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Bitcoin – Uma breve história do nascimento da criptomoeda

O dinheiro que atualmente temos ainda nos nossos bolsos possui três características principais: é tangível, regulamentado por um sistema central e relativamente fácil de falsificar. No outro lado da barricada está a Bitcoin. Esta é uma moeda virtual capaz de operar de forma independente. Deste modo, não necessita da ação de bancos nem de instituições governamentais para se manter em circulação.

Venha connosco numa breve história do nascimento da criptomoeda Bitcoin.


A base da Bitcoin assenta no sistema Peer-to-Peer (P2P). O P2P é um sistema que não prevê a existência de uma autoridade central que controle a moeda ou as transações, como acontece com as outras moedas (por exemplo, o Euro é controlado pelo Banco Central Europeu). Ao invés, a criação de moeda e as transferências baseiam-se numa rede de código aberto em protocolos cifrados que constituem a base da segurança e liberdade do Bitcoin, fazendo com que as transações sejam instantâneas entre os utilizadores.

Apesar de não ser tangível, a rede Bitcoin consegue gerar ganhos absolutamente brutais. A circulação de Bitcoins é livre e nada nem ninguém é capaz de controlar ou seguir as suas pisadas. Para além disso, não são as influências monetárias, ou seja, inflação ou deflação que ditam o seu valor. O valor da Bitcoin é determinado principalmente pela procura que existente no mercado, mas existem outros fatores, como por exemplo, os gastos energéticos envolvidos na mineração desta moeda digital, quantidade em circulação, entre outros.

Mais importante do que isso, as transações de Bitcoin são irreversíveis. Uma vez iniciadas, não existe forma de voltar atrás. Por outro lado, as transações não têm qualquer custo e podem ser feitas de forma totalmente anónima.

Esta foi uma breve introdução para que obtenha algum conhecimento base para desfrutar da história que está prestes a conhecer. Venha connosco descobrir um pouco do passado da moeda virtual que promete mudar o Mundo para sempre.

 

Satoshi Nakamoto, o criador da Bitcoin

A 31 de outubro de 2008, um documento com o título: “Bitcoin: A Peer-to-Peer Electronic Cash System” foi publicado num grupo de distribuição automática de mensagens eletrónicas por alguém chamado de Satoshi Nakamoto, atualmente referenciado como sendo o criador da Bitcoin e cuja verdadeira identidade é ainda desconhecida.

Existem muitas teorias que tentam provar a identidade de Satoshi Nakamoto, mas a verdade é que ainda não se sabe quem poderá ser. Segundo o próprio Satoshi Nakamoto revelou na Internet, as origens do seu nome são japonesas. Assim, algo bastante interessante acerca do nome deste “alguém”, está relacionado com o significado das palavras que constituem o seu nome: Satoshi significa “sabedoria” ou “razão” e Nakamoto significa “a fonte central”.

Mas será que o nome japonês é só mais um truque para esconder a sua verdadeira identidade?

Por outro lado, há quem afirme que Satoshi Nakamoto é um grupo constituído por quatro pessoas mas, mais uma vez, ainda é tudo um grande mistério.

 

2009 – O Bloco “Zero”

No sistema Bitcoin, os dados pertencentes à rede Bitcoin são permanentemente guardados em ficheiros chamados “blocos”. Todas as transações executadas durante um determinado período de tempo são guardadas nesses “blocos”. A cada bloco está associado um problema matemático.

Os mineiros competem entre si e estão constantemente a processar e a guardar transações para serem capazes de resolver este problema de modo a completar um bloco em primeiro lugar. Quando um mineiro completa um bloco são geradas Bitcoins, e é deste modo que esta moeda virtual aumenta em quantidade.

A 3 de janeiro de 2009, o Bloco Génesis de Bitcoin foi minerado com o número arbitrário 2083236893 e rendeu 50 Bitcoins. Uns dias mais tarde o sistema Bitcoin v0.1 foi lançado. Ainda no mês de janeiro a primeira transação de Bitcoins foi efetuada entre Satoshi Nakamoto e Hal Finney, um programador e ativista criptográfico.

Em outubro de 2009, é atribuído à Bitcoin um valor nas moedas tradicionais. De acordo com a The New Liberty Standard, uma metodologia utilizada para fazer a conversão do valor em Bicoins para uma moeda tradicional, foi estabelecido que o valor de 1309.03 bitcoins seria igual a 1$.

