Um autodidata da informática está indiciado pela prática de vários crimes informáticos juntamente com um grupo que furou os sistemas de segurança das páginas de Internet da ONU, Procuradoria, Polícia Judiciária e Banco de Portugal.
O “hacker”, um ajudante de pedreiro e também os restantes 22 indivíduos, foram agora acusados de 376 crimes informáticos.
“Hackers” queriam ser famosos… agora são acusados de 376 crimes
Segundo as informações que foram reveladas pela Polícia Judiciária, um dos acusados não tem qualquer tipo de formação em informática, mas com um simples computador, a partir de casa, conseguiu perpetrar ataques contra as páginas de Internet de instituições como a Organização das Nações Unidas (ONU), câmaras municipais de Caminha e Viseu, empresas de gestão de fundos do Bangladesh e da Rússia.
O jovem, de Sesimbra, é servente de pedreiro de profissão e está acusado de 376 crimes informáticos, a par de outros 22 indivíduos, indiciados por terem atacado os sites do Ministério Público (incluindo a Procuradoria-Geral da República), da RTP, de partidos políticos, da Polícia Judiciária e Banco de Portugal, entre outros.
Um caso que foi “badalado” na imprensa foi o ataque à página do cantor Tony Carreira. Este ataque foi da responsabilidade de um outro jovem do grupo que tinha, na altura, apenas 14 anos.
Tudo começou em 2013…
Foi em 2013 que Francisco Texugo, habituado durante o dia a trabalhar com pedras, travou amizade com piratas na Internet. De acordo com a acusação do Ministério Público, foi através destas amizades virtuais que Texugo conseguiu obter conhecimentos necessários para se tornar um “pirata” capaz de furar, por exemplo, o sistema de segurança informática da ONU Environment, como refere o JN.
Segundo a acusação do MP, este “hacker” conseguiu entrar nos servidores de 366 organizações a nível mundial, “tendo assim acesso a todas as bases de dados ali alojadas, sendo-lhe assim permitido, se o pretendesse, ler e retirar toda a informação que ali estivesse, bem como modificar ou apagar a mesma”.
Expostos mais de 2000 dados pessoais de procuradores
Conforme consta da acusação, além destas 366 intrusões, concretizadas entre junho de 2015 e abril de 2016, o ajudante de pedreiro é também será responsável pelo acesso a sites institucionais de Sesimbra e do Grupo Desportivo de Chaves, da primeira Liga de futebol profissional.
O Ministério Público entende que os indivíduos atacaram servidores da Administração Pública central e autárquica, de universidades, de escolas, de outras instituições públicas e de empresas, com o objetivo de obter publicidade, notoriedade e reconhecimento público.
Não era para ganhar dinheiro, queriam “apenas” ser famosos
Segundo as informações recolhidas, os “candidatos a hackers” não terão ganho dinheiro com estes ataques piratas, queriam sim ser alvo de notícias na comunicação social, em especial no sítio “TugaLeaks”, administrado pelo jornalista Rui Cruz, também arguido neste processo.
As autoridades encontraram informações para perpetrar os ataques, como aquele de que foi alvo o Conselho Superior da Magistratura, em troca de mensagens no Messenger do facebook, onde combinaram a estratégia. Informações que facilmente caíram nas mãos das autoridades.