As tatuagens deixaram há muito de ser meramente decorativas e tornaram-se numa ferramenta biomédica com grande futuro. Foi precisamente isso que uma equipa da Universidade Técnica de Munique conseguiu: pigmentos que permitem monitorizar facilmente a diabetes ou a insuficiência hepática a nível visual.
A longa história das tatuagens
Provavelmente, não se pode dizer que as tatuagens são tão antigas como a humanidade, mas de certeza de que têm pelo menos 5300 anos. Ötzi, um caçador neolítico de meados de 1991, tinha 61 tatuagens no seu corpo. É surpreendente, sim: mas é apenas o início de uma longa história que pode acabar por nos ajudar a resolver muitos problemas.
Nunca foi fácil explicar (cientificamente) como é que as tatuagens funcionam. Pensemos um pouco: as tatuagens são “para sempre”; no entanto, as células dérmicas não o são: de facto, estas células mudam várias vezes ao longo da vida. Porque é que a tinta não desaparece com elas, mesmo em tatuagens pequenas? O que é que se passa exatamente?
Nos últimos anos, os investigadores parecem estar convencidos de que o mistério das tatuagens reside nos macrófagos, um elemento central do sistema imunitário especializado em reconhecer, engolir e destruir células danificadas, mortas ou diferentes tipos de infeções. São, por assim dizer, os rufias do sistema imunitário: fazem o “trabalho sujo”.
Quando compreendermos o mecanismo subjacente às tatuagens, é mais fácil começar a pensar nelas como “biossensores dérmicos injetáveis”. Ou seja, como ferramentas minimamente invasivas para monitorizar os metabolitos presentes no fluido intersticial. Em termos simples: pensar em tatuagens que mudam de cor e que podem sinalizar os nossos níveis de glucose ou de albumina.
Foi precisamente isso que esta equipa da Universidade Técnica de Munique conseguiu: pigmentos que reagem com diferentes indicadores e que permitem monitorizar facilmente a diabetes ou a insuficiência hepática a nível visual (algo que poderia ser muito útil para crianças com diabetes tipo 1, por exemplo); mas combinados com um smartphone capaz de reconhecer e interpretar as tonalidades da tatuagem, é possível obter leituras quantitativas muito precisas sem necessidade de picadas de agulha.
Estas abordagens biotecnológica abrem portas muito interessantes à medida que aprendemos a ouvir e a visualizar as mensagens que o nosso próprio corpo nos envia.
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