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Nova moda dos cobertores pesados: ajudam mesmo a dormir melhor?

Se anda pelas redes sociais, já deve ter ouvido falar dos cobertores pesados, que prometem transformar as suas noites de sono, melhorando as insónias. Ao mesmo tempo que parecem transformadores, aparentam ser bons demais para ser verdade… Vamos tentar compreender se ajudam mesmo a dormir melhor.


Úteis para utilizar na cama, no sofá ou qualquer outro local onde o utilizador pretenda relaxar ou dormir, os cobertores pesados são, conforme indicado pelo nome, concebidos para serem mais pesados do que os cobertores normais. Existem dois tipos:

Estes cobertores pesados são comercializados como sendo verdadeiramente transformadores para aqueles que sofrem de insónias, ansiedade ou stress, prejudicando, por estes motivos, o seu sono.

Algumas marcas afirmam mesmo que os cobertores pesados podem ser úteis para acalmar as pessoas com Perturbações do Espetro do Autismo (PEA) ou Perturbação de Hiperatividade/Défice de Atenção (PHDA).

 

Como funcionam os cobertores pesados?

Para perceber como funcionam os cobertores pesados, temos de compreender as funções dos sistemas nervosos simpático e parassimpático. Ambos são ramos do sistema nervoso autónomo, que controla as ações involuntárias, como a respiração, os batimentos cardíacos ou a digestão.

Contudo, o sistema nervoso simpático aciona essas funções em situações de alerta, sendo chamado sistema de luta ou fuga, e sendo evolutivamente necessário, uma vez que nos prepara para enfrentar uma ameaça ou situação de stress; e o sistema nervoso parassimpático entra em ação quando ampliamos as ameaças, ou seja, mantemos os sintomas após a ameaça ter passado ou detetamos ameaças onde elas não existem.

Quando esta ampliação das ameaças acontece, o sistema nervoso parassimpático envia um sinal ao cérebro de que não existe realmente uma ameaça externa. Por sua vez, o cérebro amortece o sistema nervoso simpático, por exemplo, para reduzir a frequência cardíaca e respiratória e dar à digestão a energia de que necessita.

Um bom sistema nervoso parassimpático permite-nos ter um ritmo cardíaco calmo quando estamos em repouso e não existem ameaças externas.

O sistema nervoso parassimpático pode ser ativado de várias formas. Podemos fazer exercícios de respiração, ler um livro, dar um passeio na natureza…, ou seja, executar ações que digam ao nosso cérebro que estamos bem, que não há qualquer problema.

Se estas estratégias não funcionarem, há uma técnica que revelou ser eficaz: conhecida como toque de pressão profunda, ajuda a ativar o sistema nervoso parassimpático e consiste em pressionar o corpo suavemente – como num abraço.

Essa pressão pode ser conseguida de muitas formas, nomeadamente por via dos cobertores pesados.

 

Os cobertores pesados ajudam mesmo a dormir melhor?

Apesar de não serem vastos, já existem alguns estudos que exploram as diferentes utilizações dos cobertores pesados.

Um deles, publicado em 2020, testou o efeito de cobertores pesados no sono de pacientes com problemas de saúde mental, como a depressão. A equipa sueca verificou que as pessoas que utilizavam este tipo de cobertores registaram o seguinte:

Em 2024, um grupo de investigadores conduziu uma revisão da literatura científica, tendo em conta o estudo de 2020 e outros, que analisaram o papel dos cobertores pesados no tratamento da insónia e da ansiedade na população em geral, com especial incidência nos doentes com PEA e PHDA.

Após reunirem todos os resultados, os investigadores concluíram que a pressão dos cobertores ativa o sistema nervoso parassimpático e acalma os sintomas de ansiedade, ajudando a adormecer. Além disso, verificaram que são benéficos para gerir os sintomas de PHDA e PEA, especificamente.

Apesar do curto leque de estudos, no geral, os que existem indicam que os cobertores pesados podem, de facto, ajudar a dormir melhor.

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