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Brass Monkeys: improvisar uma Wii?

Por Daniel Rodrigues para o PPLWARE.COM

As consolas de jogos como as conhecemos estão a ser lentamente asfixiadas pelo desenvolvimento de outros meios tecnológicos. Certamente assistiremos a mais uma ou duas gerações de Playstation, XBox ou Wii, mas inevitavelmente desmoronar-se-á a concepção clássica de unidade de processamento + comando + ecrã da TV como o nosso hub de jogos.

Isto deve-se, primeiramente, ao surgir de serviços como o Onlinve ou o Gaikai – serviços em que os jogos são renderizados por poderosos servidores e transmitidos para os nossos dispositivos, requerendo apenas uma ligação à internet e uma qualquer espécie de controlador – e às constantes inovações que permitem cada vez mais espantosos gráficos e jogabilidade em meios já banais do nosso dia-a-dia – falo do tablet, do smartphone, até do browser.

Tomando como premissa o actual estado da nação tecnológica, surge o Brass Monkey. Vamos improvisar uma Wii?

O Brass Monkey é uma combinação de app para iOS/Android e aplicação web que nos permite jogar uma variedade de jogos no ecrã do nosso computador utilizando como controlador o nosso smartphone, bastando para isso que ambos estejam ligados a uma mesma rede wireless.

O facto do nosso telemóvel se tornar o comando abre um horizonte de novas possibilidades – fazendo uso de acelerómetros, giroscópios e todo o leque de sensores que as nossas modernas máquinas vêm equipadas com, pode-se facilmente criar uma experiência de jogo muito interactiva e bem ao modo daquela que consolas como a Wii ou tecnologias como o Kinect/Playstation Move popularizaram.

Os jogos oferecidos pela equipa do Brass Monkey não são, ao contrário do que se possa esperar, simples jogos que evidenciem tecnologia crua num estado embrionário… não. O catálogo de jogos inclui actualmente 9 divertidos e viciantes títulos, totalmente jogáveis, vários deles com modo multiplayer:

  • Monkey Golf;
  • The Convergence;
  • Rival Racers;
  • Gnop Gnop;
  • Candescent;
  • Tanks vs Alien (com possibilidade de multiplayer online);
  • Monkey Dodgeball;
  • Contamination (Zombies!);
  • Angry Bots;

De destacar, por serem exemplos preementes das capacidades desta tecnologia, o Monkey Golf, o Rival Racers e o Contamination.

No Monkey Golf, somos convidados a ajustarmos os pés, arquearmos bem as costas, flectir bem essas ancas e mostrarmos o melhor dos nossos swings, utilizando o nosso telemóvel como taco e o nosso bolso como fiel jockey.

Rival Racers permite duelos entre amigos ao leme de um barco (ou seja, agarrando o smartphone como um volante/leme e conduzindo) num um percurso mirabolante, pontuado por rampas, quedas de água e até zonas onde a cantora britânica Adele parece ter actuado, porque alguém set fire to the rain e as águas aí borbulham labaredas (joguem…). Lembra o Riptide GP.

No Contamination, que agradará particularmente aos fãs de séries de zombies como Walking Dead, assumimos o papel de um humano encurralado num armazém com centenas de zombies. Naquilo que provavelmente será o mais realista treino para o tão badalado Zombiepocalypse que terão a oportunidade de experimentar, é aconselhável arrumarem os sofás para poderem disparar à vontade com o telemóvel na direcção da onda incessante de zombies que afluirá na vossa direcção. Shotgun ou pistola, a escolha é de quem joga.

A facilidade de utilização do Brass Monkey é um ponto a favor, que permite que começemos a jogar de imediato. Basta abrirmos o site no computador, abrirmos a app no telemóvel e logo um servidor aparecerá na app. Um toque nele transformará o nosso telemóvel num comando remoto para a interface do Brass Moneky, que entretanto surgirá no ecrã do computador. Sugere-se colocar o browser em ecrã inteiro, neste momento, ou então ligar o computador a uma TV/ecrã de maiores dimensões.

Agora, basta escolher o jogo. Uma das grandes vantagens destes controladores virtuais é a sua capacidade de metamorfose, pois a interface do nosso telemóvel altera-se consoante o jogo em questão. Não estamos limitados a um conjunto estanque de botões indecifráveis num novo contexto, mas cada jogo traz consigo uma experiência mais personalizada, mais agradável, mais amigável.

Nos jogos com funcionalidades multiplayer, basta que os outros jogadores, nos seus telemóveis, se liguem ao mesmo servidor no qual decorre já decorre o jogo. Toda a restante configuração é tratada pelo Brass Monkeys e rapidamente o duelo estará encetado.

Em termos mais técnicos, o Brass Monkey oferece aos programadores uma plataforma sobre a qual podem construir os seus jogos, em HTML5/Javascript (recorrendo complementarmente ao WebGL), em Flash ou recorrendo ao poderoso motor gráfico Unity 3D, projectado no browser através de um plugin disponível para Windows e Mac. A equipa por trás do serviço diz estar a tentar afastar-se do Flash e a migrar os jogos assentes nessa plataforma para HTML5. Especulando agora, a equipa estará também a investigar as potencialidades do projecto da Google NaCl, que permite correr código nativo no browser de uma maneira segura.

A empresa por trás do serviço tem, nesta fase, uma aproximação modesta à monetarização, através de uma moeda virtual adquirível, as Brass Coins, que permitem comprar sessões em alguns dos jogos, porque sim, nem todos os jogos são grátis. O programador tem que comer, diz a velha máxima.

O Brass Monkey permite facilmente tornar um computador e um par de smartphones numa vívida sessão de jogo entre amigos, bem ao estilo de uma Wii/Playstation Move. Mais que a diversão proporcionada, espanta-me o quão baixa o Brass Monkey coloca a fasquia da tecnologia avançada ao uso do vulgar e comum utilizador. O Brass Monkey é uma experiência simples e sempre fluída, que há alguns anos recairia no campo do inconcebível, quiçá do inimaginável. Temos todos, utilizadores de tecnologia, a sorte de, por mais que queiramos, não conseguirmos ser hipsters: viver hoje em dia é viver a ficção científica do passado.


Licença: Freeware/Donationware
Sistemas Operativos: iOS / Android
Download: iOS | Android
Homepage: BrassMonkey

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