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China quer controlar ganhos dos streamers. Ganham dinheiro a mais e são um mau exemplo

Cada vez há mais mecanismos nas redes sociais para os utilizadores poderem criar conteúdos, seja ele criativo ou até só exibicionista, e, com isso, ganharem dinheiro. Esse valor ganho pode ser através de patrocínios de marcas ou, como agora está na moda, serem os próprios utilizadores a enviar esse dinheiro. Há streamers que fazem por dias milhares de euros na China e o governo não quer este “mau exemplo” para os seus jovens.

A China planeia novas restrições no seu crescente setor de transmissão ao vivo. Os reguladores preparam regras que limitam as “gorjetas virtuais”. No entanto, por trás destas novas regras está a evasão fiscal na indústria de transmissão ao vivo.


Censurar conteúdos e impor limites nas gorjetas

Para quem está familiarizado com o TikTok, por exemplo, sabe que a rede social permite que os utilizadores produzam conteúdo e ganhem dinheiro quer de patrocínios de marcas promovidas nos vídeos, quer através de “gorjetas” que podem ser enviadas nas “lives” feitas com o mais variado conteúdo.

Há de tudo, pessoas a tocar instrumentos, pessoas a fazer sons de embalar o sono, pessoas que simplesmente exibem o seu corpo semi-nu, outros fazem habilidades, até utilizadores que contam coisas triviais da sua vida. Tudo, há de tudo nestas lives. E quem diz o TikTok diz muitas outras redes sociais.

Na China, que não tem o TikTok, mas tem a sua rede gémea, o Douyin (além de muitas outras), os streamers mais populares da ganham muito dinheiro. Uma parte destes enormes lucros vêm das tais comissão que eles recebem para promover e até vender produtos ao vivo, mas outra parte, a mais importante para muitos deles, é obtida com o dinheiro que os seus espetadores lhes dão diretamente.

Estes valores podem variar de alguns cêntimos a cerca de mil euros de uma só vez, segundo o Wall Street Journal.

 

China não quer que as pessoas recebam gorjetas online

Conforme podemos perceber, é neste ponto que o governo chinês não concorda. As autoridades consideram uma violação dos valores do país e um perigo para seus jovens que estes streamers possam ganhar milhares de euros por dia com as suas transmissões ao vivo.

Assim, o Estado planeia limitar tanto o gasto diário dos utilizadores com este tipo de pagamento digital quanto o rendimento que os influenciadores podem receber dos seus telespectadores.

Além disso, está também a ser pensada uma nova forma de censura, medidas mais rígidas para controlar o conteúdo partilhado.

De acordo com informações compiladas pelo WSJ, o limite de ganhos com que o governo chinês planeia definir para streamers é de 1.570 dólares por dia. Nenhuma informação foi divulgada sobre o limite que eles querem impor aos utilizadores.

Este é um mercado a crescer e que já gera milhões. De acordo com o site Channel News Asia, o negócio de streaming no país asiático gira em torno de 30 mil milhões de dólares por ano e a tendência é aumentar.

A CNA afirma que cerca de 70% dos chineses com acesso à Internet consomem este tipo de conteúdo, o que representa uma audiência de cerca de 700 milhões de pessoas.

 

Mas o que move o governo chinês?

Apesar da retórica oficial estar apontada ao mau exemplo, isto é, ganhar dinheiro online como streamer não motiva os jovens chineses a procurar um emprego que seja produtivo, na verdade há outras preocupações. O regulador de impostos da China disse nesta quarta-feira (30 de março) que vai reprimir a evasão fiscal na sua crescente indústria de transmissão ao vivo e começará a exigir que as plataformas online relatem as identidades, rendimentos e lucros das transmissões ao vivo a cada seis meses.

É verdade que a China já tomou outra decisão de natureza semelhante há alguns meses, quando colocou limites na quantidade de tempo que os menores poderiam jogar videojogos. Contudo, é uma realidade que a transmissão ao vivo aumentou em popularidade na China, com milhões de influenciadores a criar canais em redes tipo Douyin, o equivalente chinês do TikTok, Kuaishou e outras plataformas de vídeos curtos, onde falam sobre tópicos como estilo de vida, comida, jogos e viagens.

Da mesma forma, Pequim também está preocupada com o rápido crescimento desse mercado de entretenimento, que, no momento, é muito menos regulamentado do que outros canais multimédia, bem como as denúncias de fraude, publicidade enganosa e conteúdo em volta do sexo que tem crescido imensamente.

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