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Será que as velas são cancerígenas?

Provavelmente, já alguém próximo levantou esta possibilidade e lançou o alerta, mas será que as velas são, de facto, cancerígenas?


Após as festividades, é provável que a sua casa tenha assegurado o stock de velas para o resto do ano; são um presente comum e apreciado por muita gente.

Apesar do cheirinho e do conforto que lhe estão associados, levanta-se uma questão pertinente, considerando que envolvem combustão ativa e libertação de moléculas de fragrância, normalmente, num espaço fechado.

 

Então, as velas fazem mal à saúde?

Acho que seria quase impossível não causar algum tipo de poluição interna com qualquer tipo de vela.

Disse Michael Bergin, professor de engenharia civil e ambiental da Duke University, esclarecendo que não importa o tipo de vela, pois ela adicionará sempre algo ao ar circundante.

Claro está que as velas não poluem na mesma escala que os carros, mas os cientistas salientam que queimar qualquer coisa dentro de casa resultará numa maior concentração de algo que não existia antes.

Tecnicamente, as velas são poluentes atmosféricos, pois emitem dois tipos de adulterantes. Um deles, o material particulado (PM), compreende todas as partículas respiráveis e transportadas pelo ar. De particular interesse é o PM2,5, que significa que cada partícula tem menos de 2,5 micrómetros de diâmetro.

Esses minúsculos poluentes são tão pequenos que, uma vez inalados, podem penetrar profundamente nos órgãos, contribuindo para inflamação.

Depois, há os compostos orgânicos voláteis, que são produtos químicos naturais que podem evaporar no ar. Além disso, podem irritar os pulmões e as vias respiratórias.

Não é muito claro o efeito que os poluentes têm sobre a nossa saúde, nomeadamente, em termos de cancro. Contudo, um estudo de 2014, publicado na revista Regulatory Toxicology and Pharmacology, concluiu que “sob condições normais de uso, velas perfumadas não representam riscos conhecidos para a saúde do consumidor”.

Ainda assim, Jeffrey Laskin, professor de saúde ambiental e ocupacional na Rutgers University, refere que há uma escassez de estudos epidemiológicos sólidos de longo prazo e resultados mistos em relação ao que está disponível.

 

Impacto na saúde é difícil de estudar

De acordo com os investigadores, as velas são um campo de estudo complexo, pela sua variedade e pela pluralidade de contextos. Existem velas de vários tipos, como parafina, cera de abelha ou soja, com pavios feitos de cânhamo, algodão e madeira.

Ora, as muitas alternativas de materiais de cera e pavio proporcionam inúmeras combinações de composição de PM e compostos orgânicos voláteis. Mais do que isso, o tamanho e a ventilação do ambiente também influenciam a concentração de PM, o que, aliás, impacta diretamente os riscos para a saúde associados.

Apesar da pouca evidência, Kymberly Gowdy, professora de medicina interna da Ohio State University College of Medicine, destaca que pessoas com patologias presentes beneficiam em ficar longe das velas. Por exemplo, alguém com asma pode ser mais vulnerável, bastando uma vela para causar desconforto respiratório.

De acordo com Kymberly Gowdy, a European Candles Manufacturers Association, sem fins lucrativos, é um bom espaço para procurar dados e estudos atualizados, pois, segundo o Inverse, faz procura ativa e recolha de informações sobre as emissões e a química das velas.

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