Um dia vai acontecer e isso é tão certo como o nascer do Sol ou a dança das marés. A Terra haverá de ficar no caminho de outra grande rocha vinda do espaço e o impacto será catastrófico. Já aconteceu há milhares de milhões de anos no passado e continuará a acontecer durante milhares de milhões de anos no futuro. Contudo, os asteroides perigosos que conhecemos, não serão uma preocupação nos próximos mil anos. O problema poderão ser os outros!
Nós humanos estamos com sorte
Até agora, a humanidade tem tido sorte, pois não teve de enfrentar uma ameaça tão catastrófica. Mas se quisermos sobreviver neste planeta a longo prazo, teremos de aceitar a realidade dos asteroides perigosos e arranjar uma forma de nos prepararmos para tal.
Organizações de todo o mundo continuam a monitorizar os céus. Estão a criar mapas e catálogos de todos os objetos potencialmente perigosos próximos da Terra, ou NEOs. Obviamente, as rochas maiores representam uma ameaça maior, mas felizmente são menos numerosas. E, embora o nosso censo de NEOs perigosos não esteja completo, temos mapas fiáveis de quase todos os asteroides potencialmente perigosos com mais de um quilómetro de diâmetro.
Isto é útil, para dizer o mínimo, porque os asteroides à escala do quilómetro têm o potencial não só de destruir cidades inteiras, mas também de causar danos ecológicos significativos em todo o mundo.
Impacto com um asteroide: não podemos dar nada como certo
Para estimar o risco que estes grandes NEOs representam, uma equipa de astrónomos previu as suas órbitas para os próximos mil anos. A sua análise sugere que nenhum destes NEOs à escala de um quilómetro representa um risco significativo para nós durante o próximo século.
No entanto, temos dificuldade em prever as órbitas destes NEOs depois disso. Isto deve-se ao facto de, na dinâmica orbital, pequenas alterações poderem conduzir a grandes efeitos em escalas de tempo enormes. Uma ligeira diferença na quantidade de calor que um asteroide recebe do Sol, ou um empurrão inesperado de Júpiter, pode enviar um asteroide numa trajetória que, dentro de alguns milhares de anos, acaba por intersectar a Terra.
Os astrónomos estudaram o encontro mais próximo possível entre os NEOs perigosos conhecidos e a Terra. Examinaram particularmente a forma como esta distância mais próxima se altera ao longo de centenas e milhares de anos. Fizeram-no através de uma série de simulações que mapearam o maior número possível de trajetórias orbitais, dadas as incertezas nas atuais posições orbitais e velocidades dos NEOs.
Fiquemos de olho no Asteroide 7482
Os investigadores identificaram um NEO em particular, o Asteroide 7482, como especialmente perigoso. Este asteroide passará uma quantidade significativa de tempo perto da Terra durante o próximo milénio. Embora isso não signifique necessariamente que irá atingir o nosso planeta, significa que esta rocha apresenta a maior probabilidade de colisão nos próximos mil anos.
Os investigadores também destacaram outro asteroide, o Asteroide 143651, que tem uma órbita tão caótica que é impossível prever a sua posição exata após algumas décadas. Assim, embora possa ou não representar uma ameaça, com base no conhecimento atual da sua posição e velocidade, não é possível afirmar nada com certeza.
No total, os astrónomos identificaram 28 candidatos que têm uma probabilidade diferente de zero de um “encontro profundo”, o que significa que passarão a uma distância inferior à da Lua.
Nenhum destes objetos poderá atingir a Terra nos próximos cem ou mil anos, mas se quisermos sobreviver a longo prazo, temos mesmo de lhes prestar atenção.