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Quantas pessoas serão necessárias para colonizar Marte?

Não nos chega a Terra e, por isso, há empresários e agências a pensar em formas de levar seres humanos para Marte. Segundo um novo estudo, não só há um número de pessoas apontado como sustentável para a criação de uma colónia, como há outros elementos a ter em consideração, no momento da sua seleção.


Um novo estudo realizado por uma equipa de investigadores dos Estados Unidos da América concluiu que para sustentar uma colónia durante o tempo suficiente para estabelecer uma presença sustentável em Marte seriam precisas apenas 22 pessoas.

A equipa utilizou modelos e simulações para determinar a dimensão mínima da população inicial para uma colónia de Marte bem sucedida e próspera. Caso a colónia seja menor do que a apontada como ideal, a colonização do planeta vermelho poderá ser um fracasso.

Além do número de pessoas, os investigadores descobriram que a colónia humana em Marte tem de contar com a mistura correta de tipos de personalidade. Isto, para garantir que os selecionados conseguem trabalhar em conjunto durante muito tempo, num ambiente muito isolado. Caso contrário, a colonização poderá não correr bem.

Para além dos desafios técnicos e de engenharia, os colonizadores também enfrentarão desafios psicológicos e de comportamento humano.

O nosso objetivo é compreender melhor as interações comportamentais e psicológicas dos selecionados através de uma abordagem de modelação baseada em agentes (simulação ABM).

Esta modelação baseada em agentes é uma técnica utilizada na investigação económica ou da saúde. De forma simples, são simulações informáticas concebidas para estudar as interações de “agentes” autónomos com poder de decisão num sistema. Embora normalmente se concentrem em pessoas, o sistema pode também incluir objetos, localização e a passagem do tempo.

A equipa incluiu, na sua modelação, quatro tipos de personalidade:

  • Agradáveis, com baixa competitividade, baixa agressividade e baixa fixação na rotina;
  • Sociais, moderadamente competitivos, competitivos nas interações sociais e requerem interação social, mas também têm baixa fixação na rotina;
  • Reativos, moderadamente competitivos, competitivos na interação social e fixados na rotina;
  • Neuróticos, altamente competitivos, agressivos socialmente, altamente fixados na rotina e têm problemas com o tédio.

A cada agente foram também atribuídas competências de duas categorias: gestão e engenharia. Outros fatores, como a disponibilidade de recursos, as relações interpessoais e o alinhamento de tarefas, também foram tidos em consideração.

 

Como perceberam que são precisas 22 pessoas para colonizar Marte?

A equipa estudou as incursões humanas em ambientes isolados sob elevado stress, como a Antártida, submarinos e a Estação Espacial Internacional, por forma a compreender melhor os desafios e os fatores de stress.

Depois, realizou cinco execuções do seu modelo durante um período de 28 anos, variando a dimensão da população de 10 para 170 em aumentos de 10 indivíduos, testando posteriormente populações iniciais ainda mais pequenas.

Uma vez que existem tarefas críticas que têm de ser constantemente realizadas – como a produção de ar, água e alimentos, a remoção de resíduos e a recuperação de acidentes -, foi definido um tamanho de população de 10 como o mínimo absoluto para uma colónia estável. De ressalvar que foram incluídos números iguais de cada tipo de personalidade em cada conjunto inicial.

Após 28 anos, a população inicial mínima capaz de sustentar uma população superior a 10 indivíduos era de 22 pessoas. Contudo, o tipo de personalidade desempenhou um papel significativo. Afinal, “o tipo de personalidade Agradável foi o único a sobreviver durante toda a duração das execuções do modelo”.

Estas descobertas, que ainda não foram revistas por pares, foram apresentadas em pormenor, num artigo publicado arXiv.

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