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Balões detetam sons misteriosos na estratosfera. Cientistas não conseguem explicar

Balões movidos a energia solar registaram sons misteriosos na estratosfera, abaixo da audição humana. O crepitar desconhecido pode ser o som de trovoadas distantes, queda de meteoros ou turbulência. Mas a verdade é que ainda são um mistério para os cientistas. Que som é este?


Som misterioso está a intrigar cientistas

Danny Bowman, geofísico dos Sandia National Laboratories, envia telemóveis para a estratosfera a bordo de balões de ar quente movidos a energia solar. Estes balões ouvem a Terra a uma dúzia de quilómetros de altitude, mas não em frequências que o ouvido humano possa detetar. Estão a gravar em infrassons – abaixo do alcance da audição humana.

Captam o som das cidades a fervilhar lá em baixo, o estrondo dos terramotos, o girar das turbinas eólicas e um misterioso crepitar que os cientistas ainda não conseguem identificar.

No domínio do infrassom, o nosso planeta é muito rico. Acho que é uma das razões pelas quais os humanos não conseguem ouvir o infrassom. Ficaríamos loucos se conseguíssemos.

Disse Bowman ao Insider.

Tomemos como exemplo o som do oceano, que se pode ouvir ao lado do som misterioso na gravação abaixo. Trata-se de 19 dias de gravações de infrassons, aceleradas 4.400 vezes.

https://pplware.sapo.pt/wp-content/uploads/2023/05/som_oceano_misterio.mp3?_=1

Se estivermos atentos, podemos perceber que se ouve o som das ondas do mar a bater, bem longe, lá em baixo. É o som do suspiro ao fundo. Agora imagine que os nossos ouvidos conseguiriam ouvir estes som, e estando o humano tão perto da fonte, o nível sonoro seria como se os estivéssemos a ouvir num documentário na TV e sempre continuamente durante dias. Era de loucos, verdade?

Agora atente que no meio desse som, contudo, os cientistas descobriram um turbilhão de estalidos e ruídos. Esse é o som misterioso.

Pode ser turbulência, trovoadas distantes ou meteoros a arderem enquanto caem na atmosfera. De acordo com Bowman, este ruído também apareceu no último programa de balões de infrassons na década de 1960.

Há 50 anos que os captamos e continuamos a captá-los, e ainda não sabemos o que é.

Disse Bowman.

Nesta jornada de enviar balões para “escutar” a Terra a partir do cimo, Bowman refere que quase todos estes voos captam sons não identificados.

Não é que haja algo inerentemente misterioso ou profundamente diferente lá em cima. É mais devido à nossa própria ignorância.

Referiu o geofísico.

Um balão de ar quente movido a energia solar dos Sandia National Laboratories levanta voo, transportando um localizador GPS e um sensor de infrassons reutilizável. Créditos: Sandia National Laboratories

 

Misterioso e secreto mundo dos infrassons com balões

O mundo do infrassom é vasto e, em grande parte, não está mapeado. Nas partes mais baixas da atmosfera, o som curva-se para cima, pelo que a estratosfera é o local perfeito para ouvir os sons ocultos do planeta – mesmo a partir de acontecimentos a milhares de quilómetros de distância.

Conforme refere a publicação, Bowman começou a utilizar estes balões para ouvir os estrondos dos vulcões, na esperança de contribuir para os compreender melhor e talvez até melhorar os sistemas de alerta precoce de erupções. Mas acontece que há ainda mais para ouvir na estratosfera.

Qualquer pessoa pode enviar balões de escuta, apesar de estes balões terem ficado com má reputação depois do Pentágono ter abatido pelo menos um deles por suspeitar que se tratava de um balão espião chinês. Contudo, Bowman quer ver mais pessoas a enviar estes balões estratosféricos de registo de infrassons.

 

Quantos mais olhos e ouvidos existirem lá em cima, mais aprendemos

O cientista calcula que a sua equipa de investigação tenha enviado 100 destes balões, cada um feito com apenas 50 dólares de materiais que se podem comprar numa loja “ao virar da esquina”.

Os balões meteorológicos são frequentemente concebidos para subir muito, recolher dados durante todo o percurso, até rebentarem e caírem de paraquedas no solo. No entanto, para recolher gravações de som, Bowman precisa que os seus balões fiquem na estratosfera. Além disso, também é necessário que se movimentem à velocidade do vento, para que este não passe a rugir e abafar os ruídos ténues que ele quer captar.

É por isso que ele constrói os seus balões de ar quente com material escuro que absorve a energia do sol, mas apenas o suficiente para subir à estratosfera e lá permanecer.

Os nossos balões são basicamente sacos de plástico gigantes com um pouco de pó de carvão no interior para os tornar escuros. Construímo-los recorrendo ao plástico que se pode encontrar num drogaria, fita adesiva e pó de carvão das lojas de artigos pirotécnicos. Quando o sol incide sobre os balões escuros, o ar no interior aquece e torna-se flutuante.

Explicou num comunicado de imprensa.

Ao pôr do sol, o balão arrefece e volta a descer. Com o balão sobe também um telemóvel antigo que serve para gravar o infrassom com a aplicação RedVox e enviá-lo para a estratosfera.

O cientista diz que não tem de se preocupar para onde ele vai, apenas é crucial que a autoridade para a aviação seja contactada e informada do lançamento do balão. Tudo isto para não haver certos mal entendidos.

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