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Análise ao Gear Fit da Samsung

No mercado há já quatro meses, o Samsung Gear Fit faz parte de uma família de smartwatches desenvolvidos pela Samsung. Na verdade, este é o mais simples dos relógios que a empresa lançou até agora e é dedicado principalmente aos amantes do desporto e do estilo de vida saudável.

O Gear Fit esteve em análise no Pplware durante algumas semanas e agora apresentamos mais do que uma análise detalhada a este equipamento, pois este artigo serve também como um pequeno guia de utilização do Samsung Gear Fit.

Foi com o Samsung Galaxy Gear que a Samsung deu início a uma verdadeira caminhada no mundo dos smartwatches. Apresentado no IFA 2013, este foi o primeiro relógio inteligente com sistema operativo baseado em Android. Contudo, com o decorrer dos meses, foi-se revelando um verdadeiro fiasco, as vendas foram moderadas e a taxa de devolução deste gadget atingiu os 30%.

Talvez a prematuridade com que foi colocado no mercado tenha ditado estes resultados. Ou, pelo contrário, este smartwatch não tenha passado de um teste da Samsung para perceber o interesse por parte dos utilizadores por este tipo de equipamento, já que poucos meses depois acabou por colocar mais 3 destes relógios no mercado: o Gear 2, o Gear Neo e o Gear Fit. Assim que a Google apresentou o Android Wear, mais um Gear foi apresentado, desta vez o Gear Live.

A curiosidade pela utilização de um destes dispositivos é grande, sem dúvida, e estar 5 minutos a mexer-lhes numa lojas não revela nem permite tirar qualquer conclusão acerca deles.

Como tal, a Samsung disponibilizou-nos o Samsung Gear Fit bem como um Galaxy S5, para que durante alguns dias pudéssemos perceber e conhecer realmente todas as funcionalidades deste relógio, que acaba por se adaptar tanto ao desporto como a qualquer situação do dia-a-dia.

O Gear Fit é o mais simples e com menos funcionalidades de todos os relógios da marca. O seu sistema operativo foi desenvolvido pela Samsung: não falamos nem do Android Wear nem do Tizen, apenas um sistema proprietário de nome não revelado. A sua utilização depende da compatibilidade com um dos 17 equipamentos, smartphones ou tablets, todos eles Galaxy da Samsung.

Equipamentos compatíveis

  • Samsung Galaxy S5
  • Galaxy Grand 2
  • Galaxy Note 3
  • Galaxy Note 3 Neo
  • Galaxy Note 2
  • Galaxy S4
  • Galaxy S3
  • Galaxy S4 Zoom
  • Galaxy S4 Active
  • Galaxy S4 mini
  • Galaxy Mega 6.3
  • Galaxy Mega 5.8
  • Galaxy Note 10.1 (2014 Edition)
  • Galaxy Note PRO (12.2)
  • Galaxy Tab PRO (12.2/10.1/8.4)

 

Características Gerais

O Samsung Gear Fit é um pequeno e leve relógio, de apenas 26.94 grama e uma dimensão de 57.4 x 23.4 x 11.95 milímetros. A bracelete em plástico mole com um padrão em xadrez, apenas com o seu nome inscrito, é facilmente removível e o utilizador pode usufruir uma vasta gama de cores adaptáveis a várias situações e ao seu gosto pessoal.

O Gear Fit apenas tem o botão de Power colocado numa das laterais e o sensor de batimentos cardíacos encontra-se colocado na parte inferior do relógio para um contacto directo com o pulso.

O ecrã Super AMOLED é curvo e tem 1.84 polegadas com uma resolução de 128 x 432 píxeis. Em termos de sensores, o Gear Fit dispõe do sensor de batimentos cardíacos, do giroscópio e do acelerómetro.

Fica a faltar o GPS, já que para exercícios ao ar livre, se quiser guardar o percurso feito, há necessidade de levar o smartphone juntamente com o relógio. Assim sendo, o relógio passa a ser dispensável para essa a monitorização visto que a maioria dos equipamentos transportáveis está munido de todos os sensores necessários e o Galaxy S5 ainda dispõe do sensor de batimentos cardíacos.

