O vidro foi uma invenção que mudou o mundo, e hoje não sabemos viver sem este material. A sua utilidade é cada vez mais tentacular à medida que melhora a resistência, espessura e qualidade. Agora, os cientistas desenvolveram um novo “vidro inquebrável” inspirado pela natureza. Isto é, o novo material é 3x mais forte e 5x mais resistente às fraturas.
Este “super vidro” foi desenvolvido por cientistas da Universidade McGill com inspirações vindas do mar!
Os cientistas da Universidade McGill desenvolvem vidros mais fortes e resistentes, inspirados pela camada interior das conchas dos moluscos. Em vez de se estilhaçar no impacto, o novo material tem a resiliência do plástico e poderia ser utilizado para melhorar os ecrãs dos telemóveis no futuro, entre outras aplicações.
Embora técnicas como a têmpera e a laminagem possam ajudar a reforçar o vidro, estas são dispendiosas e já não funcionam quando a superfície é danificada.
Até agora, existiam compensações entre alta resistência, tenacidade e transparência. O nosso novo material não é apenas três vezes mais forte do que o vidro normal, mas é também mais de cinco vezes resistente à fratura.
Explicou Allen Ehrlicher, professor do Departamento de Bioengenharia da Universidade McGill.
A natureza como mestre do design
Inspirando-se na natureza, o cientista criou um novo material composto por vidro e acrílico que imita o nácar ou a madrepérola. Conforme referem os responsáveis pelo projeto, a inspiração e o design poderão ser inputs vindos da própria natureza, visto que esta é maestrina em todos os planos.
Segundo os especialistas, estudar a estrutura dos materiais biológicos e compreender como funcionam oferece inspiração, e por vezes as plantas podem funcionar como novos materiais.
Surpreendentemente, o nácre tem a dureza de um material rígido e a durabilidade de um material macio, dando-lhe o melhor de dois mundos. É feito de pedaços rígidos de matéria semelhante a giz, estratificados com proteínas macias que são altamente elásticas. Esta estrutura produz uma resistência excecional, tornando-a 3000 vezes mais resistente do que os materiais que a compõem.
Disse Allen Ehrlicher.
Os cientistas pegaram na arquitetura da madrepérola e reproduziram-na com camadas de flocos de vidro e acrílico. Como resultado foi produzido um material excecionalmente forte, mas opaco que pode ser produzido de forma fácil e barata.
Posteriormente, avançaram com o desenvolvimento das técnicas aplicadas por forma a tornar o compósito oticamente transparente.
Ao afinarmos o índice de refração do acrílico, fizemo-lo misturar-se perfeitamente com o vidro para se conseguir um compósito verdadeiramente transparente.
Disse Ali Amini, investigador responsável pelo projeto.
Como próximos passos, a equipa pretende melhorar o material incorporando tecnologia inteligente que permita ao vidro mudar as suas propriedades, tais como cor, mecânica e condutividade.
Invenção perdida do vidro flexível
O vidro flexível é supostamente uma invenção perdida do tempo do reinado do Imperador Romano Tibério César. Segundo relatos históricos populares dos autores romanos Gaio Plínio Secundo e Petrónio, o inventor trouxe uma taça de bebida feita com o material perante o Imperador. Quando a tigela foi posta à prova para a partir, apenas amassou em vez de se partir.
Depois do inventor ter jurado ser a única pessoa que sabia como produzir o material, Tibério mandou executar o homem, temendo que o copo desvalorizasse o ouro e a prata porque poderia ser mais valioso.
Quando penso na história de Tibério, fico satisfeito pela nossa inovação material levar à publicação e não à execução.
Concluiu Ehrlicher.
Este material poderá tornar espaços mais iluminados com luz natural sem perder a resistência das estruturas. Além disso, poderá ser importante para, por exemplo, trazer aos smartphones um ecrã mais duro, mais flexível e que abra as opções de visualização.
Conforme sabemos, hoje o vidro é cada vez mais usado para substituir até materiais mais nobres. O futuro poderá ser de “madrepérola translúcida”.