O Xiaomi Mi 5s surgiu não só como uma actualização de especificações, face ao Mi 5, mas também como uma actualização de design, sendo agora mais refinado, com melhores materiais e também com algumas novidades.
Alguns dizem que se poderia chamar de Mi 6, outros dizem que piorou nalguns aspectos face ao Mi 5. Veja todos os detalhes na nossa análise ao Mi 5s.
1 – Características Gerais
Este novo smartphone topo de gama foi lançado no mês passado, em Outubro, e surge como uma actualização do Mi 5, lançado há cerca de 7 meses, em Abril.
O tamanho de ecrã é partilhado entre eles, um tamanho que considero como o mais adequado para o meu tipo de utilização: 5″ é pouco, 5,5″ é demais. As 5,15″ de ecrã IPS FullHD, que se traduzem numa densidade de 428 ppp, oferecem um óptima nitidez mesmo nos conteúdos de menor dimensão, enquanto possíveis de ver a olho nu, e o tamanho do smartphone está no limite do que pode ser considerado para utilização com uma mão.
O SoC foi renovado, passando agora a ser o Qualcomm Snapdragon 821, com um CPU Quad-core Kyro com 2×2,15 GHz e 2×1,6 GHz, onde se mantém o GPU Adreno 530. O Mi 5s não é distribuído em 2 velocidades relógio diferentes, como acontecia com o Mi 5.
Existe em duas versões, com 3 GB de RAM e 64 GB de armazenamento ou com 4 GB de RAM e 128 GB de armazenamento, sem expansão para cartão externo. É Dual-SIM LTE, tem NFC e o sensor de impressões digitais é renovado, agora ultra-sónico, servindo também de botão Home. A interface de comunicação é USB Tipo-C e a bateria tem um pouco mais de capacidade, agora de 3200 mAh.
Também a câmara traseira sofreu algumas alterações. O sensor aumentou de tamanho, para 1/2,3″, o que levou à redução da resolução para 12 MP. A abertura mantém-se em f/2.0 e já não tem estabilizador óptico de imagem, tendo sido substituído por estabilização electrónica (por software), o que para mim foi uma (má) surpresa. O LED infra-vermelhos, para servir de controlo remoto universal, também foi retirado, numa altura em que já é habitual nos smartphones Xiaomi de média/alta gama… uma decisão estranha também.
Devido à alteração de materiais, com a traseira totalmente em alumínio, e também ao ligeiro aumento de capacidade da bateria, o peso e a espessura aumentaram ligeiramente, agora com 145 g (aumento de 16 g) e 8,3 mm (aumento de 1 mm).
Na caixa vem o Mi 5s, um cabo USB/USB Tipo-C, um carregador rápido, o acessório para abrir o slot dos cartões SIM e os manuais de instruções rápidas.
Vídeo de unboxing
Especificações completas
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Ecrã
- 5,15″ de resolução 1080 x 1920 píxeis, 428 ppp
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Processador
- CPU: Qualcomm Snapdragon 821, CPU Dual-core Kryo a 2,15 GHz + Dual-core Kryo 1,6 GHz
- GPU: Adreno 530
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Rede
- LTE/HSPA+/GSM (dual stand-by)
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Sistema Operativo
- Android 6.0 (Marshmallow)
- Interface: MIUI 8
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Memória
- Memória RAM: 3/4 GB
- Memória interna: 64/128 GB
- Memória externa: não disponível
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Câmara
- Principal (traseira): 12 MP, f/2.0 com estabilização electrónica de imagem, flash Dual-LED de dois tons e vídeo 4K
- Secundária (frontal): 4 MP, f/2.0, com gravação de vídeo a 1080p@30fps
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Sensores
- Acelerómetro, giroscópio, bússola, proximidade, luminosidade, barómetro, impressões digitais ultra-sónico
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Dimensões e peso
- 145,6 x 70,3 x 8,3 mm, 145 g
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Conectividade
- Wi-Fi 802.11 a/b/g/n/ac, dual-band, Wi-Fi Direct, DLNA, hotspot
- GPS, GLONASS e BDS
- Bluetooth 4.2, A2DP, LE
- USB Tipo-C
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Bateria
- 3200 mAh Li-Po
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Cores
- Cinza, prateado, dourado e rosa ouro
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Preço
2 – Hardware e Design
O design do Mi 5s está em linha com o Mi 5, apenas 1 mm mais “gordo”. O corpo é totalmente em alumínio e a capa traseira também faz parte dele, agora com faixas de plástico injectado para divisão das várias antenas de comunicação… que é a tendência na Xiaomi, desde a gama baixa até à alta.