Este é um relógio com certificado IP67 de resistência a água e a poeiras, certificado este que não poderia faltar num relógio que se pretende que seja dedicado ao desporto.

Dentro da caixa, os acessórios não são muitos, ela apenas vem com o Gear Fit, o carregador, a doca de carregamento e os manuais de instruções e garantia habituais.

 

Configuração do Samsung Gear Fit

Tal como já foi referido, o Samsung Gear Fit exige a utilização de um dos 17 Galaxys da Samsung compatíveis e essa exigência é perceptível logo no primeiro momento em que se liga o equipamento, onde surge uma mensagem que indica o procedimento que deve ser seguido para configurar e sincronizar os dois equipamentos.

Este procedimento já foi explicado em vídeo num artigo publicado há uns dias e que voltamos a deixar aqui na análise.

Em primeiro lugar, deverá ligar o Gear Fit e instalar no dispositivo Galaxy compatível a aplicação de gestão do Gear Fit, através da Samsung Apps, a loja de aplicações da Samsung. Poderá aceder directamente à aplicação aqui.

Em seguida, terá que aguardar que o Galaxy encontre o Gear Fit. Toque sobre o dispositivo encontrado e depois confirme tanto no smartphone como no relógio o código de acesso para emparelhamento dos dois equipamentos, por fim deverá aceitar os termos e condições de utilização e o Gear Fit está pronto a configurar e utilizar.

No Gear Fit terá de começar por escolher o pulso onde vai utilizar o relógio e é lhe devolvida a informação de que o pedómetro irá começa a contar os seus passos.

 

Configuração do Perfil de Utilizador

Este deverá ser o próximo passo da configuração do smartwatch. Para tal, deverá aceder às Definições > Perfil e ir introduzindo os seus dados.

É importante que também o faça na aplicação de monitorização e gestão do exercício físico do seu smartphone ou tablet, a app S Health, que também se encontra disponível na loja Samsung Apps.

Tem à sua disposição muitas outras definições do Gear Fit que poderão ser alteradas tanto através do relógio como da app de gestão do Gear Fit, desde a imagem de fundo do ecrã, as definições de ecrã como a posição de rotação ou o tamanho dos caracteres, e poderá ainda definir um atalho para o botão de Power. Isto e muito mais.

 

Funcionalidades do Gear Fit

No próximo vídeo poderá ver com mais detalhe a interface, opções e funcionalidades do Gear Fit.

 

1. Monitorização do exercício físico

Sendo este relógio um equipamento “fit”, são-lhe conferidas algumas funcionalidades que permitem isso mesmo, monitorizar desde os simples passos que se dão no dia-a-dia, até à corrida, à volta de bicicleta ou a uma caminhada ao ar livre.

Ao seleccionar um do exercícios que vai praticar, à excepção dos passos diários, existe uma série de opções programáveis, nomeadamente os objectivos que se pretendem atingir. Por exemplo, quem vai correr, pode definir a distância que pretende atingir, as quilocalorias que quer queimar com o treino ou a duração da corrida. Depois ainda é possível definir se quer que os batimentos cardíacos estejam a ser constantemente monitorizados. Neste último caso, depois de terminado o exercício, o utilizador terá a informação dos número máximo, médio e mínimo de batimentos por segundo durante o treino.

anterior próxima

Todas estas opções funcionam de forma muito intuitiva e a sincronização de dados com o S Health é perfeita, contudo, existe uma falha que, na minha opinião, é o grande ponto fraco deste dispositivo: a ausência de GPS. Por este motivo, todo o exercício feito ao ar livre obriga à utilização do smartphone para a gravação do percurso, sob pena dessa informação ficar omissa no histórico.

