Os primeiros trabalhos em calçada portuguesa trouxeram magotes de povo que se juntavam surpreendidos com esta nova arte esculptórica. À força de macete e escopro, hábeis mestres iam talhando curiosas formas nos novos arruamentos, cuja nascença foi registada há mais de 500 anos.
Mas que lado tecnológico pode ter um paralelepípedo que oscila entre a cor negra e branca?
Esta assistência de admiração feita, que no início contou com o poder das cartas régias, pela mão do rei D. Manuel I e que ordenavam o cobrimento das ruas lisboetas, foi perdendo o entusiasmo ao longo dos anos. E talvez pelo polimento que o calcário foi sofrendo com a passagem de muitos peões e carroças, fez escorregar esta admiração para o esquecimento.
Quis o engenho português, que estas mesmas calçadas viessem séculos mais tarde ganhar novo significado e um lugar de destaque na actualidade.
A pedido da Associação de Valorização do Chiado, a agência MSTF Partners reuniu sinergias com a Índigo na sonorização e com a BIN para a área tecnológica e juntas criaram na Rua Garret, uma das mais movimentadas em Lisboa, uma área de cerca de um metro quadrado no passeio com um design renovado e de interpretação tecnológica.
No exacto momento que apontamos o nosso Smartphone para o chão ouvimos a frase: “Acabou de ler o primeiro código QR do mundo feito em calçada portuguesa” acompanhada de uma 2ª experiência de som em que se ouvem os calceteiros a trabalhar o formoso inerte calcário.
Numa segunda fase, o QR Code embutido, brinda-nos com uma panóplia de informações turísticas e ofertas de cultura, de gastronomia e comércio e ainda da hotelaria presente no Chiado.
Com a informação disponível para além da língua portuguesa, também em inglês, esta iniciativa visa claramente atingir o mercado do turismo e fomentá-lo.
Mas se os turistas já ali estão, torna-se óbvio que o passo a seguir é dar a conhecer àqueles que ainda não passeiam por cá!
Um dos mais privilegiados locais para o fazer é Barcelona, na vizinha Espanha. É nada mais que uma das cidade mais visitadas em todo o mundo. Muito recentemente foram transportadas algumas das pedras quinhentistas da calçada portuguesa para os apinhadíssimos passeios catalães.
Quem teve curiosidade de fotografar o QR Code em Espanha, acabou por ganhar uma noite num hotel português, gratuitamente!
Torna-se assim evidente que o processo de inovação não passa sempre por introduzir algo que não existia. Devemos antes valorizar o passado dando-lhe contornos plenos de utilidade e sobretudo geniais como os deste exemplo.