A WIRED conta tudo sobre a história horrível de como os macacos da Neuralink realmente morreram. Elon Musk diz que nenhum primata morreu como resultado dos implantes da Neuralink. Contudo, uma investigação revela agora os detalhes macabros das suas mortes, uma vez que as autoridades norte-americanas foram convidadas a investigar as alegações de Musk.
Os documentos divulgados pela WIRED indicam que os macacos usados pela Neuralink sofreram danos com o implante de um chip no cérebro e foram sacrificados. Segundo o registo, os animais sofreram várias complicações, como diarreia com sangue, paralisia parcial e edema cerebral.
A Neuralink é uma das empresas de Elon Musk cujo objetivo é ligar o cérebro humano aos computadores. A ideia do multimilionário é monitorizar a atividade de milhares de neurónios, permitindo o download das informações para um dispositivo.
Com esta tecnologia, a empresa planeia encontrar tratamento para condições como a cegueira e a paralisia cerebral, além de alcançar a telepatia humana. Para isso, a empresa desenvolveu um chip ICC (Interface Cérebro-Computador), cujos testes começaram a ser feitos em macacos há alguns anos.
Animais sacrificados em nome da evolução?
Segundo a publicação online, o documento mostra que um macaco macho foi sacrificado entre 2019 e 2020. O motivo: o chip implantado no seu cérebro soltou-se. Além desse, um outro macaco também apresentou problemas com o chip. De acordo com as informações, o chamado Animal 15 “começou a pressionar a cabeça contra o chão sem motivo aparente” dias após receber o implante.
Depois, ele perdeu a coordenação. Além disso, a equipa percebeu que o macaco tremia assim que via os trabalhadores do laboratório. A sua condição piorou durante meses até que a equipa finalmente o eutanasiou. No relatório da autópsia, os investigadores relatam que o Animal 15 teve hemorragia no cérebro e que os implantes da Neuralink deixaram partes do seu córtex cerebral desgastadas.
Os documentos foram obtidos pelo Comité de Médicos pela Medicina Responsável (PCRM), que é uma organização norte-americana sem fins lucrativos que defende a não utilização de animais vivos em testes. O PCRM processou a Universidade da Califórnia Davis para obter os documentos, que agora se tornaram públicos.
Além disso, o comité também apresentou uma queixa ao Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) alegando que as práticas da Neuralink violam a Lei de Bem-Estar Animal.
Esta não é a única acusação que a Neuralink enfrenta. A empresa também é investigada pelo Departamento de Transporte dos EUA sob denúncia de transporte ilegal dos chips contaminados que removeram dos cérebros dos macacos.
Neuralink vai implantar em humanos
Recentemente, antes da divulgação dos documentos, Elon Musk pronunciou-se dizendo que “nenhum macaco morreu como resultado de um implante da Neuralink”. Além disso, face às reclamações do uso de animais vivos para testes, o homem mais rico do planeta alegou que os macacos que receberam o implante cerebral eram animais já próximos da morte. Contudo, um ex-funcionário da empresa relatou à WIRED que a afirmação é falsa.
Na última terça-feira (19), a Neuralink anunciou o início de testes com implantes de chips cerebrais em humanos. A empresa recebeu em maio a aprovação para os testes da FDA (Food and Drug Administration), agência reguladora americana.
Como primeiros voluntários para um ensaio clínico de seis anos, a Neuralink procura pessoas com tetraplegia causada por lesões vertebro-medulares ou por esclerose lateral amiotrófica (ELA).
O Estudo PRIME pretende investigar três pontos. O primeiro é o implante do N1, o dispositivo cérebro-computador. O segundo é a aplicação do utilizador N1, o software que se liga ao N1 e traduz os sinais cerebrais em ações no computador. E, por fim, o estudo procura testar o robô R1, o robô cirúrgico que irá implantar o dispositivo.
Os investigadores já testam há muito tempo implantes que permitem que pessoas com paralisia controlem computadores e outros dispositivos. No entanto, as polémicas que envolvem a empresa de Elon Musk causam alarde em todo o mundo.