Durante décadas foram reportados e recolhidos imensos sinais de rádio que, supostamente, tinham origem em fontes extraterrestres. Com o passar do tempo e a evolução da tecnologia, muitos desses sinais foram sendo identificados como terrestres e que em nada tinham a ver com “vida para lá do planeta Terra”. Um dos exemplos mais caricatos foi o “sinal extraterrestre do micro-ondas” que durante 17 anos intrigou os astrónomos australianos e em 2015 foi descoberta a proveniência.
Há, contudo, várias misteriosas rajadas rápidas de rádio, potenciais “sinais extraterrestres”, que não são acompanhadas por fluxos de neutrino, que estão a intrigar verdadeiramente os astrónomos. Essas rajadas enigmáticas estão explicadas num artigo publicado no Astrophysical Journal.
O que são Neutrino espacial e rajadas rápidas de rádio?
Segundo o astrónomo Justin Vandenbroucke da Universidade de Wisconsin-Madison (EUA), Neutrino espacial e rajadas rápidas de rádio são os dois enigmas mais interessantes do Universo no momento. Os investigadores acreditam que possam estar ligados entre si. No entanto, tal ligação não existe, o que indica que buracos negros e erupções de raios gama não sejam as fontes desses sinais de rádio”.
O neutrino é uma partícula subatómica sem carga elétrica e que interage com outras partículas apenas por meio da gravidade e da força nuclear fraca (duas das quatro forças fundamentais da natureza, ao lado da eletromagnética e da força nuclear forte). É conhecido pelas suas características extremas: é extremamente leve (algumas centenas de vezes mais leve que o eletrão), existe com enorme abundância (é a segunda partícula mais abundante do Universo conhecido, depois do fotão) e interage com a matéria de forma extremamente débil (cerca de 65 mil milhões de neutrinos atravessam cada centímetro quadrado da superfície da Terra voltada para o Sol a cada segundo).
Uma rajada rápida de rádio (em inglês: FRB) é um fenómeno astrofísico de alta energia que se manifesta como um pulso de rádio transitório com duração de apenas alguns milissegundos. As rajadas rápida de rádio mostram uma dispersão dependente da frequência consistente com a propagação através de um plasma ionizado.
Pela primeira vez, em 2007, as rajadas rápidas de rádio começaram a ser estudadas. Conhecidas como FRB (fast radio-burst, em inglês), foram descobertas por acaso durante observações através do telescópio Parkes (Austrália).
Há relativamente pouco tempo, conforme podemos ler em cima no artigo “Descoberta a fonte das misteriosas ondas de rádio no espaço”, os cientistas conseguiram encontrar traços de nove erupções semelhantes àquela de 2007, cujo estudo mostrou que podem ser de origem artificial, não sendo excluída, assim, a possibilidade de serem sinais de civilizações extraterrestres devido à periodicidade de sua estrutura.
Mais recentemente, astrofísicos descobriram que sinais FRB são repetitivos, encontrando outras propriedades extraordinárias dos mesmos, incompatíveis com as versões sobre origem natural das erupções.
Vandenbroucke e os seus colegas observaram as erupções com o telescópio de neutrinos IceCube no Polo Sul e descobriram novas provas de que buracos negros e fortíssimas explosões de estrelas não podem originar estes sinais de rádio enigmáticos.
Ao realizarem observações, os cientistas basearam-se num princípio simples — a maioria das “explosões espaciais” é acompanhada por grandes emissões de neutrino. Deste modo, se as rajadas FRB fossem originadas naturalmente, seriam acompanhadas por um fluxo de neutrino de força igual.
Em nenhum dos casos, o radar especial detetou traços destas partículas “que sempre escapam” (neutrino). Isso prova que erupções de raios gama, supernovas e buracos negros não podem ser as fontes destes “sinais extraterrestres”.
Por sua vez, comenta Vandenbroucke, após esta descoberta, os cientistas estão mais próximos de descobrir a origem destas erupções. Estas estão mais misteriosas, pois a partir de agora uma série de astros não podem ser considerados as fontes…. mas então o que será?
A descoberta da “não fonte” é que está a deixar os cientistas perplexos, pois aumentam consideravelmente as questões sem resposta. Agora, dado o cenário, a equipa do telescópio IceCube planeia realizar mais uma série de observações por erupções FRB para detetar as suas fontes de origem.
Poderão ser de origem extraterrestre?