A Bosch terminou o ano fiscal de 2023 com vendas no valor de 2,1 mil milhões de euros em Portugal. É de Braga onde sai a maior parte da tecnologia da gigante alemã que está presente nos mais avançados veículos da atualidade, incluindo a tecnologia para carros autónomos. Sobre este tema, Carlos Ribas, responsável da Bosch em Portugal, aponta o ano de 2040 para podermos experienciar o nível 5 de automação.
Cada carro hoje produzido tem 600 euros de tecnologia Bosch
A Bosch apresentou os seus resultados financeiros 2023 que registaram um ligeiro crescimento de 1,7% relativamente ao ano anterior. No mercado local, a empresa registou vendas consolidadas de 383 milhões de euros, 5,2% acima do nível de 2022.
Apesar de estarmos a viver um ambiente global desafiante e de alguma incerteza, 2023 foi um ano positivo para a Bosch em Portugal. Para este ano, estamos alinhados com as perspetivas gerais da Bosch, e por isso as nossas previsões são moderadas, tendo em conta o atual cenário económico e também a transformação do negócio que a empresa está a realizar a nível global.
Afirmou Javier González Pareja, Presidente do Grupo Bosch em Portugal e Espanha.
Os resultados alcançados em 2023 mantêm a Bosch como um dos maiores exportadores do país, com um nível de exportação superior a 97%, com mais de 50 países em todo o mundo a importar soluções produzidas em Aveiro, Braga e Ovar, e serviços prestados a partir de Lisboa para o mundo. Estes números reforçam a importância da Bosch no total de exportações do país (cerca 1,7%), traduzindo-se num impacto de cerca de 1% por centro do PIB de Portugal.
Também no que ao número de colaboradores diz respeito, a Bosch continua nos lugares cimeiros dos maiores empregadores do país. A 31 dezembro de 2023, a empresa contava com pouco mais de 7.000 colaboradores em Portugal, um aumento significativo em relação ao ano anterior (cerca de 8%).
Ao longo dos anos, temos vindo a assistir a um crescimento sustentado da Bosch em Portugal, que só possível graças à dedicação e ao profissionalismo dos nossos colaboradores. É nesse caminho que nos queremos manter, conscientes de que o futuro já está a trazer desafios para o negócio da Bosch.
Afirma Carlos Ribas, responsável da Bosch em Portugal e Diretor Técnico da Bosch em Braga.
Segundo Carlos Ribas, atualmente nem todos os construtores estão a optar pelas mesmas tendências. E isso conduz a alguma indefinição e leva o mercado a não crescer ao ritmo que se esperava. Também foi referido que o mercado automóvel vai crescer na China, um pouco nos EUA e na Europa está um pouco estagnado, não decresceu, mas também não cresceu. Embora que no mundo a tendência é para se produzir menos veículos nos próximos anos.
O ano onde se produziram mais veículos no mundo foi em 2017, cerca de 97 milhões. Ano passado o número atingiu os 90 milhões. A China continua a liderar no fabrico automóvel e é atualmente o melhor cliente da Bosch.
Inteligência Artificial, Hidrogénio e área da medicina
No setor da Mobilidade, a Bosch está a avançar com decisões estratégicas globais que visam o crescimento futuro deste negócio.
A Bosch definiu a mobilidade sustentável como uma das suas áreas de crescimento, com especial foco para a condução eletrificada e automatizada. Esta estratégia implica uma nova organização no setor empresarial da mobilidade na Bosch a nível global, com a aposta em novas tecnologias e soluções e reforço de algumas tecnologias nas quais já vínhamos a trabalhar. Esta transformação terá o seu impacto no portfólio de produtos e, consequentemente, no negócio da unidade em Braga.
Explica o responsável da Bosch em Portugal.
Algumas áreas onde a empresa já tem alguma experiência poderão ser potenciadas num futuro próximo. Um exemplo foi a área da medicina, onde a Bosch, na altura da pandemia, criou tecnologia para deteção da COVID-19 e onde poderá aplicar no futuro muito do seu conhecimento.
