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Mini-scanner portátil poderá revolucionar o diagnóstico de doenças como o cancro

Um avanço na miniaturização de um tipo de scanner que utiliza luz laser, em vez de raios-x nocivos, para ver sob a nossa pele com um detalhe sem precedentes, pode ajudar a revolucionar a imagiologia médica.


Cientistas da University College London (UCL) desenvolveram um dispositivo que é particularmente eficaz na obtenção de imagens dos vasos sanguíneos. É uma ferramenta fundamentalmente nova para o diagnóstico e gestão de doenças como a artrite, a diabetes e alguns tipos de cancro.

O mini-scanner recorre a uma técnica denominada Tomografia Fotoacústica que utiliza a luz laser e as ondas de ultra-sons que esta desencadeia em determinados tecidos, para obter uma imagem tridimensional da nossa biologia em tempo real.

 

Tecnologia melhorou uma técnica com 20 anos

Ainda que a técnica tenha mais de 20 anos, as versões anteriores exigiam vários segundos ou minutos para registar uma imagem. Segundo as informações partilhadas, a equipa conseguiu reduzir esse tempo para um segundo ou ainda menos.

Estes avanços técnicos tornam o sistema adequado para utilização clínica pela primeira vez, permitindo-nos observar aspetos da biologia humana e da doença que não tínhamos conseguido antes.

Explicou Paul Beard, médico e professor da UCL, que contribuiu para a investigação.

Pela rapidez com que opera, o dispositivo capta processos como o fluxo sanguíneo em tempo real. Segundo Paul Beard, “esta velocidade evita a desfocagem induzida pelo movimento, proporcionando imagens altamente pormenorizadas de uma qualidade que nenhum outro scanner pode proporcionar”.

Além disso, significa que, “em vez de demorar cinco minutos ou mais, as imagens podem ser adquiridas em tempo real, tornando possível a visualização de acontecimentos fisiológicos dinâmicos”.

Um teste do scanner que envolveu doentes com diabetes em fase inicial revelou novos conhecimentos sobre o baixo fluxo sanguíneo nos pés – um dos aspetos mais dolorosos e difíceis de tratar da doença.

Num dos nossos doentes, pudemos ver vasos lisos e uniformes no pé esquerdo e vasos deformados e irregulares na mesma região do pé direito, o que indica problemas que podem levar a danos nos tecidos no futuro.

Disse Andrew Plumb, um dos autores do estudo e professor associado de imagiologia médica na UCL, acrescentando que, até agora, os investigadores não tinham “conseguido ver exatamente o que está a acontecer para causar estes danos ou caraterizar a forma como se desenvolvem”.

Os responsáveis pelo mini-scanner esperam que a sua descoberta conduza a um dispositivo portátil para uso quotidiano em clínicas que evite o uso de raios-x nocivos ou ferramentas de imagiologia multimilionárias como a ressonância magnética.

 

Scanner pode ajudar no diagnóstico e o tratamento do cancro

Os tumores cancerígenos têm frequentemente uma elevada densidade de pequenos vasos sanguíneos que não se fazem notar noutras técnicas de imagiologia.

A imagiologia fotoacústica pode ser utilizada para ajudar os cirurgiões do cancro a distinguir melhor o tecido tumoral do tecido normal, visualizando os vasos sanguíneos no tumor, ajudando a garantir que todo o tumor é removido durante a cirurgia e minimizando o risco de recorrência.

Afirmou o Nam Huynh, da UCL Medical Physics and Biomedical Engineering, que ajudou a desenvolver o scanner.

Ainda que seja um dispositivo que preveem revolucionário, a equipa da UCL admitiu, num comunicado, que é necessário mais investigação com um grupo maior de doentes, por forma a demonstrar o potencial da tecnologia antes de esta estar pronta para ser desenvolvida para utilização de rotina em clínicas.

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