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Cancro do pulmão: medicamento reduz para metade o risco de morte

É um resultado notável. Num ensaio clínico apresentado neste domingo, um comprimido demonstrou reduzir para metade o risco de morte por um determinado tipo de cancro do pulmão quando tomado diariamente após uma cirurgia para remover o tumor.


O cancro do pulmão é a forma da doença que causa mais mortes, com cerca de 1,8 milhões de vítimas mortais por ano em todo o mundo. Em Portugal, a Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que em 2020 foram diagnosticados, no nosso país, 5.284 novos casos de cancro do pulmão, representando a terceira neoplasia mais frequente em Portugal, embora a primeira em termos de mortalidade.

 

Grandes avanços no combate ao cancro do pulmão

Neste domingo passado, foram revelados em Chicago, na maior conferência anual de especialistas em cancro, organizada pela Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) os resultados de um novo medicamento.

O tratamento desenvolvido pelo grupo farmacêutico AstraZeneca chama-se osimertinib e é comercializado sob o nome de Tagrisso. Tem como alvo um tipo específico de cancro do pulmão em doentes que sofrem do chamado cancro de células não pequenas, o tipo mais comum, e que apresentam um tipo específico de mutação.

Estas mutações, no chamado recetor do fator de crescimento epidérmico, ou EGFR, afetam 10 a 25% dos doentes com cancro do pulmão nos Estados Unidos e na Europa e 30 a 40% na Ásia.

O ensaio clínico incluiu cerca de 680 participantes numa fase inicial da doença (estádios 1b a 3a), em mais de 20 países. Os participantes tinham de ter sido operados primeiro para remover o tumor, depois metade dos doentes tomou o tratamento diariamente e a outra metade um placebo.

Os resultados mostraram que a toma do comprimido resultou numa redução de 51% do risco de morte nos doentes tratados, em comparação com o placebo. Após cinco anos, 88% dos doentes que tomaram o tratamento ainda estavam vivos, em comparação com 78% dos doentes que tomaram o placebo.

Estes dados são “impressionantes”. O medicamento ajuda a “evitar que o cancro se espalhe para o cérebro, para o fígado, para os ossos”.

Afirmou Roy Herbst, da Universidade de Yale, que os apresentou em Chicago.

Herbst disse também que cerca de um terço dos casos de cancros de células não pequenas podem ser operados quando detetados.

 

Osimertinib já está no mercado

O osimertinib já está autorizado em dezenas de países para várias indicações e já foi administrado a cerca de 700 000 pessoas, segundo um comunicado de imprensa da AstraZeneca.

Começámos a entrar na era da terapia personalizada para os doentes em fase inicial. Devemos fechar firmemente a porta ao tratamento único para as pessoas com cancro do pulmão de células não pequenas.

Disse Nathan Pennell, da Cleveland Clinic Foundation, na conferência de imprensa.

A sua aprovação nos Estados Unidos para as fases iniciais em 2020 baseou-se em dados anteriores que mostravam uma melhoria na sobrevivência livre de doença dos doentes, ou seja, o tempo que um doente vive sem uma recorrência do cancro. Herbst referiu que nem todos os médicos adotaram o tratamento e muitos estavam à espera dos dados sobre a sobrevivência global que foram apresentados no domingo.

O Dr. Herbst sublinhou a necessidade de fazer o rastreio dos doentes para saber se têm a mutação EGFR. Caso contrário, disse, “não podemos utilizar este novo tratamento”.

O osimertinib, que tem como alvo o recetor, causa efeitos secundários que incluem fadiga grave, erupções cutâneas ou diarreia. Portanto, são excelentes notícias.

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