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Análise: Nintendo Switch, uma nova forma de jogar

Em 2004, a Nintendo começava a experimentar novas formas de jogar, com os dois ecrãs na portátil Nintendo DS e subsequentes iterações, seguindo-se os motion controls da Wii e o gamepad da Wii U, que ora servia para complementar o que se joga no grande ecrã, ora podia servir para jogar “off TV”.

Quase cinco anos após o lançamento da Wii U, a Nintendo volta a emergir e lança no mercado a Nintendo Switch, aquela que representa uma nova forma de jogar.


Conceptualmente, tudo isto parece simples… tremendamente simples, certo?! Oferecer aos jogadores a possibilidade de começarem uma jogatana na sua sala de estar e, de uma forma ininterrupta, pegar na consola e levá-la para a rua, continuar a jogar e, ao voltar a casa, terminar a sessão de jogo, sem qualquer problema ou quebra.

Essa foi a promessa quando a consola foi apresentada em Outubro de 2016, mantendo os ideais divertidos e family friendly pelos quais a Nintendo tem vindo a ser conhecida.

O Pplware tem tido a oportunidade de explorar tudo isto e mais alguma coisa e gostaríamos de partilhar convosco o que achamos da nova consola da Nintendo.

 

Design

Não entrando no campo das comparações entre a Switch e as restantes consolas do mercado, a nova consola da Nintendo apresenta-se como sendo… diferente.

Enquanto consola de sala (ligada a uma TV), a Switch tem de estar acoplada ao Nintendo Dock e, verdade seja dita, o formato do conjunto (especialmente se possuirmos os Joy-Cons laranja e azul) acaba por não encaixar em todas as decorações de sala. Já a versão com Joy-Cons cinzentos será mais adaptável. Contudo, não se pode negar que a consola é “maneirinha”, ocupando pouco espaço.

A Dock serve tanto para colocar a consola no modo tradicional (de sala), como para a carregar e tem também como funcionalidade servir de hub entre a consola e a TV (via HDMi).

A consola propriamente dita, no modo portátil é um pouco maior que a Playstation Vita ou Nintendo 3DS, equiparando-se ainda a muitos phablets do mercado. E é no modo portátil que a consola revela toda a sua sensualidade, apresentando-se com linhas sóbrias e rectilíneas mas com uma leveza e sensação ao toque bastante confortável. O plástico que envolve o ecrã da Switch é macio e suave, o que não quer dizer que seja escorregadio e propenso a quedas.

O ecrã táctil, com uma certa tonalidade sombria, confere à Switch uma beleza e sensualidade ainda mais acentuada.

 

Os famosos Joy-Con

À primeira vista, os Joy-Con parecem demasiado pequenos, mas rapidamente nos habituamos a tê-los nas mãos ou a utilizar no Grip, que os transforma num comando bastante confortável. Pessoalmente, não gosto do D-Pad partido (à semelhança do comando da Playstation 4), mas ainda não me causou transtorno ao ponto de sentir necessidade de comprar um Pro Controller (que traz D-Pad integral). Talvez não sejam o mais perfeito ergonomicamente, mas são funcionais quanto baste.

 

O carregamento

Os Joy-Con assentam a sua sincronização com a consola via Bluetooth 3.0, têm uma autonomia esperada de 20h, apenas sendo possível carregar quando ligados à consola ou num Grip Controller especial. Uma vez que tenho dividido bastante o tempo entre a dock e portátil não notei ainda falta de bateria. Só o carregamento durante a utilização é que fica em falta. Como alternativa existe o Pro Controller (ou a o Joy-Con Charging Grip).

Se quisermos transitar para o modo portátil, basta ligar os Joy-Con à consola e tirá-la da dock – esta transição é mais fácil que a contrária, onde é necessário carregar num botão em cada Joy-Con atrás e em cima, em que praticamente carregamos nos botões todos para os separar.

 

As funcionalidades e o destaque para o HD Rumble

Uma das funcionalidades novas mais importantes que a Nintendo apresentou com os Joy-Cons é aquilo a que chama de HD Rumble. Na prática é a possibilidade dos Joy-Cons simularem, através de vibrações a sensação de conteúdo e movimento.

Existe um jogo no 1-2 Switch que ilustra na perfeição essa característica. Imaginem que têm na mão uma caixa com algumas bolas lá dentro e que têm de acertar o número de bolas meramente pelo facto de inclinarem a caixa. O HD Rumble permite que o Joy-Con vibre tal e qual como a caixa vibraria se estivesse na nossa mão. É impressionante e extremamente realista e abre portas a inúmeras ideias que a comunidade programadora de jogos pode aproveitar. No entanto, também o GamePad da Wii U era inovador e nem sempre foi aproveitado da melhor maneira…

Uma vez que ambos os Joy-Cons se apresentam como sendo metades de um “possível” controlador tradicional, é normal que sejam simétricos. Isto para simular a configuração típica de analógicos e D-Pads desses controladores. No entanto, a configuração dos analógicos não se encontra de forma totalmente simétrica, havendo inclusive um posicionamento pouco natural do analógico direito que se encontra ligeiramente desviado para cima e para a direita.

