Investigadores descobriram que a estimulação de um nervo específico pode ajudar os doentes a manter os mecanismos críticos de coagulação do sangue, funcionando como uma espécie de “torniquete neural”.
A hemorragia cirúrgica continua a ser um desafio médico significativo, pelo que a medicina carece de uma solução. Os métodos tradicionais, como suturas e torniquetes, são eficazes, mas tratam a hemorragia após esta ocorrer.
Com uma espécie de “torniquete neural”, que poderia prevenir as hemorragias proativamente, os investigadores podem revolucionar como os profissionais de saúde abordam os riscos cirúrgicos, bem como reduzir as hemorragias em geral.
O cirurgião de trauma que lidera a investigação, Jared Huston, explicou o processo em que se baseia este “torniquete neural”. A chave para este é o nervo vago, uma via neural complexa que liga o cérebro a vários órgãos.
Ao enviar um impulso elétrico preciso para o nervo, os cientistas conseguem desencadear uma resposta biológica notável. Estudos iniciais mostram que esta técnica pode reduzir os riscos de hemorragia de forma mais eficaz do que os métodos tradicionais.
Segundo o cirurgião, quando o nervo vago recebe estimulação elétrica, ativa as células imunitárias no baço. Estas células ativadas levam as plaquetas a reagir melhor a potenciais lesões, preparando essencialmente a defesa natural do corpo contra a perda de sangue.
A investigação começou com testes em ratos e porcos, nas quais os investigadores observaram reduções significativas na hemorragia após a estimulação do nervo.
Os ensaios subsequentes em humanos confirmaram resultados semelhantes. Os voluntários que receberam estimulação nervosa específica mostraram um aumento dos marcadores de ativação de plaquetas nas suas amostras de sangue.
Com este método, os cirurgiões poderão ser capazes de administrar uma breve estimulação nervosa antes de procedimentos planeados, à semelhança do que fazem atualmente com antibióticos preventivos ou medicamentos para a dor.
Esta abordagem poderia proporcionar uma camada adicional de proteção aos doentes submetidos a cirurgia.
Apesar de promissor, os investigadores advertem que são necessários ensaios clínicos mais alargados, uma vez que os cientistas precisam de confirmar a consistência e a eficácia da técnica em vários cenários médicos, como se pode ou não ajudar em caso de hemorragia interna.
A próxima fase da investigação centrar-se-á no teste do método em contextos clínicos reais.