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Colis Colis: a empresa que vende encomendas perdidas e fechadas ao quilo

Quando achar que já viu de tudo, pense de novo, pois haverá certamente algo capaz de surpreendê-lo. Esta empresa, em Portugal desde o dia 6 de dezembro, vende encomendas perdidas e seladas ao quilo. Isso mesmo, os clientes escolhem embalagens fechadas e pagam sem saber exatamente o quê.


As compras online são o método preferido de muitos consumidores, com a Internet a oferecer espaço a todo o tipo de produtos, incluindo aqueles incompreensivelmente baratos, vindos de várias partes do mundo. Aliás, conforme informações dos próprios comerciantes, as pessoas compram cada vez mais online.

Apesar do facilitismo, as encomendas nem sempre chegam ao destino e ficam perdidas.

Ou ficavam, até os franceses Marc e Alexis, amigos de infância, terem visto uma oportunidade de negócio nas muitas toneladas de pacotes (colis, em francês) de encomendas que não eram reclamadas e ficavam acumuladas nos armazéns das empresas de correios e de entregas na Europa, acabando depois por ser destruídas.

Conforme conta o jornal Expresso, a ideia passou por começar a comprar toneladas de pacotes perdidos e vendê-los a revendedores ou, diretamente, aos consumidores.

Nos últimos dois anos, o negócio prosperou, em França, pela curiosidade de abrir encomendas fechadas e pela esperança de que a compra se traduza num golpe de sorte. Por isso, a Colis Colis, nome da loja francesa, expandiu-se para Portugal, instalando-se no centro comercial Ubbo, na Amadora.

Quisemos alargar para o estrangeiro e andámos a explorar Madrid e Lisboa. Encontrámos aqui uma boa solução, os portugueses foram muito acolhedores e estaremos a funcionar pelo menos seis meses. Depois logo avaliamos.

Partilhou Marc Colpart, de 32 anos, explicando que não tem dados sobre quais os produtos mais comuns neste tipo de encomendas não reclamadas que vêm da Europa, mas esclarecendo que, à partida, só não haverá bens alimentares.

Acompanhadas pelo Expresso, “as filas começam a formar-se de manhã cedo, ainda à porta do centro comercial […] há quem chegue à loja por ter visto publicações nas redes sociais, sobretudo vídeos de outros clientes a abrir encomendas, mas há também quem entre na fila e chegue à loja sem sequer saber bem do que se trata”.

Crédito: Expresso

Cada cliente que visita a loja pode explorar as muitas encomendas, sem limite de tempo, sendo a única regra não abrir as embalagens. À saída, a pessoa pesa o cesto e paga: o preço por quilo é de 21,99 euros, e menos do que isso custa 24,99 euros.

Em cinco dias, foram vendidas 13,5 toneladas de encomendas não reclamadas e estamos novamente com rutura de stock. Há já algum tempo que não víamos algo assim. Em França, vendemos sobretudo em mercados, feiras e lojas pop-up, portanto é um ambiente diferente.

Contou Marc Colpart, que vê a Colis Colis como uma situação win-win: “Diria que 25% das pessoas saem contentes com o que levam, e que outras 15% a 20% tiram gozo da experiência em si. A ideia é que as pessoas desfrutem da experiência e que seja um momento de prazer”.

Para que as embalagens estejam prontas a serem compradas, uma série de jovens tem a tarefa de abrir cada caixote de cartão e verificar cada embalagem, individualmente.

O Expresso escreve que “é preciso esconder o nome, a morada e o contacto do destinatário da encomenda, e os pacotes que vêm danificados têm de ser envolvidos em fita-cola antes de serem colocados nos caixotes para os clientes escolherem”.

As encomendas que chegam à Colis Colis tinham como destino países europeus, como Suécia, Alemanha, Polónia, França, Roménia, Espanha, entre outros. Muitas parecem vir da China.

De entre as razões para as encomendas serem consideradas não-reclamadas estão endereços inexistentes, incompletos ou imprecisos, e não terem sido entregues aos destinatários, após várias tentativas, porque se mudaram, morreram, ou outros motivos.

 

Portugal tem um conceito semelhante

Conforme partilhado pelo mesmo órgão de comunicação, em Portugal, os CTT também vendem encomendas não reclamadas.

Todas as encomendas que não são reclamadas são levadas a leilão, com exceção de alimentos, bebidas, artigos de higiene, medicamentos, publicidade e armas. Os leilões realizam-se nas últimas quartas-feiras dos meses de janeiro, abril e outubro. Se esse dia for feriado, o leilão antecipa um dia.

Explicaram os CTT ao Expresso, acrescentando que os objetos só vão a leilão depois de aqueles “esgotarem todas as tentativas de entrega aos clientes e cujo prazo para reclamar já tenha sido ultrapassado”.

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