Chama-se WASP-189b e está a localizado a 322 anos-luz da Terra. Este exoplaneta chamou à atenção dos astrónomos pela sua atmosfera exótica. Esta descoberta foi possível, recorrendo à espectroscopia de alta resolução.
O conhecimento adquirido sobre o gás quente que envolve o planeta semelhante a Júpiter é importante para a compreensão dos planetas semelhantes à Terra.
WASP-189b, o exoplaneta que tem atmosfera exótica como a da Terra
WASP-189b é um planeta para lá do nosso Sistema Solar, com uma temperatura diurna de 3200 graus Celsius. O planeta está muito próximo da sua estrela hospedeira, com um ano que dura 2,7 dias, que é o tempo que leva para o planeta completar uma órbita em torno da estrela.
Este exoplaneta é talvez o mais extremo dos cerca de 4300 exoplanetas – planetas em sistemas que não o nosso – que foram confirmados até à data.
Desde que foi observado em 2020 pelo satélite Cheops que tem sido alvo de interesse para os astrónomos. Num novo estudo publicado na revista Nature Astronomy, surgem novos factos sobre o escaldante gigante gasoso.
Utilizámos um espectrógrafo de alta resolução para recolher luz estelar da estrela hospedeira, numa altura em que a luz também passava pelo invólucro de gás do exoplaneta. Depois de extrairmos as partes relevantes do espectro, conseguimos ligar pelo menos nove variantes de substâncias conhecidas à atmosfera de WASP-189b.
Diz Bibiana Prinoth, estudante de doutoramento em astronomia na Universidade de Lund e líder do estudo.
A descoberta principal é que a atmosfera de WASP-189b contém óxido de titânio, que até agora não podia ser detetado com certeza na atmosfera de um gigante gasoso ultra-quente. Além do óxido de titânio, os investigadores encontraram os seguintes elementos: ferro, titânio, crómio, vanádio, magnésio e manganês.
No entanto, não é só isto que se destaca: ao estudar as chamadas posições de linha para cada elemento na atmosfera, os investigadores puderam observar que estas variavam. Isto mostrou que WASP-189b tem um tipo de atmosfera em camadas onde a química tridimensional, os efeitos térmicos e a dinâmica sob a forma de ventos desempenham um papel importante.
No passado, só foi possível analisar as atmosferas deste tipo de exoplaneta com modelos unidimensionais. No nosso estudo, preparamos o caminho para a utilização de espectrógrafos de alta resolução para obter uma compreensão muito mais profunda das atmosferas exoplanetárias.
Disse Bibiana Prinoth.
A caracterização das atmosferas dos exoplanetas tornou-se uma importante área de investigação em astronomia e astrofísica. Agora que as ferramentas técnicas estão prontas, será possível aos cientistas comparar em detalhe a composição química em diferentes tipos de atmosferas exoplanetárias, mesmo quando se trata de corpos celestes mais frios e mais semelhantes ao nosso próprio planeta.
Perguntam-me frequentemente se penso se a minha investigação é relevante para a procura de vida noutros locais do Universo. A minha resposta é sempre sim. Este tipo de estudo é um primeiro passo nesta busca.
Conclui Bibana Prinoth.