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Melhores notas não são sinónimo de melhor opção a empregar

Porque será a média de final de curso um requisito para a contratação de um novo trabalhador em tantas empresas?

Será que os empregadores consideram que um candidato com média de 12 ou 13 vale menos que um de 15 ou 16? Claramente que existem esses casos mas noutros, definir um valor como requisito serve meramente para reduzir o número de entrevistas, mas assim já está a excluir uma série de potenciais bons trabalhadores.

Conheça o caso da Google e perceba porque é que essa empresa não contrata com base nas notas obtidas na faculdade.

A Google, uma das empresas com mais sucesso a nível mundial, considerada há já 5 anos consecutivos pela Fortune como a melhor empresa para se trabalhar no Estados Unidos, tem uma política de contratação mais interessada nas reais capacidades e qualidades das pessoas do que propriamente com a sua qualificação académica.

No ano passado, Laszlo Bock, vice-presidente sénior de Recursos Humanos da empresa, referiu numa entrevista que a média final de curso não serve para rigorosamente nada, sendo esse um critério de contratação completamente inútil. Ao longo dos últimos anos a Google até tem vindo a contratar pessoas sem qualquer formação a nível superior, cerca de 14% em algumas equipas.

Não significa, ainda assim, que tirar boas notas seja desprezível, pelo contrário, existem muitas áreas na Google, nomeadamente as relacionadas com matemática, computação e codificação, para as quais as boas notas em certas disciplinas serão certamente uma vantagem face a outros candidatos.

Laszlo Bock, vice-presidente sénior de Recursos Humanos da Google

Mas existem outros atributos que vão para além dessas questões. Laszlo Bock explicou-os há dias em entrevista ao The New York Times.

A capacidade cognitiva em geral, de liderança, a humildade intelectual, o sentido de propriedade e a perícia, são os cinco principais atributos que um candidato a um emprego na Google deve ter.

A capacidade de aprendizagem, segundo Bock, não se vê apenas pela avaliação do quociente de inteligência. Esta capacidade vê-se na capacidade de processar informação em tempo real, de ser capaz de “montar um puzzle” com diferentes informações.

A liderança para a Google é muito mais que estar num cargo de poder, é ter a capacidade de resolver problemas quando confrontado com eles, é ter a capacidade de intervir no momento oportuno e ter a consciência de abandonar essa liderança quando já não está a ser eficaz.

Bock referiu na entrevista que “pessoas de sucesso nos estudos raramente experimentaram o fracasso, pelo que não puderam aprender com os erros. Elas, pelo contrário, cometem o erro fundamental de atribuição [de culpa]. Se acontece algo bom é porque sou um génio. Se algo de mau acontece é porque alguém é um idiota, ou não tinha os recursos suficientes à sua disposição ou o mercado é que se alterou”.

A humildade intelectual é, então, ter a capacidade de defender as suas ideias, marcando a sua posição de liderança, mas conseguir perceber quando a sua posição está errada e admiti-lo.

A perícia serve sobretudo para os casos onde é necessária a repetição de tarefas como as áreas de recursos humanos ou finanças, onde, mesmo havendo alguma mobilidade, os outros atributos nomeados são de menor importância.

Para Bock, o talento pode revelar-se e ser construído de diferentes formas que não as tradicionais. A contratação tem que ser cada vez mais um processo dinâmico no seio de uma empresa, porque “quando olha para pessoas que não foram à escola e constroem o seu caminho pelo mundo, descobrem-se pessoas extraordinárias. E são essas pessoas que devemos fazer de tudo para encontrar.” Muitas vezes “as faculdades não dão o que prometem. Gera-se uma tonelada de dívidas, não se adquirem ferramentas úteis para a vida. É uma adolescência prolongada.”

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