Como tal, para quem quer gravar todo o percurso, o Gear Fit é quase dispensável. Actualmente, qualquer smartphone que se preze grava na perfeição quase todos os dados que o Fit permite (com excepção óbvia para a medição contínua de batimentos cardíacos) e ainda os dados de localização. Mas para quem corre no ginásio, ou simplesmente não quer ter a informação associada ao GPS, o Gear Fit é perfeito.

Relativamente ao pedómetro, o relógio da Samsung parece não se enganar muito nas contas. Sempre que se começa a andar, ele não inicia logo a contagem dos passos, o que poderia ser uma falha, no entanto, há depois um “acerto” dos passos, o que no final de contas acaba por bater tudo mais ou menos certo.

De notar que nestes testes utilizei simultaneamente o pedómetro do Gear Fit e o de um smartphone. No final, a diferença de passos era reduzida para se poder apontar qualquer defeito à contagem.

 

2. Sensor de batimentos cardíacos

Sobre o sensor de batimentos cardíacos parece haver uma certa imprecisão. Ao utilizar simultaneamente o sensor do Galaxy S5 e do Gear Fit (não sincronizados), nem sempre os valores eram correspondentes, e ao repetir os testes várias vezes seguidas os valores alteravam-se, por vezes com desfasamentos de 30 batimentos por minuto.

Não é que seja grave, mas pode ser assustador para quem, como eu, não percebe muito destas questões, quando de repente a frequência cardíaca que se situa normalmente nos 60-70 batimentos cardíacos por minuto, passa para 110 com o mesmo nível de esforço. Depois percebi-me que era mesmo imprecisão do sensor, que poderá ter que ver com a posição do braço, ou do relógio no pulso… ou simplesmente má qualidade nessa detecção.

 

3. Monitorização do sono

A monitorização do sono é um processo bastante simples. Quando se deita para dormir, apenas deve manter o relógio no pulso e iniciar a acção em “Sono” no relógio. Enquanto dorme, o relógio vai detectar os seus movimentos. Ao acordar, deverá desligar a acção e ser-lhe-á indicado o tempo que esteve a dormir em repouso absoluto e o tempo em que esteve mais agitado.

Na S Health todos estes dados são tratados para posteriores análises. Em termo práticos, não vejo qualquer vantagem nem qualquer proveito que se possa tirar através desta monitorização, a não ser o mero factor “curiosidade” que se perde ao fim de uma semana de utilização, até porque acaba por não ser muito prático dormir com o relógio durante toda a noite.

 

4. Notificações

Esta é uma das funcionalidades mais interessantes e vantajosas deste relógio. Estando o Gear Fit ligado ao smartphone através de Bluetooth, sempre que é contactado, através de chamada telefónica ou SMS, o relógio vibra e recebe no pulso todas as informações do contacto.

No caso de receber uma chamada telefónica e que não possa atender através do smartphone, poderá simplesmente rejeitar a chamada, ou enviar uma mensagem pré-definida a esse contacto. No caso dos SMSs, terá também uma lista de respostas rápidas pré-definida. Todas estas mensagens são editáveis e há possibilidade de aumentar a lista de mensagens através da aplicação de gestão do Gear Fit no Galaxy utilizado.

Além destas notificações padrão, o utilizador pode definir todo o tipo de notificações que quer receber no seu Gear Fit através da aplicação de gestão, desde notificações de e-mail às redes sociais. Basicamente, de todas as aplicações que permitem recepção de notificações no smartphone.

 

5. Outras Funcionalidades

 

Autonomia

O Samsung Gear Fit, relativamente à autonomia, leva um ponto positivo.

Para o carregamento, o Gear Fit dispõe de uma doca que é ligada pela parte de baixo do relógio, onde estão colocados os contactos, junto ao sensor de batimentos cardíacos. O carregamento completo é feito em menos de 2 horas.

A bateria é de 210 mAh o que se traduz numa autonomia de aproximadamente 5 dias sem utilização das funcionalidades de exercício. Com 1 hora de exercício diário, com o sensor de batimentos cardíacos constantemente ligado durante o exercício, o Gear Fit dura 2 a 3 dias.

