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Ciência em Portugal: criada na FCUP uma tatuagem que mede dados corporais

Por aqui, muito vemos do que se passa lá fora, com inovações tecnológicas, em robótica e medicina verdadeiramente impressionantes. Contudo, por cá, a investigação e a ciência avançam, também. Recentemente, investigadores da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (FCUP) revelaram uma tatuagem eletrónica capaz de medir dados corporais. Um dispositivo vestível “Made in Portugal”.


Num estudo pioneiro publicado na revista Advanced Science, cientistas da FCUP descrevem esta nova tecnologia como uma rede micrométrica de sensores termoelétricos flexíveis impressos em papel de tatuagem temporária.

Solução inovadora, com aplicação idêntica à das tatuagens temporárias usadas pelas crianças, permite detetar, por exemplo, inflamações na pele.

Lê-se, numa publicação, que explica que a e-tatuagem termoelétrica – que gera energia através do calor -, de uso temporário, é capaz de mapear, em tempo real, a temperatura em vários pontos da pele.

Desta forma inovadora, futuramente, será possível medir a temperatura sem necessidade de imobilização do paciente, com maior precisão e sem recurso aos tradicionais medidores de temperatura externos, como o termómetro.

Conforme explicado, a e-tatuagem “fica ligada, através de pequenos fios elétricos extremamente finos, a um sistema de microprocessador que analisa o sinal, realiza as medições e grava a informação de forma contínua, com a ajuda da Inteligência Artificial – o que permite uma maior sensibilidade e um mapeamento mais preciso da temperatura”.

O microprocessador tem a capacidade de enviar os dados, por exemplo, via Bluetooth, para um computador ou telemóvel.

Os sensores utilizam materiais sustentáveis termoelétricos do tipo p e n – especificamente materiais Bi-Te – combinados com o polímero Poli(Álcool Vinílico) (PVA), resultando em filmes flexíveis que podem ser “alojados” na pele humana.

Atualmente, os dispositivos convencionais para detetar variações de temperatura, como termómetros ou câmaras de infravermelho, apresentam limitações, como a necessidade de imobilizar o paciente e a incapacidade de mapear a temperatura da pele de forma contínua.

A nossa e-tattoo termoelétrica oferece uma solução não invasiva para uma monitorização mais precisa e contínua da temperatura corporal, sem causar desconforto ao paciente.

Explicou André Pereira, docente e investigador da FCUP, líder deste trabalho.

Além da aplicação na medição e monitorização da temperatura do corpo, a equipa da FCUP desenvolveu, também, tatuagens para a medição mais precisa da frequência cardíaca, substituindo o sistema de ventosas.

 

Tatuagem poderá chegar ao mercado nos próximos cinco anos

Uma vez que foram utilizadas técnicas de impressão usadas industrialmente, o processo de transição do laboratório para processos de fabricação industriais será simplificado.

As simulações e testes realizados confirmaram a eficácia dos sensores produzidos, validando a correlação entre a sensibilidade à temperatura, a condutividade elétrica e o coeficiente de Seebeck – que quantifica a capacidade de um material em converter diferenças de temperatura em voltagem elétrica – dos materiais utilizados.

Acreditamos que esta tecnologia pode ter um impacto significativo na deteção precoce de condições médicas, será barato e acessível para toda a comunidade, melhorando a qualidade de vida das pessoas.

Partilhou Ana Pires, investigadora da FCUP e coordenadora deste trabalho.

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