Com uma pitada de criatividade, a impressão 3D pode ser aplicada em muitas áreas, resolvendo muitos problemas. Agora, um grupo de cientistas pensou que imprimir pele poderia pôr fim aos testes de cosmética em animais.
A continuação deste tipo de estudo poderia revolucionar os testes de cosméticos, evitando o envolvimento de animais em processos altamente danosos.
Há já alguns anos que a União Europeia não permite a comercialização de produtos cosméticos que tenham sido testados em animais. Embora ainda seja um problema noutras partes do mundo e para muitas marcas, a crescente consciencialização relativamente a este assunto tem motivado a procura de alternativas.
Um exemplo cruel é o teste Draize, desenvolvido pelos toxicologistas da Food and Drug Administration John H. Draize e Jacob M. Spines, em 1944. Este consiste na toma ou aplicação de 0,5 ml ou 0,5 g, respetivamente, da substância a ser testada, aplicando-a no olho ou na pele rapada de um coelho. Depois de um tempo específico na área, o coelho é lavado e os investigadores verificam se ocorreu irritação.
Além de poder resultar em danos graves nos animais, o teste já foi considerado não científico por alguns profissionais: por um lado, há grandes diferenças entre os olhos dos coelhos e dos seres humanos e, por outro, os danos das substâncias são avaliados visualmente, tornando-os subjetivos.
Por ser reconhecidamente cruel, este e outros testes já foram proibidos em vários países e há também marcas a pôr de lado os testes de cosméticos em animais.
Pele impressa em 3D poderá salvar animais usados em testes
Apesar de ser amplamente utilizada em setores como o da medicina, a pele artificial é difícil de obter. Por isso, uma nova investigação estuda a possibilidade de imprimir uma pele em 3D, por forma a melhorar os processos de testagem em países que já eliminaram os testes em animais. Além disso, encontrar uma solução poderia motivar outros governos a tomar a mesma decisão.
A investigação chega-nos da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da Universidade de São Paulo (FCF-USP), no Brasil, que tenta, há vários anos, proibir totalmente os produtos cosméticos testados em animais.
Os investigadores verificaram se a pele impressa em 3D tinha a mesma morfologia que a pele humana in vivo. Viram que se tratava de facto de uma epiderme estratificada em quatro camadas.
Isto significa que tem as mesmas funções que a pele natural: pode proteger contra a irritação química e fatores de stress físico, como a radiação ultravioleta.
De tudo o que concluíram, os investigadores detetaram apenas um problema que precisa de ser estudado, de forma mais profunda: a utilização de agulhas para dispersão celular na pele poderia provocar respostas alteradas. Por exemplo, é possível que se possa gerar uma resposta inflamatória, que, em alguns casos, poderia interferir com o teste de cosmética.
Embora seja preciso reunir mais evidência, esta é, efetivamente, uma possibilidade e poderia ser o futuro dos testes de cosméticos, poupando os animais.
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