A autonomia do Galaxy S5, durante os testes, não foi afectada pela sincronização constante por Bluetooth com o Gear Fit.

 

Veredicto

O Samsung Gear Fit encontra-se disponível em Portugal por um preço médio de 181,61€, valores do KuantoKusta, ainda assim, existem várias lojas que o têm disponível por cerca de 150 euros. Noutros casos, é possível adquirir o relógio em conjunto o Galaxy S5 em promoções mais convidativas.

No entanto, para as funcionalidades deste equipamento e pela obrigatoriedade de compatibilidade com um Galaxy, parece ser um preço exagerado. Algo que rondasse os 100 euros seria um preço mais justo para este tipo de equipamento, considerando as capacidades que tem.

Os materiais do relógio são bastante resistentes. Durante as 2 semanas de utilização contínua não ganhou nenhum risco nem aparentou qualquer defeito. A utilização nos primeiros dias foi bastante cuidada, mas rapidamente me apercebi que este é um verdadeiro relógio para o dia-a-dia.

Apesar de ser resistente à água evitei o contacto sempre que possível, retirando-o sempre que tomava banho, por exemplo, procedimento normal que se deve ter com qualquer relógio, seja ele resistente ou não.

Uma dúvida deixada por alguns leitores prendia-se com a transpiração provocada pela bracelete e com a irritação subjacente. Há que ter em conta que apesar deste ser um gadget para o dia-a-dia, foi desenhado e pensado essencialmente para os praticantes de desporto, portanto a bracelete não deverá provocar irritações na pele devido à transpiração, e na verdade não senti qualquer problema com isso. Obviamente que no final de uma corrida ou de uma caminhada deve retirar-se o relógio e eventualmente até lavar a bracelete, mas durante o dia não senti qualquer desconforto.

Já para dormir com ele, para a monitorização do sono, é mais desconfortante já que acordei durante a noite com alguma irritação, tendo que o retirar, principalmente nas noites mais quentes.

Relativamente à monitorização das actividades físicas, as estatísticas foram bastante satisfatórias e congruentes com o que tinha vindo a fazer com o smartphone que me acompanha durante os treinos. Tem a vantagem de fazer uma monitorização constante da frequência cardíaca, que para quem tem esses valores em consideração é uma vantagem, além de que é um acessório pequeno que não incomoda em momento algum.

A definição de objectivos é outro ponto positivo deste Gear Fit, já que para quem treina poderá ser um incentivo para melhorar de dia para dia. Sempre que os objectivos são cumpridos, o utilizador recebe uma medalha, mais uma forma de incentivar a que no próximo dia o desempenho seja ainda melhor.

Contudo existe uma grande desvantagem, a falta de GPS, que faz com que todo o percurso que não seja acompanhado pelo smartphone não fique registado em termos de localização. Pessoalmente, gosto de ficar com essa informação gravada, e nem sempre dá jeito acompanhar o treino com o smartphone, muito menos se o dispositivo compatível for um tablet. Se existem dispositivos no mercado muito mais baratos que incluem GPU, a Samsung só teria a ganhar se o tivesse incluído também.

As notificações do smartphone no Gear Fit conferem outros dos aspectos positivos já que evita a perda de várias chamadas ou as mensagens importantes que chegam ao smartphone, quando o smartphone está em silêncio, dentro da mala ou em qualquer divisão da casa longe do ouvido.

Apesar do sistema operativo não permitir grande interacção com o utilizador, para quem tem um Galaxy compatível, ou pretende adquirir um, este será um gadget simples mas interessante para os amantes das actividades físicas ou das simples caminhadas ao ar livre.

 

Aspectos positivos

 

Aspectos negativos

  Esta é a primeira análise no Pplware a um relógio considerado inteligente mas mais se seguirão, como o LG G Watch, com o Android Wear, que já se encontra também em análise, sobre o qual já apresentámos as primeiras impressões.

O Pplware agradece à Samsung pela cedência do Samsung Gear Fit e do Galaxy S5 para análise.

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