Em termos de forma, tudo se mantém: a traseira é ovalizada, tal como se pode ver na imagem abaixo. Isso traduz-se num conforto adicional na sua utilização, sendo ainda mais confortável que o seu antecessor, não só pelo material em que é feito mas também pela continuidade do material na traseira, onde no Mi 5 se notava uma saliência entre a capa e a moldura metálica.
Mais uma vez, um pormenor que pode parecer irrelevante mas que para mim faz toda a diferença, é a facilidade com que se consegue agarrar o smartphone quando está sobre uma mesa. Por ter a parte traseira ovalizada e, consequentemente, as arestas da parte da frente mais salientes, faz com que não escorregue da mão ao pegar, agarrando apenas dos lados. Por exemplo, nos smartphones iPhone 7, Galaxy S7 ou Huawei P8, que são mais arredondados nas laterais, é mais difícil agarrá-los numa superfície plana e há maior probabilidade de escorregarem das mãos no momento de agarrar.
A moldura em volta do ecrã é bastante fina, onde o ecrã ocupa 71,4% do espaço de toda a área frontal, e agora as arestas já não são tão vincadas, onde o vidro do ecrã tem acabamento 2.5D, portanto, um rebordo boleado.
Na frente, acima do ecrã de 5,15″, encontra-se o LED de notificações, os sensores de luminosidade e proximidade, o altifalante para chamadas e a câmara de 4 MP. Em baixo encontram-se os botões capacitivos de Menu ou troca de aplicações e Retroceder, com retroiluminação em formato de ponto, e ao meio o novo botão capacitivo Home, com sensor de impressões digitais ultra-sónico e agora totalmente estático, sem qualquer parte móvel.
Em termos estéticos, este novo botão veio melhorar muito o aspecto, tornando o smartphone mais moderno e trazendo uma novidade, ao nível do funcionamento do sensor… bem, na verdade é utilizado de forma praticamente igual, mas infelizmente perdeu alguma precisão. Mais à frente falaremos disto.
Na lateral, em baixo, está colocada a porta USB Tipo-C, o microfone e o altifalante. Na lateral direita estão os botões de volume e power que, desta vez, têm uma folga exageradamente elevada, fazendo até algum ruído, algo raro nos smartphones Xiaomi e que me surpreendeu pela negativa. Do lado esquerdo existe apenas o encaixe para os dois cartões nanoSIM. Em cima está colocada apenas a ligação áudio para ficha, onde já não existe o LED de infra-vermelhos para controlo remoto… o que é uma pena.
Na traseira, bem no canto superior esquerdo, encontra-se a câmara de 12 MP com flash Dual LED de dois tons, e ao centro, sobre a faixa de plástico, encontra-se o microfone secundário para gravação de som em stereo. Em baixo tem apenas a inscrição da marca MI. A capa traseira e a bateria não são removíveis.
No que diz respeito às banda de plástico injectado na traseira, tal como se passou com alguns modelos mais recentes do iPhone, também no Mi 5s surge alguma cor azulada proveniente da fricção nas calças de ganga.
3 – O que distingue o Xiaomi Mi 5s face ao Mi 5?
A comparação ao Mi 5 é inevitável e pode quantificar as melhoria existentes numa versão intermédia, cujo objectivo, normalmente, é de corrigir alguns pontos menos bons na primeira versão e actualizar as especificações.
Em resposta à questão, o que mais distingue o Mi 5s é, essencialmente, o design. A traseira totalmente em alumínio, ovalizada, com as faixas de plástico injectado e com o vidro frontal boleado, dão um ar mais moderno ao smartphone. O novo botão Home também não deixa ninguém indiferente e desperta curiosidade, principalmente a quem não conhece.
De seguida destaca-se o ecrã. O brancos estão mais brancos e de tonalidade mais natural, quando visto lado a lado com o Mi 5, e o brilho máximo é ligeiramente superior. Em termos de equilíbrio de cores mantém-se muito bom, tal como o Mi 5 já o era. Quanto ao vidro 2.5D face ao completamente plano, o primeiro torna-se mais agradável ao toque, mas não há uma verdadeira vantagem nisso.
Em termos de desempenho, o Snapdragon 821 elimina as raríssimas quebras na troca de aplicações e acções mais pesadas, sendo evidente que se trata de um SoC mais potente que o antecessor 820.