Este valor foi encontrado resolvendo uma equação que tinha como variáveis: a quantidade de eletricidade necessária para manter o funcionamento de um computador com um processador poderoso por 1 ano, o custo domiciliário de eletricidade nos Estados Unidos e o número de Bitcoins produzidas em 30 dias.

 

10000 Bitcoins por duas pizzas

A primeira transação em contexto real ocorreu a 22 de maio de de 2010 e envolveu a troca de 10 mil Bitcoins por duas pizzas (25$) e marcou, sem dúvida, a passagem da moeda virtual para o Mundo real.

Tudo parecia estar a correr bem, mas ainda em 2010, a Bitcoin ganhou fama pelos piores motivos. No mês de outubro desse ano o sistema Bitcoin foi “hackeado”. Foi descoberta uma vulnerabilidade no sistema que estava relacionada com a forma como o valor da Bitcoin era verificado. Assim, foram geradas milhares de milhões de Bitcoins. A vulnerabilidade foi corrigida, a transação foi apagada do histórico de transações e a rede Bitcoin foi atualizada.

Por causa deste acontecimento, o valor da Bitcoin desceu imenso.

 

O misterioso desaparecimento de Satoshi Nakamoto

No final de 2010, Satoshi Nakamoto começou a desaparecer do mapa, estando menos presente online e trocando menos e-mails com indivíduos que estiveram envolvidos no projeto desde a primeira instância. Apesar de ter estado a trabalhar próximo de outras pessoas, Nakamoto teve sempre imenso cuidado para não revelar informações pessoais que pudessem por revelar a sua verdadeira identidade.

Mas por um lado, ainda bem que “ele” desapareceu. Deste modo evita tornar-se a “cara” da Bitcoin, uma excelente tecnologia que não precisa nem quer ter uma cara pública. É aí que reside a verdadeira beleza beleza desta moeda virtual: não está associada a nada. Para além disso, caso a entidade do(s) indivíduo(s) se confirmasse, governos à escala mundial teriam a oportunidade de, quem sabe, punir alguém por aquilo que foi feito.

Quem quer que esteja por detrás da ideia da Bitcoin, é inteligente o suficiente para perceber que a fama associada a esta ideia só iria pintar um grande alvo nas suas costas.

 

A grande fortuna de Satoshi Nakamoto

Em 2013, um líder de uma empresa de criptomoedas chamado Sergio Lerner escreveu uma série de artigos na Internet onde explica porque é que acredita que um conjunto de 980.000 Bitcoins poderá pertencer ao misterioso Satoshi Nakamoto.

Lerner analisou o percurso destes milhares de Bitcoins e foi capaz de perceber que elas pertenciam a uma única fonte de mineração que por sua vez estava ligada 19.600 blocos de Bitcoins. Este “mineiro” parou nos 19600 blocos e nunca moveu nenhuma das suas bitcoins. Sergio Lener acredita que, caso se tratasse de alguém que não fosse Satoshi Nakamoto, muito provavelmente já teria tentado vender algumas Bitcoins para fazer algum dinheiro.

Quem é que gasta milhares de euros em eletricidade e não quer ver algum retorno?

Para além disso, o facto de o número de Bitcoins permanecer constante mostra que se trata de alguém que tem imensa confiança na Bitcoin.

Nolan Bauerle, investigador no ramo da Bitcoin já afirmou que muito provavelmente, a análise de Lerner está correta e é aceite pela grande maioria das pessoas envolvidas na comunidade da Bitcoin.

Atualmente, este alegado Satoshi ainda possui as 980.000 Bitcoins que valem hoje milhares de milhões de dólares.

 

Conclusão

Esperemos que tenha gostado deste conjunto de factos que hoje lhe viemos apresentar e que tenha ficado a conhecer um pouco mais as origens desta moeda que tanto tem dado que falar. A Bitcoin é o assunto do momento e muito poucas dúvidas restam que veio para ficar. Será que vai, um dia, substituir o nosso atual sistema financeiro? Só o tempo dirá!

Mas com toda a certeza podemos afirmar que a invenção de Satoshi Nakamoto ainda vai dar muito que falar.

 

Artigo da autoria de Tomás Santiago com apoio Eduardo Mota

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