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Primeiro caso de paralisia das cordas vocais de um adolescente devido à COVID-19

Dias depois de uma infeção por SARS-CoV-2, uma adolescente saudável teve, de forma súbita, dificuldade em respirar. A COVID-19 terá paralisado as suas cordas vocais.


De acordo com um novo relatório, o impacto da COVID no sistema nervoso pode causar paralisia das cordas vocais, em casos raros.

Os autores dizem que este é o primeiro caso de paralisia das cordas vocais num adolescente, após um diagnóstico de COVID-19, embora tenha havido relatos da condição em adultos.

A rapariga precisou de uma traqueostomia – uma abertura na traqueia por baixo da caixa vocal – para manter a respiração, durante mais de um ano.

O vírus tem complicações neurológicas conhecidas, incluindo dores de cabeça, convulsões e neuropatia periférica.

O caso atual revela que a paralisia das cordas vocais pode ser uma sequela neuropática adicional do vírus.

Escreveram os otorrinolaringologistas Danielle Larrow e Christopher Hartnick do Mass Eye and Ear da Harvard Medical School.

 

Adolescente viu as suas cordas vocais paralisadas, após testar positivo à COVID-19

A rapariga de 15 anos apresentou-se no serviço de urgência de um hospital, 13 dias após testar positivo ao SARS-CoV-2. Os sintomas iniciais, incluindo congestão, febre e fadiga, melhoraram, depois de cinco dias. No entanto, nove dias após o teste positivo, ela referiu ter dificuldade em respirar, especialmente quando estava ativa.

Os médicos do serviço de urgência notaram que a sua respiração era rápida e ruidosa ao inspirar, indicando obstrução do fluxo de ar. Isto, apesar de os seus níveis de oxigénio serem normais. Os testes para o SARS-CoV-2 e outras infeções respiratórias foram negativos.

A doente, que tinha antecedentes de asma e ansiedade, foi medicada com esteroides e broncodilatadores, pela suspeita de ataque de asma. Contudo, essa abordagem não solucionou o problema.

Os otorrinolaringologistas examinaram as suas cordas vocais e diagnosticaram um movimento paradoxal das pregas vocais (PVFM), em que as cordas vocais se fecham em vez de se abrirem, quando a pessoa está a inspirar. Depois de direcionarem o tratamento para este problema, perceberam que os sintomas não melhoravam e tornou-se claro que não correspondiam ao diagnóstico.

A menina continuou a ter dificuldades em respirar e desenvolveu novos problemas, como dificuldade em engolir, fraqueza num dos lados, formigueiro e dormência, e andar instável, pelo que foi internada num hospital pediátrico para uma avaliação completa.

Os otorrinolaringologistas examinaram, novamente, as suas cordas vocais e, desta vez, diagnosticaram uma paralisia bilateral, o que significa, de forma simples, que ambas as cordas vocais eram incapazes de se mover.

Apesar desta conclusão, continuavam sem encontrar uma causa para a paralisia – os exames excluíram infeções e doenças neurológicas; os exames ao cérebro e à coluna vertebral não revelaram problemas óbvios que pudessem estar relacionados com os sintomas; e os testes à deglutição também não mostraram associação.

As conclusões dos médicos recaírem sobre a COVID-19, pois a anterior infeção parecia ter enfraquecido as suas cordas vocais e poderia também ser a causa do seu entorpecimento e fraqueza num dos lados.

As injeções de toxina botulínica nos músculos da garganta – um método que demonstrou eficácia no tratamento de algumas patologias da garganta em crianças – não conseguiram aliviar os seus problemas respiratórios. Findas as alternativas, a menina de 15 anos foi submetida a uma traqueostomia. Finalmente, a respiração melhorou.

A sua fraqueza, formigueiro e dormência melhoraram com o tempo, aumentando a probabilidade de estarem relacionados com a sua anterior infeção por COVID-19.

A equipa médica tentou algumas vezes verificar se ela conseguia respirar sem a traqueostomia, mas apenas no 15.º mês após a inserção é que a conseguiram remover com segurança.

Este relato foi publicado na Pediatrics, segundo o Science Alert.

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