Os astronautas que viajam para o espaço são, pela envergadura do processo, robustos, em termos de saúde. Contudo, há infortúnios imprevisíveis e a possibilidade de se magoarem ou ficarem doentes é real. Assim sendo, numa estreia, médicos na Terra simularam uma cirurgia no espaço, num passo importante no sentido de tratar pessoas fora do planeta.
Além dos astronautas que fazem do espaço casa, também civis poderão, em breve, viajar para fora da Terra. Para todos, é essencial preparar uma série de parâmetros, assegurando a sobrevivência, desde alimentação e energia, até, por exemplo, cuidados de saúde.
Embora sejam pessoas fisicamente preparadas e saudáveis, quem viaja para o espaço não está livre de adversidades. Por isso, é preciso considerar, por exemplo, que podem ficar doentes ou sofrer acidentes que exijam intervenções mais complexas. Mesmo que haja um médio a bordo, o desventurado pode ser ele mesmo, comprometendo a prestação de cuidados.
Assim sendo, o spaceMIRA, um robô capaz de realizar cirurgias no espaço, tem sido apontado como um marco essencial para o futuro das viagens espaciais.
Um robô que opera no espaço com as mãos na Terra
Além de ter sido testado na Terra, a máquina realizou, agora, a sua primeira cirurgia no espaço, especificamente na Estação Espacial Internacional (em inglês, ISS). Para já, o robô realizou apenas uma cirurgia de teste, por via de uma série de elásticos que simularam o tecido humano, não envolvendo, ainda, qualquer astronauta.
O spaceMIRA tem o tamanho de um micro-ondas e foi transportado para a ISS, em janeiro, a bordo de um foguete da empresa SpaceX. O robô, que possui braços articulados capazes de manusear ferramentas ou cortar tecidos conforme necessário, não toma decisões. Por sua vez, estas são tomadas por cirurgiões que o operam a partir da Terra, através de um braço robótico conectado ao próprio, transferindo os movimentos para o espaço.
O robô, assim como a equipa de cirurgiões, é assinado pela empresa Virtual Incision. No total, participaram seis profissionais, revezando-se. Conforme partilharam, detetaram apenas uma desvantagem no processo: um pequeno atraso de 0,85 segundos nas comunicações entre o robô na ISS e a Terra. Ainda que aparentemente insignificante, é um delay relevante.
Uma máquina como o spaceMIRA poderá ter aplicações além da cirurgia no espaço. No futuro, pode ser levado para lugares remotos, permitindo intervenções urgentes, sem ser necessária a presença de médicos, que podem, por sua vez, estar a muitos quilómetros de distância.