Outro mercado onde o futuro poderá trazer novidades é do hidrogénio. Há ainda tecnologia a refinar e soluções para apresentar como solução de combustível, por exemplo, no segmento dos veículos pesados. Foi referido que ao parque atual, o mercado necessitará de trazer soluções, como os combustíveis sintéticos.
Foi referido que no caso da unidade de Braga, a reorganização da mobilidade na Bosch irá traduzir-se numa transformação do portfólio de produtos, que passará gradualmente dos sistemas de infotainment para soluções como computadores de bordo, câmaras e sensores.
Bombas de calor, outro negócio de futuro
A área de negócios de Energia e Tecnologia de Edifícios, na qual estão inseridas as atividades das unidades de Aveiro e de Ovar, atravessam momentos diferentes no âmbito da estratégia global da Bosch.
O ano de 2023 foi de grande importância para a unidade da Bosch em Aveiro, que reforçou a sua posição enquanto localização estratégica para a produção e desenvolvimento de bombas de calor dentro do Grupo.
Para 2024, as expetativas são cautelosamente positivas, nomeadamente com o aval por parte da casa-mãe para avançar com a instalação da segunda linha de produção de bombas de calor.
Para a Bosch, as bombas de calor são um componente fundamental de edifícios neutros em carbono. Embora o mercado tenha estagnado em toda a Europa em 2023, a Bosch conseguiu fazer crescer o seu negócio em quase 50% e prevê continuar a crescer mais rápido do que o mercado neste segmento. Nesse sentido, a previsão é de continuar a investir não apenas na capacidade de produção, mas também na expansão do nosso portfólio de produtos, nomeadamente com bombas de calor que não são apenas silenciosas e eficientes, mas também económicas.
Explicou Carlos Ribas.
Portugal é um país estratégico para a Bosch. A fábrica de Aveiro é o centro de competências a nível mundial para desenvolvimento de soluções de água quente.
Trazer a academia para dentro das empresas
Outra estratégia da Bosch é de fazer parcerias com as universidades. Nos últimos 10 anos, fruto destas parcerias, a Bosch já registou mais de 100 patentes. Algumas das inovações que foram desenvolvidas em conjunto com as universidades fizeram com que alguns negócios duplicasse nalgumas das fábricas da empresa.
Como tal, refere o responsável da Bosch em Portugal, a política será continuar e aumentar estas parcerias e trazer a academia para dentro das empresas, para criar valor. Portugal ainda não estará a aproveitar esta sinergia da melhor forma. Na Bosch já o fazem, Braga com a Universidade do Minho, Ovar com a Universidade do Porto, e Aveiro com a Universidade de Aveiro.
A empresa traz o conhecimento para dentro de portas, elabora os projetos com os alunos, eles desenvolvem os seus trabalhos e ficam na empresa a trabalhar para a Bosch.
No futuro será aumentar com outras universidades esta procura de colaboração e aproveitamento de conhecimento.
Perspetivas para 2024 e rumo estratégico
Para o futuro, a empresa espera uma fase de estabilização e não de crescimentos de “saltos quânticos” que aconteceram no passado, mas nos próximos dois a três a anos, serão de equilíbrio. Depois, já com algumas certezas do próprio mercado sobre que caminho seguir, a empresa espera então, nessa altura voltar a ser exponencial no seu próprio crescimento.
Estabilização não é sinónimo de estagnação, só neste ano, a Bosch está a lançar cerca de 30 projetos de produção de veículos elétricos. Na área de crescimento do hidrogénio, a Bosch reafirmou as suas expetativas de negócio: até 2030, as suas vendas com tecnologia de hidrogénio poderão atingir os 5 mil milhões de euros.
A empresa reafirma que quer estar no top 3 dos negócios onde está envolvida.