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Cientistas provaram ser possível criar uma espécie de Internet de cérebros

Pode parecer arrojada a ideia do ser humano comunicar entre si apenas com o pensamento. Apesar de na ficção já se ter explanado essa “teoria”, a verdade é que os cientistas demonstram ser possível a comunicação direta entre cérebros nos humanos. Surpreendentemente, já se trabalha há algum tempo no patamar “Internet de cérebros” e o conceito dá agora mais um passo.

Poderemos estar a mexer numa caixa de pandora, onde o ganho é substancialmente menor que a perda.


Mas o que é a Internet dos cérebros?

Se pensarmos nas nossas capacidades, damos conta que desenvolvemos um riquíssimo repertório de comunicação. Assim, facilmente usamos os gestos e os sons para comunicar. Todas estas formas de comunicação ligam as pessoas, fazem delas seres sociais.

Agora, um novo estudo veio mostrar que é possível substituir as formas de comunicação tradicional e usar o cérebro.

Ligando diretamente um cérebro ao outro, numa espécie de Internet de cérebros, foi possível usar a atividade elétrica dos mesmos para transmitir comunicação. Nesse sentido, os sinais magnéticos transmitiram uma instrução para executar uma tarefa de uma determinada maneira.

 

Novas formas dos humanos se comunicar

Com a finalidade de abrir portas a novos e extraordinários meios de colaboração humana, os cientistas também querem debater as noções fundamentais sobre identidade individual e autonomia.

A comunicação direta cérebro-a-cérebro tem sido um assunto de intenso interesse desde há muitos anos. Na verdade, este tipo de “tecnologia” interessa a diversas áreas da sociedade, como, por exemplo, à área militar. Além disso, como já foi descrito, este salto futurista, a chamada “fusão da atividade cerebral humana”, poderá ser considerado o próximo estágio na evolução da nossa espécie.

No passo, os cientistas já conduziram estudos nesta linha de orientação. Ligaram os cérebros de vários ratos, usando elétrodos complexos implantados. Deram origem na altura ao conceito interfaces cérebro-a-cérebro.

 

Cérebros vivos como se fossem microprocessadores

Um dos autores com literatura nesta área, Miguel Nicolelis, com outros autores, descreveu esta conquista como o primeiro “computador orgânico” com cérebros vivos amarrados como se fossem microprocessadores. Os animais nesta rede aprenderam a sincronizar a atividade elétrica das suas células nervosas como se fossem um só cérebro.

Os cérebros em rede foram testados para coisas como a sua capacidade de discriminar entre dois padrões diferentes de estímulos elétricos, e eles rotineiramente superaram os animais individuais.

 

O Estudo da Internet de cérebros

No novo estudo, foram colocados em salas separadas três seres humanos para colaborarem entre os 3 num jogo do tipo Tetris. Assim, cada qual deveriam orientar os blocos para os encaixar. Dois indivíduos agiam como “emissores” de sinais (estes podiam ver o jogo), e um como “recetor”. Este último apenas tinha de escolher a orientação das peças.

Os “emissores” estavam ligados a eletroencefalógrafos (EEGs). Para enviar a mensagem ao “recetor” sobre a orientação da peça, focavam num flash de luz a determinada frequência. As diferenças nas frequências causavam diferentes respostas cerebrais.

Posteriormente, um impulso magnético era enviado ao “recetor” usando estimulação magnética transcraniana (EMT). Dependendo do sinal, este último virava ou não a peça. A partir desse momento, todos viam o resultado do jogo, o que deixava os “emissores” saberem se o “recetor” fez o movimento correto, medindo assim a eficácia da comunicação. Com a perceção do que fizeram, posteriormente podiam melhorar a sua performance.

 

Brainet poderá ser um futuro assustador

Este estudo e o seu desempenho foi sendo melhorado. Para isso, e com o intuito de aumentar o desafio, os investigadores por vezes adicionavam alguma “interferência” ao sinal enviado pelos “emissores”. Nesse sentido, os “recetores” ficavam confusos com as informações ambíguas.

Por consequência e de forma rápida, estes aprendiam a identificar e a seguir as instruções mais confiáveis. Ao todo, cinco grupos de indivíduos foram testados na rede chamada de “Brainet,” e tiveram mais de 80% de eficácia em completar a tarefa.

 

Valores éticos se levantam

Apesar deste estudo ser menos invasivo que outros como o da DARPA, também levanta preocupantes questões éticas. Por exemplo, poderia uma interface ou rede cerebral deste tipo ser usada para coagir uma pessoa a fazer algo que não queira, invadindo o seu senso de agência?

Será que esta tecnologia poderia ser usada para extrair informações confidenciais, invadindo a privacidade do indivíduo? De forma geral, poderia atrapalhar o senso pessoal (senso do “eu”) de um ser humano?

Uma das nuances da linguagem humana é que muitas vezes o que não é dito é tão importante como o que é. Assim, o conteúdo oculto na privacidade da mente é o núcleo da autonomia individual.

Em síntese, podemos ter uma nova forma de comunicar, mas esta poderá também ser a maneira de mudar o individuo.

 

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