Em altura de temperaturas recorde, importa saber até quanto conseguimos aguentar, enquanto seres humanos. Tem alguma ideia do quão quente é muito quente, para nós?
Recentemente, vimos aqui que o mês de julho trouxe consigo uma série de recordes no que às temperaturas diz respeito, com a passada quinta-feira a ser o dia mais quente alguma vez registado na história do planeta.
Com as temperaturas a escalar e as previsões apresentarem-se pessimistas, importa saber até quanto aguentamos, enquanto seres humanos, pois, em algum momento, pode torna-se realmente perigoso estar ao ar livre, à temperatura ambiente.
Quão quente é demasiado quente?
Segundo Lewis Halsey, professor e investigador da University of Roehampton, no Reino Unido, depende de vários fatores: sexo do indivíduo, idade, atividade física, entre outros. Ele e a sua equipa passaram muitos anos a tentar definir uma resposta e, apesar de não ser fácil dá-la concretamente, concluíram que será entre 40º C e 50º C.
Ora, se a barreira dos 40º C for ultrapassada, a situação começa a ser perigosa, uma vez que a taxa metabólica basal aumenta. Esta taxa diz respeito à energia consumida por unidade de tempo num estado de repouso. Idealmente, deve ser mantida o mais baixa possível.
No caso dos humanos, abaixo dos 40º C mantém-se estável. Contudo, uma sendo ultrapassada, começa a aumentar rapidamente, sobretudo, quando a humidade é também elevada. É a partir desta barreira que os riscos começam a surgir.
Em 2021, Halsey procurou explorar como podemos saber quando está demasiado calor. Os resultados da investigação foram apresentados, durante uma conferência do Centenário da Society for Experimental Biology.
Durante o estudo, Halsey e sua equipa submeteram os voluntários a quatro cenários diferentes, durante uma hora. Na primeira, a temperatura foi de 40º C, com humidade de 25%. Depois, a temperatura foi mantida, mas aumentaram a humidade para 50%. Por fim, a temperatura foi aumentada para 50° C, com 25% ou 50% de humidade.
A partir daí, verificaram que, mesmo nas condições mais amenas, com 40º C e 25% de humidade, a taxa metabólica de repouso dos participantes aumentou 35%. Depois, a 50º C com 50% de humidade, aumentou mais 13%.
Considerando que, sob essas condições, a temperatura corporal dos participantes começou a subir, concluíram que os mecanismos habituais, como a transpiração, deixaram de ser suficientes para manter a temperatura do corpo. Portanto, 50º C é muito quente, mas 40º C já é exagerado.
Em situações de muito calor, embora não fosse capaz de estabilizar a temperatura do corpo, a transpiração continuaria a ocorrer, resultando no primeiro problema: desidratação. Depois, o aumento do fluxo sanguíneo periférico, que aconteceria para tentar dissipar o calor pela pele. Por sua vez, isto pode causar problemas como arritmias, síncope ou cãibras. Em situações extremas, o resultado pode mesmo ser a morte.