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Sabia que o nosso cérebro não processa imagens em tempo real? Só vemos o passado…

Alguma vez se perguntou como é que o cérebro trata toda a informação que os nossos olhos captam? Pois bem, de acordo com um novo estudo, o nosso cérebro não processa imagens em tempo real.

Ou seja, é impossível observar o presente, uma vez que o cérebro precisa de até 15 segundos para o processar.


Quando olhamos para algo ou alguém, não vemos essa imagem no presente, mas com um desfasamento temporal. Esse desfasamento aumenta com a distância e, por isso, quanto mais longe estivermos daquilo que estamos a observar, mais antiga será essa informação recolhida. Isto explica-se com o facto de a velocidade da luz não ser infinita e, por isso, leva um determinado tempo a percorrer uma determinada distância, por mais pequena que essa seja.

Então, quando olhamos para algo, o que vemos realmente são fotões de luz a refletir pessoas e objetos, desde a retina até à produção de um estímulo que cria as imagens no nosso cérebro. Portanto, quando olhamos para algo, não vemos as coisas como estão no presente, mas como estavam na altura em que vimos os fotões de luz.

Se para objetos e pessoas esse desfasamento corresponde a bilionésimos de segundo, quando falamos de observar as estrelas ou objetos mais distantes, a história é outra, uma vez que esse tempo pode aumentar para milhares de milhões de segundo.

De acordo com um estudo, o nosso cérebro é demasiado lento para processar, em tempo real, a quantidade de estímulos visuais a que estamos sujeitos continuamente. Portanto, aquele não nos mostra a última imagem em tempo real, mas uma versão 15 segundos mais antiga.

Se os nossos cérebros estivessem sempre a atualizar em tempo real, o mundo seria um lugar irritante, com constantes flutuações de sombras, luz e movimento, e sentiríamos que estávamos a alucinar o tempo todo.

Explicou David Whitney, coautor do estudo.

David Whitney, coautor do estudo

Este desfasamento temporal pode ser apelidado de “campo de continuidade”, que permite que o nosso cérebro funda o que vê de uma forma consistente, dando-nos uma sensação de estabilidade visual.

O nosso cérebro é como uma máquina do tempo. Continua a enviar-nos de volta no tempo. É como se tivéssemos uma aplicação que consolida a nossa entrada visual a cada 15 segundos numa impressão para que possamos lidar com a vida quotidiana.

Explicou, por sua vez, Mauro Manassi, autor principal do estudo.

 

Estudo prova que o nosso cérebro processa com delay

Os investigadores estudaram um mecanismo cerebral chamada “cegueira para a mudança”. Este promove a perda de mudanças subtis ao longo do tempo, por exemplo, a diferença entre um ator e o duplo entre as cenas de um filme.

Para isso, os investigadores convocaram 100 voluntários e pediram-lhes que olhassem atentamente para rostos que mudavam de idade ou de sexo, em vídeos de 30 segundos. No estudo só foram incluídos olhos, sobrancelhas, nariz, boca, queixo e bochechas, tendo outros pelos faciais e a cabeça sido excluídos.

Ora, depois de pedirem a cada participante que identificasse o rosto que tinha visto no vídeo, detetaram que praticamente todos escolheram uma imagem que tinha passado no meio da sequência, ao invés da última, que seria a mais atualizada.

Poder-se-ia dizer que os nossos cérebros estão a procrastinar. É demasiado trabalho para atualizar constantemente as imagens, pelo que se agarra ao passado, porque o passado é um bom preditor do presente. Reciclamos informação do passado porque é mais rápida, mais eficiente e requer menos trabalho.

Disse Whitney.

O atraso é ótimo para evitar que sejamos bombardeados por informações visuais na vida quotidiana, mas também pode ter consequências fatais quando é necessária precisão cirúrgica. Por exemplo, os radiologistas detetam tumores e os cirurgiões precisam de ser capazes de ver o que está à sua frente em tempo real; se os seus cérebros estiverem enviesados para o que viram há menos de um minuto, podem perder alguma coisa.

Explicou Manassi.

 

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