Quanto às câmaras, com o maior sensor há vantagem na captação de imagens em ambientes de baixa luminosidade, já que a imagem é criada a partir de uma maior quantidade de luz que incide no sensor. A cereja no topo do bolo poderia existir, se tivesse sido mantido o estabilizador óptico de imagem de 4 eixos, que enalteceu em muito a prestação fotográfica do Mi 5… mas não, em vez disso foi adicionada uma opção de estabilização electrónica no Mi 5s, cujo resultado em nada se aproxima ao conseguido no Mi 5.
Em termos de software, existem novidades apenas na câmara, descritas na respectiva secção mais abaixo.
Deixo um agradecimento ao Eurico Santos pelo empréstimo do Mi 5 para comparação.
4 – Interface e desempenho
A interface MIUI 8 sobre o Android 6.0 Marshmallow
A interface MIUI é produzida pela Xiaomi e suportada também por uma enorme comunidade, pronta a colaborar no seu desenvolvimento. Actualmente, a versão mais recente é a MIUI 8, uma interface rica, desenhada ao pormenor, leve e muito bem optimizada.
Uma das particularidades desta interface é ser igual entre todos os diferentes dispositivos com MIUI 8, independentemente se a versão base do Android é a 4.4, a 5.1 ou a 6.0. Isso permite uma uniformização de utilização entre todos os dispositivos Xiaomi, o que leva a que os novos modelos não tenham qualquer diferença ao nível da interface e não causem problemas de adaptação para quem já é utilizador de um smartphone com MIUI.
Quanto à utilização da interface, tudo é rápido, prático e simples, sem nada a apontar.
O problema dos idiomas
Um dos problemas mais frequentes com smartphones Xiaomi prende-se com o idioma. Devido a não haver suporte oficial para Portugal, o idioma Português de Portugal não está incluído nas ROMs fornecidas pela Xiaomi nos smartphones recentes, trazendo apenas os idiomas chinês e inglês.
No entanto, para smartphones já com a versão Global disponível, espera-se que o idioma PT-PT seja disponibilizado oficialmente em breve, permitindo assim que acabem as restrições de idioma e os constrangimentos de ter de alterar a ROM.
Enquanto isso não acontece, poderá ser instalada a ROM multi-idiomas, já disponível na comunidade Xiaomi.eu.
Desempenho
O Mi 5s demonstra o verdadeiro poder do Snapdragon 821, apresentando um sistema operativo muito fluido e bem optimizado, sem um único problema de instabilidade ou crash durante cerca de 4 semanas de utilização diária e contínua, como smartphone principal.
Dado que o modelo em análise tem 3 GB de RAM, no modelo com 4 GB de RAM espera-se uma maior quantidade de aplicações prontas a surgir, mas não senti problemas a alternar em aplicações, entre dezenas delas, algumas utilizadas pela última vez há vários dias atrás. Quanto a temperaturas, o Mi 5s aquece apenas ligeiramente, em longos períodos de utilização da câmara ou de um jogo mais pesado, mantendo-se mais fresco que o Mi 5.
No que diz respeito a testes de benchmark, foram obtidos os seguintes resultados:
Quanto ao sensor de impressões digitais, neste novo modelo ultra-sónico foi perdida alguma precisão, havendo agora mais dificuldade no reconhecimento da impressão digital, embora seja igualmente rápido quando correctamente reconhecido. Embora considere que do ponto de vista do utilizador tenha havido uma pioria, não tem uma relevância muito significativa, pois funciona na maioria das vezes. Simplesmente “erra” mais que o sensor presente no Mi 5.
De notar ainda que, relativamente ao alcance Wi-Fi, o Mi 5s tem um desempenho acima da média, conseguindo uma força de sinal semelhante à de um computador portátil, que geralmente é sempre superior a qualquer smartphone.
5 – Câmaras
O Mi 5s traz uma câmara principal com um novo sensor, Sony IMX378 de 12 MP com uma dimensão de 1/2.3″, tipicamente utilizado em câmaras digitais compactas de entrada de gama. Com um sensor de maior dimensão, há mais espaço para captar luz, daí a Xiaomi referir que se trata de “Ultra Light Sensitive Camera”.
Infelizmente não tem estabilizador óptico de imagem, algo que não faz qualquer sentido tendo em conta a excelente prestação desse mecanismo no Mi 5. Em vez disso, existe uma estabilização electrónica feita por software, apenas disponível para vídeo 1080p ou 720p, onde não há qualquer estabilização para vídeo 4K.