Nada disso é impeditivo, pois trata-se de uma questão de adaptação do polegar direito… mas não deixa de ser estranho. Contudo, a explicação é simples, pois para se jogar em multiplayer, eles ficam praticamente iguais.

 

Um conceito totalmente diferente

Quando olhamos para as especificações da consola, sabemos que há aspetos na qual não chega aos calcanhares da Sony e da Microsoft. Não é expectável jogar em 4k na Switch, nem sequer jogar sempre 1080p com 60fps, nem teremos todos os jogos nas três consolas. Aliás, também isso nunca foi um objetivo claro e inegável da Nintendo. Claramente a Switch está numa liga à parte, e isso é uma coisa boa.

Uma das coisas creio que não será grande surpresa. A Switch, com o seu chip Tegra da NVidia, não foi feita para competir diretamente com a Playstation 4 nem Xbox One, mas… será que é esse o objetivo da Nintendo no final de contas? Eu acredito que não…

Acredito que a Nintendo se pretende situar com a Switch, numa linha à parte e creio que essa aposta será recompensada, pelo menos com a comunidade fã da marca japonesa. Quanto à angariação de novos fãs… o tempo o dirá, mas a Switch tem tudo para o conseguir.

A Nintendo Switch apresenta ainda a possibilidade de se ligar ao mundo através de Bluetooth 4.1 e de uma ligação wireless, via protocolo IEEE 802.11 a/b/g/n/ac.

 

Um ecrã tátil extraordinário

O touchscreen da Switch (6,2″ e 720p) é extraordinário, e além da beleza que lhe confere e que mencionei mais acima, tem ainda a capacidade de ser brutalmente superior ao da Wii U, sendo bem mais responsivo e sem delays na interação. É, no entanto, um pouco refletora, particularmente em ambientes com muita luminosidade, mas felizmente existe a opção de gestão de brilho (apenas em modo portátil).

O giroscópio e acelerómetro que vêm com a Switch ajuda a compor o ramalhete mas, algo muito interessante é o sensor de luminosidade que apresenta.

Um dos problemas mais badalados da consola prende-se com a sua capacidade de armazenamento. Realmente é algo castrador, pois o disco interno com apenas 32 Gb, dos quais 7 Gb estão confiados ao sistema operativo, parece-me pouco. É claro que a alternativa será sempre a de compra de cartões SD, podendo ir até aos 2 TB.

Uma das coisas que nos apercebemos é que a consola é bastante silenciosa. Mal se ouve o ronronar, quando se liga e, durante as sessões de jogo nem se dá por ela. E um outro pormenor que me parece extremamente importante, o do aquecimento. No uso que temos dado à consola, viemos com grande satisfação a notar que a mesma aquece muito pouco mesmo após várias horas de Breath of the Wild.

 

E o resto?!

Creio que a esta altura do campeonato o que ainda decepciona um pouco é a falta de alternativas/aplicações multimédia disponibilizadas. Refiro-me, claro está, a um browser decente, a uma App Youtube, NetFlix… e por aí fora.

No caso dos vídeos, até agora os poucos que são reproduzidos estão disponibilizados na eShop e página de novidades. Essas ausências são inexplicáveis especialmente se tivermos em conta que a própria Wii U possui.

O preço pode não ser para qualquer pessoa, mas deve-se ter em conta que são duas consolas em uma e que, do essencial, só falta mesmo um joguinho (esperemos que venha aí um pack com o Splatoon 2, por exemplo).

Ao contrário da Wii U, acho que a Nintendo acertou perfeitamente nas apresentações e no marketing da switch e na velocidade a que estão a sair títulos novos (para algumas pessoas poderá ser lento demais).

Outra ausência de peso, e que esperemos que venha em breve, tal como a Nintendo já confirmou, é a Virtual Console. Segundo a marca nipónica será até ao final do ano… esperemos que sim.

 

Jogos

Uma das conclusões mais fáceis de tirar, após o primeiro mês de uso da Switch, é que, efetivamente, se trata de uma consola para jogos. Neste momento, e face à falta de outros aplicativos, é precisamente isso que a consola é. Com o decorrer dos próximos meses, certamente que a Nintendo irá lançar atualizações que irão, com toda a certeza, abrir o leque de opções da consola.

