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Nova análise ao sangue deteta o glioblastoma, cancro cerebral mortal, numa hora

Foi desenvolvido um novo dispositivo de análise ao sangue, acessível, para o diagnóstico precoce de um cancro cerebral mortal: o glioblastoma.


Os investigadores da Universidade de Notre Dame criaram um teste que pode detetar indícios de glioblastoma no espaço de uma hora. O dispositivo é fácil de utilizar e requer apenas uma pequena amostra de sangue (cerca de 100 microlitros de sangue).

A nossa técnica não é específica do glioblastoma, mas foi particularmente apropriado começar por ele devido à sua mortalidade e à falta de testes de rastreio precoce disponíveis. A nossa esperança é que, se a deteção precoce for mais viável, as hipóteses de sobrevivência aumentem.

Esclareceu Hsueh-Chia Chang, professor de Engenharia Química e Biomolecular na Universidade de Notre Dame e principal autor do estudo.

O glioblastoma é uma forma altamente agressiva e maligna de cancro do cérebro, e a maioria dos doentes diagnosticados vive apenas alguns meses após a deteção. Normalmente, a biopsia invasiva é a forma definitiva de diagnosticar o glioblastoma, implicando a recolha de uma amostra de tecido do tumor para ser examinada ao microscópio.

Assim sendo, esta nova análise ao sangue pode ser uma ferramenta valiosa para identificar o cancro do cérebro numa fase inicial, quando os sintomas começam a surgir. Isto, por via de um dispositivo automatizado.

A chave para esta tecnologia reside num minúsculo biochip que utiliza um sensor eletrocinético – aproximadamente do “tamanho de uma esfera numa esferográfica”. Esta técnica utiliza a eletricidade para mover partículas carregadas num fluido, permitindo várias aplicações, como o tratamento de solos contaminados.

No dispositivo de diagnóstico do glioblastoma, o sensor eletrocinético é utilizado para capturar e detetar vesículas extracelulares, que contêm biomarcadores associados à doença. Estes biomarcadores baseados em proteínas são conhecidos como Recetores do Fator de Crescimento Epidérmico (EGFR), que estão demasiado expressos no glioblastoma.

O biochip é considerado incrivelmente sensível e seletivo, o que lhe permite distinguir entre EGFR ativos e não ativos.

O comunicado de imprensa explica que os anticorpos do sensor podem ligar-se a várias vesículas extracelulares, aumentando a precisão da deteção. Depois disso, as nanopartículas de sílica atuam como repórteres, indicando a presença de EGFR ativos nas vesículas capturadas. Em particular, uma alteração da tensão assinala a presença de glioblastoma, associada à presença de vesículas extracelulares com EGFR activos.

O nosso sensor eletrocinético permite-nos fazer coisas que outros diagnósticos não conseguem.

Podemos carregar diretamente o sangue sem qualquer pré-tratamento para isolar as vesículas extracelulares, porque o nosso sensor não é afetado por outras partículas ou moléculas. [Além disso], apresenta um baixo nível de ruído, o que o torna mais sensível para a deteção de doenças do que outras tecnologias

Afirmou Satyajyoti Senapati, coautor do estudo.

Se este dispositivo for amplamente adotado, poderá abrir caminho à deteção precoce e os doentes poderão ter mais hipóteses de sobreviver.

No futuro, a equipa espera que esta tecnologia possa ser utilizada para detetar biomarcadores de outras doenças, como o cancro do pâncreas, as doenças cardiovasculares, a demência e a epilepsia.

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