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Carros autónomos? Seguradoras deixam alerta aos fabricantes

Os carros “autónomos”, aqueles que são capazes de andar na estrada com o mínimo de intervenção por parte dos condutores, são hoje uma realidade, ainda que correspondam a uma parte ínfima daquilo que é todo o setor automóvel. Mas usar a palavra “autónomo” associado a um carro pode, em muitos casos, ser uma questão grave de marketing, alertam as seguradoras.


Um relatório dirigido à Associação de Seguradoras Britânicas alerta que a forma como alguns veículos avançados são descritos pode convencer os automobilistas de que têm carros autónomos, carros que não necessitam da sua intervenção para se deslocarem de um ponto a outro, quando, na realidade não é isso que acontece.

No país, já existem vários automóveis que se apresentam como autónomos, mas não há nenhum que seja totalmente autónomo.

 

Carros mais ou menos autónomos

O que existe atualmente são fabricantes, como a Tesla, BMW ou Nissan, que oferecem recursos nos seus automóveis, que automatizam parcialmente o processo de condução, mas que, em momento algum, dispensam a existência de um condutor. Estes veículos incluem sistemas capazes de manter o carro na sua faixa de rodagem, controlam a velocidade do carro e são capazes de manter uma distância de segurança dos outros veículos, mas isto não é ser “autónomo”.

A Thatcham Research, empresa britânica que realiza testes de segurança para seguradoras de automóveis, refere que os fabricantes têm que ser muito mais explícitos quanto às funcionalidades dos carros, devendo haver uma clara distinção entre aquilo que é um carro autónomo e um que tem sistemas de assistência à condução.

 

Uma falsa sensação de segurança

Associar a um automóvel as expressões “Autopilot” ou “ProPilot” poderá dar aos automobilistas a sensação de que os seus carros podem “conduzir-se” sozinhos em qualquer circunstância. Segundo o relatório, o consumidor ainda não está educado para este tipo de tecnologia, ficando na dúvida quanto às reais características de condução do automóvel.

Para exemplificar a necessidade de haver melhor esclarecimento quanto às funcionalidades dos veículos chamados de autónomos ou com piloto automático, a empresa de segurança foi para a estrada com um Tesla Model S.

Numa primeira viagem, em modo “autopilot”, o carro foi capaz de circular numa estrada a uma velocidade segura e de acordo com o tráfego da estrada. No entanto, na viagem seguinte, um veículo que seguia em frente ao Model S teve um comportamento inesperado, e o Model S, que deveria ter travado automaticamente, não o fez, embatendo no carro da frente.

Se o condutor tivesse agido, o acidente teria sido evitado. Neste caso, tratou-se apenas de um acidente controlado, no entanto, se estivéssemos perante um condutor com demasiada confiança do sistema de condução autónoma, o acidente poderia ser fatal, como tantos que têm ocorrido nos últimos tempos.

É um facto que a Tesla, por exemplo, já consegue prever situações de acidentes, antes do condutor, mas estes casos ainda são raros. Há áreas onde o homem é ainda, indiscutivelmente, mais competente que a máquina.

 

E as seguradoras, estão preparadas para assumir responsabilidades pelos condutores?

A Thatcham Research está atualmente a trabalhar com as seguradoras do país de forma a criar argumentos de defesa em caso de acidentes com estes “novos” veículos. Mas as fabricantes, têm que ser capazes de explicar exatamente até onde vai o “autopilot” dos seus automóveis, de forma a que não transforme os condutores em meros passageiros, com redução drástica da atenção na estrada.

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