Foi notada alguma dificuladade no foco automático, principalmente em pontos muito afastados (acima de 50 metros), onde o foco fica quase sempre afastado do ponto de foco óptimo, utilizando a focagem com toque no ecrã.
Em vídeo, a estabilização electrónica de imagem funciona razoavelmente, mas pode por vezes não fazer o efeito esperado. Também o som captado é de baixa qualidade, com quase total ausência de graves. No final desta secção pode encontrar um botão para download de vários exemplos se fotos e vídeos, onde é possível observar alguns dos casos referidos.
Quanto à aplicação nativa da câmara, é igual à já existente na generalidade dos dispositivos Xiaomi, mas traz algumas funcionalidades novas. Além das funcionalidades habituais como HDR, modo panorama, modo áudio (disparo desencadeado por ruído), modo manual (com ajuste de brancos, foco, tempo de exposição e ISO), modo gradiente (para capturar fotos sempre direitas), ajuste de tom de pele, modo olho de peixe e detecção de rostom, traz ainda o modo foto de grupo (GroupShot) para a câmara traseira e frontal, e o modo Magic Mirror para a câmara frontal, que ajuda a perceber o nível óptimo de “beleza” necessário a adicionar à selfie.
Outro ponto negativo é a grande proximidade que a câmara tem da lateral. Mesmo tendo algum cuidado, facilmente se estraga uma fotografia com um “dedo intruso” colocado inadvertidamente ao alcance da câmara, como se pode ver no exemplo abaixo.
De seguida estão alguns exemplos de fotos.
Download fotos originais Xiaomi Mi 5s
6 – Autonomia
Os 200 mAh a mais existentes no Mi 5s, face ao Mi 5, não se traduzem em nada relevante. A autonomia é muito semelhante, de 2 dias para uma utilização moderada e de 1 dia para uma utilização intensiva. O SoC 821 é mais potente que o 820, com a mesma arquitectura de 14 nm, portanto, o consumo deverá ser ligeiramente superior no Snapdragon 821, onde a capacidade extra da bateria irá compensar essa diferença.
No que diz respeito à velocidade de carregamento, é praticamente igual ao Mi 5. É assim possível fazer uma carga de 10% até 65% em 30 minutos e até 90% em apenas 50 minutos.
7 – Veredicto
Há alguns pontos que criam alguma confusão quanto ao verdadeiro objectivo da Xiaomi no lançamento deste smartphone “intermédio”, na gama alta. Se por um lado estamos perante a normal actualização de processador e bateria, com um “refresh” no design, por outro há algum retrocesso em funcionalidades como o estabilizador óptico de imagem (que já não existe), no LED de infravermelhos para servir de controlo remoto universal (que já não existe), e no sensor de impressões digitais que, embora renovado, não melhorou do ponto de vista do utilizador. A reunião de todas estas especificações e atributos num smartphone poderá estar a ser guardada para a próxima versão, que deverá ser o Mi 6, e poderá ser esta a estratégia da Xiaomi.
Em todo o caso, não é possível dizer que o Mi 5s é melhor que o Mi 5 em tudo, porque não o é. O design é igualmente bonito, o ecrã é deslumbrante, a câmara satisfaz e o desempenho é o melhor que poderia ter. A autonomia está alinhada com a concorrência e, em velocidade de carregamento, mais rápido é difícil de encontrar.
Se quer adquirir um smartphone topo de gama Xiaomi, o Mi 5s é sem dúvida a opção a considerar. Por outro lado, se já tem o Mi 5 e está a ponderar a troca pelo Mi 5s, na minha opinião não vale a pena o investimento.
Quanto à rede de dados LTE, tal como acontece na maioria dos smartphones Xiaomi, não é suportada a banda 20 (800 MHz) em utilização em Portugal (fora dos grandes centros). Isso não é de todo um problema, pois na maioria dos casos uma ligação 3G é suficiente. Já quando há 4G, o resultado deverá ser semelhante a este.
Preço e Disponibilidade
O Xiaomi Mi 5s pode ser adquirido na HonorBuy por cerca de 315€ para a versão de 3/64GB e por cerca de 392€ para a versão de 4/128GB. Poderá utilizar o voucher PPLWARE para usufruir de um desconto de 5€.
Agradecemos à HonorBuy a cedência do Xiaomi Mi 5s para análise.