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Intel poderá fabricar processadores da AMD, a sua maior rival

Numa reviravolta surpreendente para a indústria tecnológica, a Intel e a AMD, rivais históricas no mercado de processadores, poderão estar a negociar uma parceria. Este acordo, se concretizado, veria a Intel a fabricar semicondutores para a sua maior concorrente.


Mudança de paradigma agressiva na indústria dos semicondutores

Durante décadas, a Intel e a AMD travaram uma batalha intensa pela supremacia no mercado de CPUs. Todos os anos, assistíamos ao lançamento de novas gerações que prometiam mais desempenho e maior eficiência energética para desktops e laptops.

Contudo, os recentes desafios da Intel, juntamente com uma mudança estratégica no setor, parecem ter forçado a empresa a considerar uma colaboração com o seu principal adversário.

Segundo informações avançadas pelo portal Semafor, a Intel poderá vir a produzir chips para a AMD nas suas fábricas nos Estados Unidos. As negociações encontram-se numa fase muito inicial e não foram divulgados detalhes sobre que tipo de processadores seriam fabricados.

Embora não exista qualquer garantia de que o acordo se materialize, o simples facto de as duas gigantes se sentarem à mesa de negociações revela o estado atual e a complexidade da indústria de hardware.

Após anos de domínio, a Intel atravessa um período conturbado do qual ainda tenta recuperar. Uma série de decisões de design questionáveis, atrasos significativos nos seus processos de fabrico e a perda de terreno para concorrentes como a TSMC, criaram a tempestade perfeita que abalou a sua posição de liderança.

Agora, a empresa procura redefinir o rumo, apostando num dos seus maiores trunfos históricos: a capacidade de fabrico.

A estratégia da Intel para se tornar numa “foundry” global

Este potencial acordo com a AMD não é único, mas sim parte de uma estratégia mais ampla da Intel para se estabelecer como uma “foundry” – uma fabricante de chips por contrato – de relevo, especialmente em solo norte-americano.

Nas últimas semanas, a empresa já garantiu um investimento de 5 mil milhões de dólares da NVIDIA para o desenvolvimento de chips para centros de dados. Simultaneamente, a SoftBank comprometeu-se a investir até 2 mil milhões de dólares na produção de semicondutores de alto desempenho nos EUA.

Apesar do entusiasmo, a materialização de um acordo desta natureza enfrenta barreiras técnicas e legais consideráveis.

O tipo de chips que a Intel poderia produzir para a AMD estaria dependente de dois fatores cruciais: o nó de fabrico e a arquitetura. A Intel dispõe de vários nós de processo nas suas fábricas, mas nem todos estão otimizados para produção em massa para clientes externos.

O processo Intel 7 (10 nm), por exemplo, é o mais maduro e foi utilizado nos processadores Alder Lake e Raptor Lake. Já o Intel 4 (7 nm) está em fase de produção inicial, enquanto o Intel 3 (5 nm) se encontra em validação. O mais avançado de todos, o Intel 18A (equivalente a 1,8 nm), que se estreará com a arquitetura Meteor Lake, ainda não foi validado por clientes externos.

Tendo em conta estas limitações, a Intel não teria capacidade para produzir os processadores mais avançados da AMD, como os da série Ryzen 9000 ou 7000. A AMD depende de tecnologias complexas como chiplets e empacotamento 3D, áreas em que a TSMC detém um domínio absoluto.

O que a Intel poderia, realisticamente, fabricar seriam componentes menos críticos, como chipsets ou SoCs secundários.

 

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