A Inteligência Artificial (IA) está a marcar fortemente o início de 2023. Esta nova ferramenta usada para auscultar o universo, apesar de não estar a tirar o fôlego aos cientistas, pode ser um auxílio poderoso na procura contínua de vida extraterrestre. Mas, o que descobriu é de facto de outro mundo?
Inteligência Artificial afasta os conceitos humanos na procura de vida ET
Procurar nos céus por OVNIs ou alienígenas é praticamente um passatempo americano, e ninguém o faz melhor do que o Instituto SETI (SETI significa Search for Extraterrestrial Intelligence). Este organismo, criado em 1984, tem como missão procurar nos céus sinais de rádio compostos por “tecnoassinaturas” não baseadas na Terra que possam pertencer à tecnologia extraterrestre.
Tais sinais – que podem indicar tecnologia de comunicação em uso, e portanto inteligência – são procurados por cientistas à procura de sinais de vida extraterrestre. Até agora, esta longa busca de décadas ainda não revelou nenhuma pista convincente, mas um novo artigo publicado na segunda-feira na revista Nature Astronomy espera mudar isso, utilizando a aprendizagem mecânica para resolver o problema.
Será que já fomos visitados no passado?
A questão é sempre o da qualidade da avaliação dos muitos dados que se recolhem dos sinais existentes no espaço. Nesse sentido, utilizando dados de telescópio recolhidos pela primeira vez em 2016, o algoritmo de aprendizagem automática analisou mais de 480 horas de dados de 820 estrelas e identificou oito sinais de interesse que os algoritmos anteriores não tinham detetado.
Segundo um dos autores da investigação, Peter Ma, estudante na Universidade de Toronto, embora a IA tenha sido aplicada aos dados de rádio do SETI no passado, esta nova abordagem tira a pesquisa completamente das mãos humanas.
Anteriormente as pessoas tinham inserido componentes ML [Machine Learning ou aprendizagem automática] em vários métodos para ajudar na investigação. Este trabalho baseia-se inteiramente apenas na rede neuronal sem qualquer algoritmo tradicional que a suporte e produziu resultados que os algoritmos tradicionais não captaram.
Explicou o cientista que desenvolveu a sua Inteligência Artificial.
Como já vimos exemplos do passado, o fluxo de dados de rádio do espaço exterior é um recurso abundante, mas também pode ser facilmente confundido com os nossos próprios sinais de rádio baseados na Terra. Segundo Peter Ma, os sinais de interesse que são conseguidos no meio desta confusão, são aqueles “de banda estreita, doppler à deriva, provenientes de alguma fonte extraterrestre”.
Por outras palavras, sinais de rádio que se movem e caem numa determinada gama de frequências. No entanto, a forma como estes sinais podem amadurecer ao longo do tempo ou da distância é ainda uma questão em aberto.
Procurar sinais extraterrestres é como procurar uma agulha num palheiro
Sim, o adágio parece ser esse mesmo. Procurar estes sinais nos dados pode realmente ser como procurar uma agulha num palheiro. Isso consome tempo e é enfadonho – mas é aí que a aprendizagem automática pode ajudar. O investigador e os seus colegas conceberam a sua rede neuronal para identificar e depois classificar o que “pensa” as características mais importantes dos dados SETI, ao mesmo tempo que tentam filtrar as interferências baseadas na Terra.
Para além de ser duas vezes mais rápido que os algoritmos tradicionais, Ma disse que a utilização de uma rede neuronal para estudar estes dados também permite um tipo de pensamento fora da caixa que os algoritmos ditados pelo homem lutam para alcançar.
Os algoritmos tradicionais operam num determinado conjunto de instruções por nós concebidas… assim, o algoritmo só descobrirá o que lhe dissermos para encontrar. A questão é que a natureza de um sinal ET não é completamente conhecida… Daí que a nossa abordagem proposta seja apenas a de o aprender.
Explicou o responsável pela investigação.
A rede neuronal foi capaz de encontrar oito sinais únicos escondidos nos dados que podem ser potencialmente de fontes extraterrestres, mas a investigação ainda não foi feita para os confirmar. E embora uma análise mais aprofundada possa ser capaz de confirmar estas fontes como não baseadas na Terra, isso não significa que os cientistas saberão exatamente a que tipo de tecnologia estão ligados, disse Ma.
Na melhor das hipóteses, estes sinais podem incluir informação incorporada sobre a engenharia da tecnologia ou mesmo uma coleção de tecnossinaturas de uma civilização alienígena.