Do tamanho de uma moeda de cêntimo, o implante tem apenas um 1 milímetro de espessura. O pequeno dispositivo liga-se à parte externa do estômago e utiliza a energia gerada pelo movimento deste órgão para dar a sensação de fome saciada.
Engenheiros da Universidade de Wisconsin-Madison, dos Estados Unidos, criaram um dispositivo muito engenhoso para controlar o peso.
“Ondas” do estômago dão energia ao dispositivo
Num artigo recente apresentado na revista Nature, engenheiros da Universidade de Wisconsin-Madison descrevem um dispositivo para ajudar na perda de peso.
Esta é uma tecnologia menos invasiva que a cirurgia (como, por exemplo, o bypass gástrico). É, contudo, potencialmente mais eficaz do que as dietas e regimes de exercícios, que a maioria das pessoas usa para perder peso.
Técnica testada em ratos de laboratório
Os cientistas testaram a técnica com ratos de laboratório. Chegaram à conclusão que o implante havia conseguido eliminar 38% do peso corporal dos roedores durante um período de 100 dias. Enquanto isso, ratos num grupo de controlo, que não receberam o implante ou tiveram implante simulado, não perderam qualquer peso.
Assim que comemos algo, o estômago começa a digerir e move-se numa forma de onda, e esse movimento ativa o nosso dispositivo. Não precisa de um programa. O corpo usa a sua própria função.
Referiu o autor Xudong Wang, que estuda sistemas nano elétricos e energia biomecânica na UWM.
Assim, sem margem para dúvidas, a obesidade é uma pandemia mundial crescente. Esta “doença” afeta mais de 90 milhões de adultos nos Estados Unidos e cerca de 650 milhões de adultos em todo o mundo.
Obesidade é uma pandemia que pode ser “curada”
De acordo com a Organização Mundial da Saúde, a obesidade está ligada a mais mortes do que abaixo do peso (exceto em partes da Ásia e da África).
Apesar de inúmeras intervenções cirúrgicas, de estilo de vida e medicamentos, a maior parte da obesidade continua sem tratamento. Dessa forma cresce a necessidade de investigação à procura de soluções seguras e baratas que as pessoas realmente usarão.
Mecanismo biológico que leva à perda de peso
Este novo dispositivo baseia-se num mecanismo biológico testado e comprovado para perda de peso. Dá-se uma alteração dos sinais enviados pelo estômago para o cérebro. É manipulado o nervo pneumogástrico, uma via de comunicação entre os dois órgãos.
Nos estudos em humanos e suínos, o bloqueio do sinal do nervo pneumogástrico resultou em significativa perda de peso e mudanças positivas no metabolismo energético e controlo do açúcar no sangue.
Existe um implante aprovado pela FDA , o sistema vBloc da ReShape Lifesciences. Este interrompe a comunicação entre o nervo pneumogástrico e o cérebro com um zap de alta frequência.
Há espaço para melhorias. O dispositivo rígido do tipo pacemaker depende de uma grande unidade de controlo e de baterias que exigem recarga frequente.
O dispositivo de Wang, por outro lado, não tem baterias, painel de controlo ou qualquer sistema eletrónico complicado.
Um retângulo flexível de polímeros em camadas, envolto num revestimento biocompatível, gera cerca de 0,1 a 0,5 volts a partir dos movimentos naturais do estômago.
Estômago é a “bateria” para o dispositivo
Desta feita, isso tem muito menos poder do que a maioria dos dispositivos dedicados à estimulação do nervo pneumogástrico, mas a equipa descobriu que era suficiente estimular o nervo (através de dois finos fios de ouro enrolados ao redor do nervo) para enviar sinais de plenitude ao cérebro.
Isso resultou numa resposta cerebral mensurável e perda de peso.
Além disso, os efeitos foram reversíveis. Quando os engenheiros removeram o dispositivo do estômago dos ratos, os padrões alimentares e as taxas de ganho de peso voltaram ao normal.
O dispositivo ficou estável e seguro dentro dos ratos durante o teste de 100 dias. Em seguida, a equipa planeia testá-lo em porcos, que têm uma massa corporal mais semelhante aos humanos.