A tecnologia que suporta o armazenamento de informação não parou de evoluir e há ainda muito a explorar. Se os primeiros chips de memória de 512 GB só há pouco tempo chegaram, o futuro está a ser preparado para que 10 TB de dados possam caber numa área de apenas 1 cm².
O sistema é baseado em átomos de cloro sobre uma grelha de cobre, a temperaturas altamente negativas, que se for dimensionada com sucesso para estruturas maiores poderá ser um processo viável de armazenar informação, muita informação!
A Lei de Moore, que diz que o número de transístores duplica a cada 18 meses, começa a ficar comprometida devido a limitações físicas, pois a tecnologia não poderá ser miniaturizada infinitamente. Devido a esse facto, os investigadores apostam já no nível mais pequeno em que é possível trabalhar, o nível atómico.
Uma equipa de físicos da Delft University of Technology, na Holanda, desenvolveu um dispositivo que armazenou com sucesso 1 KB de informação, utilizando para isso um arranjo de átomos de cloro sobre uma grelha de “quadrículas” numa superfície de cobre. Se a área dessa grelha ascender a 1 cm², então poderá armazenar cerca de 10 TB de informação, tal como detalha o documento científico.
Cada grelha contém vários espaços vazios dentro dos quais é possível colocar átomos de cloro, possibilitando assim que seja feita a interpretação de ‘uns’ e ‘zeros’ numa linha da grelha: um átomo de cloro e um espaço livre constituem um bit e cada linha da grelha constitui um byte.
Para já o dispositivo funciona em condições muito específicas e é apenas uma prova de conceito, mostrando que o futuro poderá caminhar nesta direcção. Concretamente, para que tudo funcione correctamente é necessário colocar a temperatura a -196°C, ponto de ebulição do nitrogénio líquido, mas que, ainda assim, os investigadores acreditam que a tecnologia tem potencial para armazenar dados na cloud. Conseguindo dimensionar o dispositivo para uma estrutura tridimensional, um sistema destes poderá armazenar centenas de terabytes com a dimensão de uma pedra de sal.
“Este é de longe o maior conjunto alguma vez criado à escala atómica, superando o estado da arte da capacidade de armazenamento dos discos rígidos por uma grande ordem de grandeza”
Sander Otte, autor do estudo, físico em Delft University of Technology, Holanda
É evidente que o armazenamento à escala atómica está ainda nos seus primórdios, mas também a Microsoft acredita que são necessárias tecnologias de maior armazenamento de dados, utilizando por exemplo o ADN, que se supõe ter uma longevidade de 2000 anos e conseguir um armazenamento na ordem do zettabyte.
Contudo, não é só no armazenamento de dados que esta tecnologia pode ser utilizada. A capacidade de manipular átomo a átomo pode despertar o interesse em fazer variadas coisas ao nível atómico, como a concepção de novos materiais. Nature