucrânia contra a Rússia

Numa guerra que se prolonga há mais de dois anos, o mundo tem conhecido métodos modernos para ataque e defesa, tirando partido da que existe atualmente. Os “dragon drones”, ou “drones dragão”, são a mais recente arma da Ucrânia contra a Rússia.


No sentido de se defender de uma invasão começada há mais de dois anos, a Ucrânia está a acrescentar armas incendiárias ao seu arsenal, incluindo drones que cospem fogo. Embora pouco conhecidos, estes dispositivos que lembram dragões podem “aterrorizar” as unidades russas, segundo os analistas citados pelo Al Jazeera.

Recentemente, o Ministério da Defesa ucraniano publicou vídeos na rede social X que mostram um drone a fazer chover o que parecia ser fogo sobre posições florestais que se presume estarem a esconder unidades russas. Contudo, tratava-se de metal derretido.

Na mesma publicação, o ministério refere que o “dragon drone” segue “em direção a Kharkiv”, a segunda maior cidade da Ucrânia, que tem sido alvo de repetidos bombardeamentos russos.

De acordo com os analistas, esta arma é uma introdução inovadora de uma arma antiga na estratégia de um exército ucraniano, que tem demonstrado a sua crescente proficiência na utilização de pequenos drones.

 

O que são “dragon drones”?

Os “dragon drones” transportam uma substância chamada termite. A mistura é feita de pó metálico – mais frequentemente alumínio – e óxido de ferro em pó ou ferrugem.

A termite não é explosiva, mas gera calor a temperaturas tão extremas – mais de 2200 graus Celsius – que queima e danifica quase todos os materiais – roupa, árvores e folhagem, até veículos militares. Pode inclusivamente queimar debaixo de água.

Utilizada em seres humanos, a termite pode ser fatal ou causar queimaduras graves e danos nos ossos. Além disso, pode provocar problemas respiratórios, bem como traumas psicológicos, nos sobreviventes.

Combinada com drones de alta precisão, capazes de contornar as defesas tradicionais, a arma torna-se “altamente eficaz” e “perigosa”, segundo a organização de defesa anti-guerra Action on Armed Violence (AOAV), com sede no Reino Unido.

Estes “dragon drones” tendem a voar baixo, uma vez que a termite é mais eficaz quando está em contacto próximo com o alvo.

Além de causarem danos significativos por si só, as armas estão também provavelmente a ajudar as unidades ucranianas em missões de reconhecimento: os analistas dizem que, com a cobertura de folhagem queimada, é provável que as ações de bombardeamento seguintes sejam mais precisas.

Embora estejam a ser usadas pela Ucrânia, as unidades russas também terão utilizado a substância. Foi possivelmente utilizada em março de 2023 em alvos civis na cidade de Vuhledar, no leste da Ucrânia, de acordo com a AOAV.

Acredita-se que alguns dos drones tenham sido desenvolvidos pela ucraniana Steel Hornets. As ofertas de termite da startup incluem uma arma ligeira que pode, segundo alega a empresa privada de sistemas de armas não tripuladas, queimar metal de 4 mm em menos de 10 segundos.

As Forças Armadas dos Estados Unidos também produzem granadas de termite, mas embora estes sejam os principais fornecedores de armas à Ucrânia, não é claro se fornecem armas que utilizam termite.

 

A substância usada nos “dragon drones” é legal?

Os efeitos destrutivos da termite são semelhantes aos de outras substâncias incendiárias, concebidas para causar danos por via de queimaduras ou lesões respiratórias.

Apesar de não ser ilegal utilizar armas como os “dragon drones” em alvos militares na guerra, é contra o direito internacional utilizar armas incendiárias em civis. Mais do que isso, é ilegal usá-las em alvos militares dentro de áreas povoadas ou em áreas florestais – a menos que se acredite que a cobertura esconda objetos militares.

Em geral, a utilização destas substâncias é desaconselhada, porque os incêndios que resultam são difíceis de conter e podem afetar civis, ao mesmo tempo que causam enormes danos ambientais, segundo o Gabinete das Nações Unidas para os Assuntos de Desarmamento.

Para já, as unidades da Ucrânia utilizaram a termite em alvos militares, de acordo com a AOAV.

Apesar de questionável, a utilização de termite não é recente. Considerada uma inovação, na altura, durante a Segunda Guerra Mundial, tanto a Alemanha como os Aliados utilizaram bombas aéreas de termite para destruir os veículos militares uns dos outros.

Na perspetiva de Emil Kastehelmi, especialista em história militar finlandês, “esta é uma nova reviravolta relativamente ao medo dos drones”:

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