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Coreia do Sul instala 10.820 câmaras para vigiar infetados pela Covid-19

O mundo não consegue atacar a COVID-19 com a mesma velocidade e os resultados estão bem à vista. É preciso novas estratégias. Assim, entre as várias formas de lidar com a pandemia, a proposta da Coreia do Sul parece ser uma das mais invasivas. É uma espécie de Big Brother, mas da vida real, no dia a dia dos coreanos.

A cidade de Bucheon, localizada no norte do país e com uma população de quase 900.000 habitantes, prepara um projeto que utilizará a inteligência artificial e tecnologias de reconhecimento facial para vigiar o movimento das pessoas infetadas com o novo coronavírus.


Segundo informações da Reuters, este teste foi financiado por fundos nacionais e terá início em janeiro. Utilizará as mais de 10.820 câmaras de videovigilância (CCTV) que estão espalhadas pela cidade para a sua implementação.

 

Será possível o uso de câmaras para vigiar os infetados pela COVID-19 na Europa?

Apesar de no continente asiático ser uma prática há muito usada para a vigilância dos cidadãos, a verdade é que atualmente uma utilização do reconhecimento facial na Europa é impensável.

Contudo, este teste piloto coreano tem como missão vigiar os movimentos das pessoas infetadas e dos seus contactos. Além disso, este sistema também irá monitorizar o uso de máscara e por onde estas pessoas se deslocam. No fundo, o objetivo é reduzir o trabalho da equipa de localização que tenta descobrir o possível contágio de uma pessoa infetada.

A Coreia do Sul dispõe de um sistema de rastreio agressivo, onde não só é perguntado com quem esteve ou onde, mas também são recolhidos registos de cartões de crédito e dados de localização de telemóveis pessoais para descobrir o caminho que uma pessoa que tenha testado positivo possa ter tomado. Esta utilização das câmaras de rua e de reconhecimento facial é um passo adicional.

 

Leitura do rosto dos infetados

O sistema de reconhecimento facial será capaz de localizar até 10 pessoas no espaço de cinco a 10 minutos, reduzindo o tempo necessário para o trabalho manual, que requer aproximadamente 30 minutos a uma hora para localizar uma única pessoa, descreve o documento de teste.

Na Europa, o Parlamento Europeu apelou à proibição do reconhecimento facial automático em espaços públicos, e no passado mês de abril foi aprovada a primeira legislação sobre IA, proibindo a utilização de sistemas de reconhecimento facial em áreas públicas.

Contudo, estão previstas algumas exceções, tais como “ameaça terrorista específica e iminente” ou “detetar, localizar, identificar ou processar um perpetrador ou suspeito de um crime grave”. Estas exceções têm sido criticadas por organizações de direitos digitais e estão atualmente a ser revistas.

Já no resto do mundo, esta prática parece ser cada vez mais popular. Há vários governos que recorrem às novas tecnologias para tentar conter a onda de infeções por COVID-19. China, Rússia, Índia, Polónia e Japão, bem como vários estados dos EUA estão entre os governos que implementaram ou pelo menos experimentaram sistemas de reconhecimento facial para rastrear pacientes com COVID-19, de acordo com um relatório de março da Columbia Law School de Nova Iorque.

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