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Nova técnica forense permite identificar pessoas a partir de fragmentos de cabelo

Já todos sabemos, quer seja através de filmes ou séries televisivas, que uma pessoa pode ser identificada através de amostras do seu cabelo. Mas para esta técnica funcionar, é necessário que o cabelo esteja anexado a células da pele, a partir das quais se extrairia DNA.

Recentemente, foi demonstrado um novo método que possibilita a utilização de pequenos segmentos de cabelo isolados da pele. Isto é alcançado através das proteínas existentes no fio de cabelo.


O cabelo tem diversas funções biológicas. Por exemplo, pode oferecer proteção contra radiação solar. Os pelos que revestem corpo têm o propósito de regular a temperatura corporal. E as pestanas protegem os nossos olhos contra o pó.

Independente do local onde é encontrado, cada fio de cabelo nasce e cresce a partir de umas estruturas chamadas folículos pilosos. Estes folículos são formados por uma camada de pele e tecido conjuntivo. Além disso, os fios de cabelo são constituídos por proteínas, entre as quais se encontra principalmente α-queratina.

No campo da investigação forense podem ser utilizados vários materiais biológicos para identificar uma pessoa. Desde sangue até ossos. Mas, a sua utilização depende do estado de preservação. Havendo materiais biológicos muito mais resistentes que outros, como por exemplo, os dentes e os ossos.

Uma das evidências preferidas para a identificação humana é o DNA. Esta molécula é bastante específica e, portanto, permite identificar pessoas com bastante precisão. Contudo, se a amostra de DNA estiver degradada maior será a dificuldade para concretizar esta tarefa.

Tipicamente, o cabelo não contém DNA (neste caso, DNA nuclear) no seu interior. Apenas a raiz do cabelo que se encontra ligada à pele contém esta molécula. Assim sendo, pequenos fragmentos de cabelo seriam inviáveis para a sua utilização como evidência. Ou será que não?

Na verdade, as proteínas não são exatamente iguais de indivíduo para indivíduo. E, de facto, existem pequenos peptídeos das proteínas do cabelo que apresentam uma sequência variável de aminoácidos de indivíduo para indivíduo. E podem ser utilizadas para a identificação humana. Estes são designados de GVPs (Genetically Variant Peptides).

Então, porque não se avaliavam GVPs anteriormente? O que mudou?

Ora, até agora os métodos utilizados para isolar proteína de cabelo envolviam passos de aquecimento e trituramento dos cabelos. E, uma coisa de que as proteínas não são muito fãs é de aquecimento. A partir de uma temperatura específica as proteínas podem ser desnaturadas.

Este processo de desnaturação consiste na perda da estrutura tridimensional das proteínas e consequentemente das suas funções. Por exemplo, a clara de um ovo cozinhado é diferente da de um ovo não cozinhado. Esta perde a sua translucidez e torna-se sólida. Isto é o resultado da desnaturação da albumina, a proteína mais abundante desta parte do ovo.

Neste estudo, os autores conseguiram contornar este problema utilizando um método de extração direta. Que consiste, na extração de proteína através do aquecimento de segmentos de cabelo numa solução de detergente.

Este método permitiu, assim, a análise e identificação de GVPs das proteínas do cabelo.

Apesar disso, esta técnica não é perfeita, tendo de ser melhorada até poder ser utilizada em tribunais. Por um lado, é uma técnica que ainda consome algum tempo (pelo menos 1 dia), e são necessárias pessoas com muita experiência nesta área para a realizar corretamente.

E, por outro lado, existe a probabilidade (1 em cada 10 milhões) de duas pessoas poderem partilhar a mesma sequência proteica.

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