No entanto, e no capítulo que mais interessa, os jogos, a consola encontra-se bastante bem apetrechada. Apesar de para muitos jogadores (destas e de outras andanças/plataformas) o ritmo a que os novos jogos têm sido lançados/anunciados poder ser considerado lento, a verdade é que já há alguns bons títulos disponíveis ou a caminho e quase a chegar.

Relativamente aos jogos é imperativo mencionar em primeiro lugar o 1-2 Switch, que é composto por mais de 20 mini-jogos e que demonstra todas as outras competências da consola.

Como é óbvio, não poderemos tirar desta equação o magnifico The Legend of Zelda: Breath of the Wild, que foi desenvolvido em simultâneo com a consola de forma a que ambos pudessem ter sido lançados no mercado ao mesmo tempo. Breath of the Wild é, como tivemos ocasião de ver aqui, um jogo Nintendo em toda a sua dimensão da palavra (mesmo tendo em atenção que não se trata de um party game e que foi uma port “rápida” da Wii U) e ajudou e muito ao sucesso imediato da consola.

Mais recentemente temos o Mario Kart 8 Deluxe, extremamente competitivo (ocasionalmente frustrante) e também excelente para jogar com em multiplayer, tanto localmente como online.

Contudo, além de Breath of the Wild e Mario Kart, existem inúmeras outras opções (algumas já no mercado) e que permitem sorrir ao ver o futuro que espera a nova consola da Nintendo. Apesar de títulos como Call of Duty: World War II ou Red Dead Redemption não terem sido anunciados para a Switch, existem muitos que prometem uma maior diversidade de opções aos amantes de quase todos os tipos de gaming. Super Mario Odissey, Splatoon 2, NBA Playground, Minecraft, Disgaea 5, One Piece Unlimited World Red, entre muitos outros.

Resta saber qual a direção que os grandes estúdios de desenvolvimento vão adoptar neste capítulo e irão levar a cabo um forte investimento na Switch, pois isso será certamente crucial para que a nova consola se apresente firme e hirta durante muito tempo, tal como esperamos.

 

Feitas as contas…

Em termos de considerações finais, a Nintendo Switch é, na atualidade, uma consola de gaming que alia de uma forma extraordinária todo o ADN Nintendo.

Vejamos… a Switch é uma consola super-divertida e que se propõe (e consegue) deliciar toda a família com momentos de diversão únicos. O 1-2 Switch é o exemplo mais imediato deste tipo de divertimento instantâneo.

No entanto, tirem o “cavalinho da chuva” todos os que pensam que a consola se resume a isso. Nada disso… além de proporcionar bons momentos em grupo, a consola apresenta ainda condições mais que suficientes para levar os jogadores menos casuais e menos virados para parties a jogar. O leque de jogos que vem a caminho fornece pistas bastante claras disso mesmo e, mesmo sem atingir a sofisticação da Xbox One, Playstation 4 ou Project Scorpio, os jogadores mais inveterados não se sentirão totalmente esquecidos pela marca japonesa.

Não nos podemos esquecer ainda do caráter exploratório que a marca japonesa tem vindo a demonstrar nos últimos anos. A mudança de paradigma que a Nintendo traz ao mercado com o facto da Switch ser uma consola mista acaba por ser um excelente cartão de apresentação. Com a Switch, a Nintendo ultrapassa as barreiras da nossa casa e permite ao jogador levar os seus jogos para todo o lado. Esta é uma mudança bastante importante ilustrando o caráter inovador da marca. Também sintomático deste perfil altamente inovador da marca japonesa surgem os Joy-Cons e as suas próprias features (HD Rumble simplesmente delicioso).

Não será abuso referir que com a Switch, abrem-se novas portas aos estúdios de desenvolvimento de jogos. Resta saber se a maior parte deles vai entrar.

Não poderia deixar de mencionar aquele que será talvez o ponto mais problemático/controverso da consola, acessórios. Conforme vimos ao longo do artigo, a própria consola acaba por incentivar a alguns gastos extraordinários para optimizar o seu uso. como são os casos do Pro Controller ou Joy-Con Charging Grip. Não quer dizer que sejam imperativas essa aquisições mas… 

Bem feitas as contas, nós estamos convencidos e rendidos à Switch, acima de tudo pelas inúmeras potencialidades que a consola apresenta enquanto dispositivo de lazer em qualquer lugar, em qualquer altura. Venham mas é daí, quer novos Updates com novas funcionalidades e mais jogos pois queremos mais… muito mais!

 

Equipamento Quantidade
Consola Nintendo Switch 1
Nintendo Switch Dock 1
Joy-Con 2
Pulseiras para Joy-Con 2
Joy-Con Grip 1
Cabo HMDi 1
Nintendo Switch AC Adapter 1

Nintendo Switch

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