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Austrália é a primeira a autorizar drogas psicadélicas. Mas não é “à Lagardère”

Até à data, nenhum outro país decidiu por este caminho, pelo que a Austrália está a protagonizar uma estreia: as drogas psicadélicas para fins terapêuticos são, desde o dia 1 de julho, legais. Mas há regras.


Embora sejam utilizadas e largamente associadas aos fins recreativos, há quem acredite no potencial terapêutico das drogas psicadélicas, e o defenda, com evidência científica. Aliás, a MDMA ou a psilocibina, extraída dos “cogumelos mágicos”, parecem ter um papel interessante, enquanto complemento da terapia para doenças mentais, como stress pós-traumático e a depressão.

Dada essa possibilidade, há investigadores dedicados a perceber a pertinência da utilização das drogas psicadélicas para fins terapêuticos, de modo a trabalhar numa aprovação fundamentada. Aliás, em 2020, a americana Food and Drug Administration autorizou os ensaios clínicos deste tipo.

Apesar de, desde 2014, os médicos suíços poderem solicitar ao Serviço Federal de Saúde Pública autorizações especiais para a utilização clínica de LSD, MDMA e psilocibina, a Austrália é o primeiro país a emancipar a sua utilização. Isto, depois de a Administração de Produtos Terapêuticos do país ter transferido as drogas psicadélicas da Categoria 9, de substâncias proibidas, para a Categoria 8, de medicamentos controlados.

Por serem tão complexas, não é possível reduzir o tratamento das doenças mentais, de forma geral, à toma de um comprimido. Por isso, na Austrália, as drogas psicadélicas entrarão em cena quando os medicamentos, em conjunto com a psicoterapia, não forem suficientes. Ou seja, como último recurso. Além disso, só poderão ser administradas por profissionais qualificados, num ambiente clínico – nunca pelo próprio doente, em casa.

Daqui para a frente e para já, as duas drogas psicadélicas que podem ser utilizadas pelos médicos australianos são a MDMA, porque foi estudada durante muito tempo como tratamento para a perturbação de stress pós-traumático, e a psilocibina, porque é útil pela sua capacidade de abrir as portas do cérebro, “amolecendo” as redes cerebrais associadas aos pensamentos negativos e facilitando o tratamento da depressão, se complementado com psicoterapia.

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